Reportagem da jornalista Camila Zarur em O Globo desvenda o esquema que mobilizou as redes bolsonaristas com discrição para eleger Bolsonaro “personalidade do ano” da revista Time no “voto popular”. Desta vez, não foram utilizados os perfis e redes no Facebook, Twitter e Instagram. A mobilização aconteceu quase exclusivamente nos grupos de Telegram e Whatsapp.

Nas mensagens, relatou a jornalista “havia orientações de como votar no presidente e impulsionar seu nome em relação aos demais concorrentes. Os internautas podiam votar a favor ou contra o nome dos postulantes à ‘personalidade do ano’. ‘Basta clicar em TAP TO BEGIN e colocar NO para todos e YES para o Bolsonaro', explicou o perfil de um canal bolsonarista no Telegram”.


O esquema foi o suficiente para dar a Bolsonaro 2,1 milhões de votos, 24% total da enquete, “ficando à frente até mesmo de seu aliado americano, o ex-presidente Donald Trump, que apareceu em segundo lugar, com 9%”, escreveu Zarur.

Ao longo do período em que a votação esteve aberta, houve apenas uma manifestação pública de Bolsonaro para mobilizar seus apoiadores, durante uma live do presidente, feita no dia 25 de novembro: “A revista Time está fazendo aí uma enquete, como faz há décadas, personalidade do ano. São cem pessoas. Eu estive entre as cem pessoas em 2019 e em 2020. E agora em 21, estamos liderando. Então, eu agradeço quem votou em mim. Quem não votou, eu peço que entre no site da Time e vote”. Flávio, Carlos e Eduardo não puxaram votos para o pai em seus perfis nas redes.

A eleição de Bolsonaro, no entanto, não quer dizer que ele seja a “personalidade do ano” da Time. A tradicional escolha feita por editores da revista será anunciada apenas em 13 de dezembro. Além disso, a escolha não necessariamente significa algo positivo. Por definição da revista, são escolhidas por terem “grande influência, boa ou ruim, no ano”.