Rede Brasil Atual - Os advogados de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pegaram na segunda-feira (11) o material da operação spoofing, que traz as mensagens hackeadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato.

Segundo reportagem de Tiago Angelo, do Conjur, o material entregue pela PF tem aproximadamente sete terabytes de informação. Por causa do grande volume — cada terabyte tem 1.024 gigabytes —, a polícia levou cinco dias para fazer a gravação em dois HDs externos disponibilizados pelos advogados.

“Em informe enviado ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, a defesa disse que a entrega dos dados ocorreu sem a conferência do conteúdo. Isso significa que não houve checagem dos HDs na Superintendência da PF para saber se todas as informações foram de fato gravadas”, afirma a reportagem.
 
Os advogados de defesa de Lula começaram a verificar se as mensagens que geraram a série “vaza jato”, do The Intercept Brasil, estão de fato nos HDs. Cópias de segurança já foram feitas e um perito analisará todo o conteúdo. 

O compartilhamento dos dados hackeados foi determinado por Lewandowski em 28 de dezembro. A decisão, no entanto, foi descumprida por Waldemar Cláudio de Carvalho, que era o responsável pelo plantão da 10ª Vara Federal Criminal do DF.


Carvalho descumpriu a ordem com base na Resolução 71/09, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A medida define quais matérias podem ser conhecidas durante o plantão judicial. 

Essa não foi a única irregularidade do caso. Depois que o acesso ao material foi dado por Lewandowski, ao invés de despachar um mero “cumpra-se”, para que a decisão do ministro do STF fosse cumprida imediatamente, a 10ª Vara abriu vista para que o Ministério Público se manifestasse. 

O procedimento, conforme afirmou a defesa de Lula, rompe a ordem do que deve ser feito, já que o correto é cumprir a decisão e, aí sim, informar o MPF. Vale lembrar que não há nada que o plantão possa fazer contra decisões do STF, uma vez que o MP de primeiro grau não atua junto ao Supremo. Ainda assim, a instituição se manifestou contra o acesso. Lewandowski precisou endossar sua determinação duas vezes até que ela fosse seguida.