O senador Sergio Moro, que foi juiz da Operação Lava Jato, figura que contribuiu significativamente para um período de intensa turbulência política e econômica no Brasil, agora apela por uma pacificação nacional. "Eu creio que o Brasil precisa de uma pacificação. Eu não preciso tratar como inimigo quem diverge de mim. O país nada ganha com essa polarização extremada e esse sentimento de revanchismo", disse ele, em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

A Lava Jato, sob sua liderança, foi responsável por cerca de 4,1 milhões de demissões no setor de engenharia, acarretando em um vasto desemprego e contribuindo para a deterioração do cenário político que facilitou a ascensão do fascismo bolsonarista. Moro, atualmente enfrentando investigações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), expressou que a auto-restrição do STF é necessária e que o excesso em defesa da democracia já não se justifica. Ele destacou a importância de se evitar a polarização e o revanchismo, apesar de ser uma figura central nos processos que intensificaram essas divisões.

Na entrevista, Moro defendeu as ações da Lava Jato, argumentando que a operação expôs a corrupção e recuperou bilhões para os cofres públicos. No entanto, reconheceu os efeitos colaterais negativos, incluindo o impacto devastador no emprego e a polarização política resultante. Além disso, discutiu sua perspectiva sobre as eleições de 2026, a possibilidade de anistia a Jair Bolsonaro e a atual dinâmica entre o STF e o Congresso. "Existe algum risco de golpe, de destruição de alguma instituição? Existe risco à democracia atualmente? Nós vamos ficar em permanente estado de exceção por conta do que eventualmente poderia ter acontecido lá em 2022?", questionou.

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