Apesar das divergências políticas e ideológicas, sete centrais sindicais se reuniram na manhã desta quarta-feira (1°), no Recife em um ato político-cultural para comemorar o Dia do Trabalhador, com foco na reforma da Previdência. A manifestação aconteceu na Praça do Derby e uniu pela primeira vez a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical em um evento do 1º de Maio. Além do protesto contra a reforma, o ato serviu para denunciar as ações do governo Bolsonaro na área da educação. Os manifestantes aproveitaram para demonstrar repúdio contra a prisão do ex-presidente Lula (PT).
A presença dos adeptos da campanha Lula Livre criou um mal-estar entre os representantes das centrais sindicais. A reação partiu do presidente União Geral dos Trabalhadores (UGT-PE), Gustavo Walfrido, que afirmou ter divergências com o posicionamento das demais centrais, afirmando ter pontos na reforma que podem ser negociados. “Do jeito que a proposta está, não passa. O governo tem que cobrar dos devedores e não jogar pesado nas costas dos trabalhadores. Não é justo um juiz se aposentar com R$ 30 mil e um trabalhador privado com R$ 5 mil. Estamos aqui (no protesto) para defender o trabalhador e não pela liberdade de ninguém”, ressaltou.
Walfrido se referiu ao grupo que está acampado na Praça do Derby pedindo a liberdade de Lula. O presidente da CUT, Paulo Rocha, na tentativa de acalmar e voltar as atenções para ato, afirmou que o grupo já estava no local antes do protesto de ontem e que iria continuar depois da saída dos manifestantes. Sobre a mobilização, ele afirmou que o ato faz parte de um processo que vem sendo realizado com panfletagem em pontos estratégicos da cidade, a exemplo das estações do metrô e coletando assinaturas contrárias à reforma da Previdência. “O governo colocou na proposta coisas que não têm nada a ver. O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é o que a gente chama de bode. Colocam com a intenção de provocar briga. Aí eles tiram e deixam passar o resto. O BPC é danoso, mas o resto é muito danoso também”, destacou Paulo Rocha.
Já o presidente da Força Sindical, Romero Júnior, chamou de demagogia o argumento usado pelo governo de que, com a reforma, haverá a retomada do emprego no país. “Eles estão dando uma falsa esperança ao povo. A taxa de emprego só voltará a subir se o Brasil voltar a crescer”, ponderou o sindicalista. Para Renato Saldanha, diretor regional do Sindicato das Instituições do Ensino Superior, o movimento de unificação das centrais é uma sinalização importante para unidade que os trabalhadores precisam nesse momento. “Esse 1º de maio tem um peso simbólico que é importante a gente destacar”, afirmou. As centrais sindicais estão preparando uma paralisação nacional para o dia 15 de maio dos trabalhadores em educação.
Além das centrais sindicais, participaram do evento segmentos sociais e representantes de partido políticos. O vereador do Recife João da Costa (PT), que esteve na mobilização, ressaltou o lado positivo da unidade das centrais no 1º de Maio e apontou lado negativo o ataque ao direito dos trabalhadores que, na avaliação dele, foi intensificado a partir do governo Bolsonaro. “Principalmente com a proposta da reforma da Previdência que aponta uma perda de direitos muito grande para os trabalhadores já que a maioria vai precisar trabalhar 40 anos para ter seu benefício completo e só poderá se aposentar aos 60 anos”, observou o petista.