Em nota ao site, senador também negou apoio financeiro de mineradora e disse desconhecer o seu doador de campanha
O senador Carlos Vianna (PSD) nega em nota ao site Os Novos Inconfidentes que tenha recebido apoio financeiro da mineração e articulado contra a criação de uma CPMI no Congresso para investigar as barragens de mineradoras. Ele argumentou não ter poder de veto na questão, sendo “apenas um de sete representantes que tomam decisões em conjunto”. Sobre as contas de campanha, disse que não teve contato com o doador Luís Fernando Franceschini da Rosa: “Nunca conversei com ele, todas as referências me foram transmitidas pelos dirigentes do partido”.
O site publicou matéria com informações da Folha de São Paulo apontando que o senador liderava iniciativa para substituir a comissão mista de deputados e senadores – ou CPMI – por duas comissões separadas e paralelas, em vez de uma só: uma na Câmara e outra no Senado. A divisão foi interpretada por vários deputados como uma manobra para confundir e fragilizar as apurações. A suspeita foi reforçada pela revelação de que o senador recebeu dinheiro para campanha de gente ligada à mineração.
“A CPMI não é obrigatória. A Câmara dos Deputados pode abrir uma investigação e o Senado tem autonomia para abrir outra. Eu defendo as duas investigações. Uma eventual CPMI restringe os trabalhos pela eventualidade de conciliar com a agenda dos deputados, ao passo que se tiverem duas CPI’s, cada uma segue uma linha de investigação, com mais agilidade e funcionalidade”, defendeu Viana em sua nota.
O senador atribuiu as acusações à perseguição de rivais: “Após me reunir com um grupo de deputados, fui ameaçado que se não aceitasse a CPMI, uma série de ataques seria direcionado à minha pessoa, com o intuito de me desacreditar”, disse. Em vídeo nas redes sociais, ele apontou o deputado André Jonanes (Avante) como um de seus detratores. O deputado é um dos que questionaram a “legitimidade” de Vianna para investigar mineradoras.
Veja a nota do senador na íntegra:
Logo que fui indicado pelo meu partido como integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará o acidente de Brumadinho, tornei-me um parlamentar sujeito ao escrutínio daqueles que esperam transparência dos agentes políticos. É bom que seja assim. Após me reunir com um grupo de deputados, fui ameaçado que se não aceitasse a CPMI, uma série de ataques seria direcionado à minha pessoa, com o intuito de me desacreditar, e é o que está ocorrendo.
O nosso mandato está aberto para elucidar todos os questionamentos e dúvidas inerentes à atuação parlamentar. Assim, reafirmo que a CPMI não é obrigatória. A Câmara dos Deputados pode abrir uma investigação e o Senado tem autonomia para abrir outra. Eu defendo as duas investigações. Uma eventual CPMI restringe os trabalhos pela eventualidade de conciliar com a agenda dos deputados, ao passo que se tiverem duas CPI’s, cada uma segue uma linha de investigação, com mais agilidade e funcionalidade. O nosso desejo é por uma bancada unida pelos anseios de Minas Gerais. O confronto dos representantes não interessa aos mineiros.
Outro ponto importante: não barrei e nem tenho poder para vetar a criação da CPMI. Sou apenas um, de sete representantes que tomam decisões em conjunto. Quando a CPI for instada, será escolhido um presidente e um relator. Em relação as minhas contas de campanha, esclareço que nunca me encontrei com o sr. Luis Fernando Franceschini da Rosa, nunca conversei com ele, e que todas as referências dele me foram transmitidas pelos dirigentes do partido ao qual pertenci. Entretanto, não tenho conhecimento de qualquer informação que o desabone. Ao contrário do que estou sendo acusado, não recebi dinheiro de nenhuma empresa ligada à mineração, já que essa prática, de recebimento de doações por pessoas jurídicas, não é mais permitida por lei, e nossas contas eleitorais foram aprovadas pela justiça eleitoral. Não aceito que se produzam ilações a partir de uma doação absolutamente legal.