Brasília - Deputadas federais eleitas por Minas Gerais também estão sofrendo ameaças anônimas. As denúncias seguem aquelas feitas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nas últimas semanas. Mesmo sendo o primeiro e único estado a ter uma lei própria contra violência política de gênero, Minas tem testemunhado uma escalada de agressões contra mulheres parlamentares, deixando marcas não apenas na história, mas de terror sentido pelas deputadas eleitas pela população para serem suas representantes.

A bancada mineira na Câmara tem 53 parlamentares, sendo nove mulheres. O Estado de Minas conversou em Brasília com as deputadas Ana Pimentel (PT) e Delegada Ione Barbosa (Avante), ambas de Juiz de Fora, na Zona da Mata, que relataram ter sofrido ataques de gênero.

Segundo Ana Pimentel, que assim como Ione está em seu primeiro ano de mandato, a violência de gênero cada vez mais vem sendo usada com objetivos políticos. “Existem ameaças diretas que recebemos todos os dias – estupro e morte – que já são recorrentes. Mas também existem ameaças explícitas, por exemplo, quando fazemos uma fala pública na tribuna, é comum recebermos piadas, risadas e xingamentos”, conta.

“Alguns deputados homens se juntam para nos coagir, gritando enquanto estamos falando. E acho importante que a população saiba que nós, deputadas mulheres, somos vítimas diárias pelo nosso gênero. É importante lembrar que muitas vezes nossas características físicas são colocadas em debate público, falando sobre a roupa que usamos, sobre a forma como falamos e nos comportamos”, acrescenta.