GESTÃO MUNICIPAL

Eleito em 2024 com a missão de ser vice do então prefeito reeleito, Fuad Noman – que morreu em março –, Álvaro Damião (União Brasil) completa hoje seis meses desde que assumiu em definitivo o posto de chefe do Executivo municipal. Herdeiro não só da cadeira, mas também de toda uma estrutura administrativa e política deixada por seu antecessor, Damião teve de lidar, neste primeiro semestre de governo, com o desafio de equilibrar a promessa de dar sequência a projetos da gestão anterior com a necessidade de imprimir uma marca própria à administração. Agora, passa a travar batalhas envolvendo, principalmente, projetos que dependem de costuras com a Câmara Municipal.

As mudanças significativas na alta cúpula da prefeitura começaram antes mesmo de Damião ser diplomado como prefeito, em 3 de abril. Um dia antes, ele já havia demitido Josué Valadão, então secretário de Assistência Social e Direitos Humanos e homem de confiança de Fuad. Antes disso, em 1° de abril, Daniel Messias, que era chefe de gabinete do ex-prefeito, pedira demissão.

Nos meses seguintes, outros dois nomes do chamado “núcleo duro” de Fuad desembarcaram do governo por decisão de Damião. Paulo Lamac, que era secretário de Relações Institucionais, foi exonerado em maio. Já o então ex-procurador-geral do município, Hércules Guerra, deixou o posto no início de agosto. Além de se cercar de nomes de sua confiança, modificações feitas na gestão municipal atenderam também indicações e acordos políticos, o que colaborou para apaziguar a relação inicialmente atribulada com a Câmara.

Depois de ver, ainda como vice, seu candidato à presidência do Legislativo, Bruno Miranda (PDT), ser derrotado por Juliano Lopes (Podemos) na eleição para a Mesa Diretora, Damião iniciou o ano com diálogo conturbado com a Câmara e, principalmente, com o presidente da Casa. As arestas acabaram aparadas já nas primeiras semanas da gestão Damião. De lá para cá, Juliano chegou, inclusive, a assumir a cadeira de prefeito em duas ocasiões, durante viagens do titular ao exterior. As substituições ocorreram porque o presidente da Câmara é o primeiro na linha sucessória – já que BH não tem vice-prefeito. 

Líder do governo na Câmara, o vereador Bruno Miranda avalia que a capital tem vivido hoje um período de respeito institucional entre os Poderes. “Começamos com uma disputa que faz parte do calendário político. Mas Damião conseguiu desarmar os ânimos, sentar à mesa e dialogar com todas as forças políticas”, defende. 

Apesar do clima ameno, Damião tem pela frente desafios junto ao Legislativo. Um deles será convencer a Câmara a aprovar alterações que a prefeitura pretende fazer no Plano Diretor para possibilitar a construção de arranha-céus na cidade. Outra proposta de Damião, que enviou projeto para reduzir a cobrança de ISS para casas de apostas que se instalarem em BH, já despertou a ira de alguns parlamentares.

Mas, antes disso, a força do prefeito será testada hoje, quando a Câmara vota, em primeiro turno, o projeto que zera a tarifa do transporte coletivo. No que depender de Damião, o texto será barrado. Entretanto, o apelo popular e a pressão de parlamentares podem acabar desgastando novamente a relação entre os Poderes. Procurado pelo Aparte, Damião não havia se manifestado até o fechamento desta edição.