A contragosto do governo, o Congresso promulgou nesta terça-feira (24) novas regras que ampliam a cobertura do BPC, benefício assistencial pago a idosos carentes e pessoas com deficiência de baixa renda. Agora, o BPC deve ser pago a famílias com renda de até meio salário mínimo (R$ 522,50 mensais) por integrante.

Antes, o teto era de um quarto do salário mínimo, ou seja, R$ 261,25 por membro da família, em valores atuais.

A ampliação do critério foi publicada no "Diário Oficial da União" ("DOU"), em lei assinada pelo senador Antonio Anastasia (PSD-MG), primeiro vice-presidente do Senado.

Anastasia substitui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), durante licença médica após a confirmação de resultado positivo para o novo coronavírus.

O ministro Paulo Guedes (Economia) é contrário à ampliação de beneficiários do BPC por causa do impacto que essa medida tem nas contas públicas.

A equipe econômica estima um aumento nos gastos de R$ 20 bilhões por ano com as novas regras da assistência. Em dez anos, essa conta pode chegar a R$ 217 bilhões.

Há duas semanas, o Congresso impôs uma derrota ao governo e derrubou um veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tentou impedir a mudança no critério de acesso ao benefício.

Com a derrubada de um veto, o Palácio do Planalto fica sem recursos no Legislativo para barrar a medida.

Após a votação, o governo recorreu ao Tribunal de Contas da União (TCU), que, em medida liminar, chegou a suspender a extensão dos beneficiários, com a elevação do teto de renda para meio salário mínimo.

Na semana passada, o plenário do TCU mudou a decisão liminar, abrindo caminho para a ampliação do BPC.

O time de Guedes, então, tentou negociar com o Congresso um acordo, e a Advocacia Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal para que a derrubada do veto (que impõe novas regras ao auxílio assistencial) fosse suspensa.

O governo argumenta que a decisão da Câmara e do Senado não apresenta uma análise dos custos da medida e origem dos recursos para bancar a ampliação do BPC, o que, segundo a equipe econômica, fere normas fiscais.