As entrevistas do vice-presidente Hamilton Mourão em que ele afirmou que o chanceler Ernesto Araújo, considerado por especialistas "o pior diplomata do mundo", poderá vir a ser demitido, foi lida por especialistas como um recado à sociedade, sobre como ele agiria se fosse presidente da República, segundo informa a coluna política do Estado de S. Paulo.

"Hamilton Mourão concedeu duas entrevistas importantes em menos de 24 horas e, em uma delas, 'demitiu' o chanceler Ernesto Araújo, seu desafeto. O entorno do vice-presidente enxergou movimento dele para 'marcar posição' e mostrar, claramente, que Mourão, em alguns casos, discorda de Jair Bolsonaro. Segundo um aliado do general, Mourão é um ativo mal utilizado pelo governo e poderia estar ocupando papel mais importante na busca por estabilidade da gestão de Bolsonaro (se é que o presidente ainda busca algum tipo de estabilidade)", aponta a coluna.

"O 'marcar posição' de Mourão também pode ser lido de outra forma: a sociedade e os políticos precisam ter ao menos uma ideia de como ele agiria se fosse o presidente", prossegue ainda a coluna. "Governistas admitem que, se Mourão falou que o chanceler será demitido, é mais provável que Bolsonaro mantenha Araújo no cargo. Ainda mais depois dos gritos de 'mito' proferidos pelo ministro enquanto o presidente dava mais um show de quebra de decoro".