ELEIÇÕES EM BH

Com a disputa embolada na capital mineira, até agora sem ninguém com ampla liderança nas pesquisas de intenção de voto, os pré-candidatos correm atrás de um cabo eleitoral que pode ajudá-los a melhorar seu desempenho na disputa: o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).

Eleito prefeito por duas vezes consecutivas, ele deixou o comando da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) , em março de 2022, para disputar o governo de Minas com Romeu Zema (Novo), que acabou reeleito.

Kalil passou o comando para seu vice-prefeito Fuad Noman com com 73% de aprovação, segundo levantamento do Instituto Opus, feito pouco dias antes dele renunciar ao cargo. Na disputa pelo governo, foi o segundo colocado no estado e em Belo Horizonte, onde perdeu para Zema por apenas 56,5 mil votos de diferença.

 Em função dessa aprovação junto ao eleitorado da capital, o apoio de Kalil vem sendo disputado por pré-candidatos do centro, da direita e da esquerda, mas o ex-prefeito segue fazendo mistério sobre quem vai apoiar nessa disputa.

Nos últimos meses ele já se reuniu com o senador Carlos Viana (Podemos) e os deputados Rogério Correia (PT), Mauro Tramonte (Republicanos), Bella Gonçalves (PSOL), Ana Paula Siqueira (Rede) e Duda Salabert (PDT), todos pré-candidatos ao cargo que ele já ocupou. O ex-prefeito se encontrou ainda com Fuad, filiado ao PSD, mesmo partido de Kalil.

Cobiçado, Kalil ainda não se decidiu e, como bom mineiro, segue escutando o que os candidatos têm a dizer, mas sem dar pistas de qual seria seu posicionamento, apesar de muitas especulações a respeito.

 O ex-prefeito disse que não vai resolver sozinho quem terá seu apoio. E afirma que pode, até mesmo, se manter neutro. No entanto, nos bastidores, a aposta é que ele vai participar da disputa, pois para quem mira o governo de Minas em 2026, a neutralidade não seria a mais interessante, uma vez que ter o apoio do prefeito da capital é um passo importante para quem pretende ocupar a cadeira mais importante do estado.

Kalil afirma ainda que essa decisão não é somente dele e sim do seu grupo político. “Não resolvi e não resolvo sozinho, temos um grupo e vamos conversar sobre participar ou não da eleição municipal”, afirmou o ex-prefeito.

Apesar de serem do mesmo partido, Kalil não garantiu apoio ao seu sucessor, Fuad Noman. A justificativa, segundo ele, é que o partido não o apoiou na totalidade na disputa com Zema pelo governo de Minas, nas eleições de 2022, por isso ele não teria esse compromisso com sua legenda. O PSD hoje integra a base de Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Mas de acordo com o ex-prefeito, a possibilidade de se aliar a um outro candidato que não seja Fuad é aceita pelo PSD e não seria problema. “ O meu partido tem esta característica democrática”, afirma.

“Nada vai impedir o apoio deste grupo a ninguém, a partir do momento que este grupo decidir sobre apoio, até porque a maioria do PSD de Minas Gerais ou apoiou o atual governador ou não participou da campanha”, afirma Kalil.

 Escolha do vice

Uma das legendas que sonha com o apoio do Kalil é o PT. Nas eleições para o governo de Minas, o partido indicou o então deputado estadual André Quintão para ser o candidato a vice-governador na chapa de Kalil ao governo de Minas. A legenda sonha em repetir a dobradinha, mas Kalil ainda não deu pistas se vai novamente se aliar ao PT, que tem cortejado bastante o ex-prefeito.

O partido está disposto inclusive a deixar que ele indique o candidato a vice, preferencialmente uma mulher de centro para contrabalancear a chapa de esquerda, que deverá ser encabeçada pelo deputado federal Rogério Correia.

No entanto, Kalil afirma não ter interesse em indicar “o vice de ninguém”. “Sempre impus meus vices , não quero escolher vice de ninguém”, afirma.

Mas há quem aposte que o escolhido do ex-prefeito seria o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), político de centro, com perfil mais próximo ao de Kalil. Recentemente os dois jantaram juntos no apartamento de Kalil, o que foi considerado um sinal de prestígio de Tramonte junto ao ex-prefeito.

Apesar da intensa movimentação nos bastidores de partidos e pré-candidatos em busca de apoios e definições, o quadro eleitoral na capital mineira ainda deve demorar ao menos dois meses para ser melhor delineado.

É que os partidos, pelos prazos da Legislação Eleitoral, devem realizar suas convenções para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, entre os dias 20 de julho e 5 de agosto.

Após essa data, as legendas têm até o dia 15 de agosto para registrar os nomes na Justiça Eleitoral. A propaganda eleitoral começa no dia seguinte ao fim do prazo do registro.