O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que a embaixada do Brasil em Washington foi "instruída" a solicitar ao governo americano os documentos produzidos pela CIA (agência de inteligência norte-americana) sobre operações de tortura e morte de brasileiros.
A determinação contempla o pedido feito na sexta-feira (11) pelo presidente do conselho do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, filho do jornalista assassinado na ditadura militar.
Ivo enviou carta ao ministro Aloysio Nunes na qual pediu para que o governo federal solicite aos EUA a "liberação completa" dos registros da CIA que "documentam a participação de agentes do Estado Brasileiro em operações para torturarem ou assassinarem cidadãos brasileiros".
A carta foi enviada ao ministro após a revelação de um memorando da CIA, segundo o qual o general Ernesto Geisel, presidente do Brasil entre 1974 e 1979, sabia e autorizou execução de opositores durante a ditadura militar.
Vladimir Herzog foi torturado e morto em uma cela do DOI-Codi em São Paulo, em 25 de outubro de 1975. Na época, o regime militar argumentou que Herzog tinha se suicidado.
Procurado pelo G1 nesta segunda-feira (14), o MRE informou por telefone que a "embaixada do Brasil em Washington foi instruída a solicitar a documentação pertinente ao governo americano". Os documentos solicitados tratam do pedido feito pelo Instituto Vladimir Herzog.
Levantamento do G1 com base em registros da Comissão Nacional da Verdade mostra que 89 pessoas morreram ou desapareceram após 1º de abril de 1974, data a partir da qual, segundo o documento da CIA, Geisel autorizou a execução de opositores.