Brasil247 – A direção nacional do PSDB articula uma reunião com Ciro Gomes na próxima semana para discutir sua eventual filiação ao partido e um possível retorno à cena política cearense como candidato ao governo estadual. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo neste sábado (28.jun.2025) e marca um movimento estratégico do partido para retomar protagonismo no Nordeste.

O encontro contará com a participação do presidente do PSDB, Marconi Perillo, e de outros dirigentes da legenda, sob a coordenação do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), interlocutor direto com Ciro e aliado histórico no estado. A reunião busca não apenas tratar da filiação, mas também aparar arestas com o ex-ministro, que nos últimos anos criticou duramente o partido e seus principais nomes.

Apesar de ainda filiado ao PDT, Ciro avalia a saída após o partido ter se alinhado ao governo do petista Elmano de Freitas no Ceará. Rompido com o PT desde 2022, ele é visto pelos tucanos como uma peça central na reconfiguração da oposição estadual.

“Tenho certeza de que Ciro reconhece as virtudes do presidente Fernando Henrique Cardoso”, declarou Marconi Perillo ao Painel, da Folha, ao comentar declarações passadas do ex-ministro contra o ex-presidente tucano.

Entre as polêmicas, pesa a crítica feita por Ciro durante a campanha de 2018, quando reagiu com ironia a um apelo de FHC por união do centro:

“É muito mais fácil um boi voar de costas. O FHC não percebe que ele já passou”, disse à época, acrescentando que o ex-presidente estava “preparando o voto no Fernando Haddad” por não ter “respeito a nada e a ninguém”.

Mesmo assim, tucanos acreditam que um gesto de aproximação e eventual retratação pode abrir caminho para a reconciliação. A filiação também abriria espaço para uma aliança estadual ampla com União Brasil e PL, apesar de divergências com os bolsonaristas em nível nacional.

Ciro, no entanto, sinalizou que pretende apoiar Roberto Cláudio (União Brasil), ex-prefeito de Fortaleza e aliado de longa data. Resta definir quem será o cabeça de chapa: o próprio Ciro ou Roberto Cláudio. Nos bastidores, também circula a possibilidade de alianças para o Senado com nomes como Alcides Fernandes (PL), pai do deputado federal André Fernandes, derrotado nas eleições municipais de 2024.

“Espero votar em você para senador”, afirmou Ciro em maio a Alcides, durante um ato político.

Do lado governista, Elmano de Freitas deve buscar a reeleição, enquanto as duas vagas ao Senado já têm diversos pretendentes, como Eunício Oliveira (MDB), José Guimarães (PT), Júnior Mano (PSB) e o empresário Chiquinho Feitosa (Republicanos).

Outro elemento delicado é a relação com o irmão, o senador Cid Gomes (PSB), rompido politicamente com Ciro. Em entrevista à rádio de Sobral, Cid afirmou que, caso o irmão se candidate, ficará “numa situação absolutamente constrangedora”. Ciro respondeu dizendo não ter problemas pessoais, mas acusou o irmão de ser “conivente e cúmplice” do governo petista no Ceará.

Se confirmada, a filiação marcaria o retorno de Ciro ao PSDB após quase 30 anos. Filiado entre 1990 e 1997, ele foi governador do Ceará e ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco. Desde então, passou por PDS, PMDB, PPS, PSB, Pros e PDT. O próprio Ciro já classificou sua trajetória partidária como “uma tragédia”.

A reunião com a cúpula tucana pode selar não apenas uma reconciliação política, mas também abrir uma nova frente eleitoral que reposicione tanto o PSDB quanto Ciro Gomes no tabuleiro de 2026.