PLANALTO

 
O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta segunda-feira (26/7) sobre sua relação com o vice-presidente Hamilton Mourão. O mandatário comparou o general a um "cunhado" e relatou que ele possui uma "independência muito grande" que por vezes acaba atrapalhando. 


"O Mourão faz o seu trabalho, tem uma independência muito grande. Por vezes aí atrapalha um pouco a gente, mas o vice é igual cunhado, né. Você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado. Você não pode mandar o cunhado embora. Então, estamos com Mourão, sem grandes problemas, mas o cargo dele é muito importante para agregar aí. Dele, não. O cargo de vice é muito importante para angariar simpatias quer seja para candidatura à Presidência, governador ou prefeito", apontou em entrevista à Rádio Arapuan.

Bolsonaro falou ainda que a escolha de sua composição de bancada, assim como a de vice, ocorreu em cima da hora em 2018. "A escolha do meu vice foi muito em cima da hora. Assim como a composição da bancada, especial para deputado federal. Muitos parlamentares depois de ganhar as eleições com nosso nome, transformaram-se em verdadeiros inimigos nossos. Então, a gente não quer sofrer desse mesmo problema por ocasião das eleições do ano que vem, caso eu venha candidato a presidente, obviamente. Não estou batendo o martelo que serei, nem que não serei. O vice é uma pessoa importantíssima para agregar simpatias. Alguns falam que um bom vice ia ser de Minas Gerais, ou de um estado do Nordeste, ou uma mulher ou de perfil mais agregador pelo Brasil. Isso está no radar de qualquer candidatura majoritária no Brasil", concluiu.

Desde o começo do ano, a relação entre Bolsonaro e Mourão ficou ainda mais estremecida após em janeiro, o vice ter indicado a jornalistas que o presidente colocaria em prática uma reforma ministerial e que uma das trocas que deveriam ocorrer era no Ministério das Relações Exteriores, com Ernesto Araújo deixando o cargo. O mandatário rebateu secamente a ideia dizendo que o governo não precisa de 'palpiteiros'. 

Um segundo acontecimento ajudou a aprofundar a crise quando um assessor do general alertou o chefe de gabinete de um parlamentar sobre a possibilidade de o Congresso ter de começar a se preparar para analisar um pedido de impeachment contra o comandante do Palácio do Planalto. Mourão exonerou o assessor envolvido no caso, Ricardo Roesch Morato, Filho e reforçou que 'jamais vai trabalhar contra Bolsonaro'.


A demonstração mais recente da falta de sintonia entre Bolsonaro e Mourão foi o episódio envolvendo o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O mandatário fez o possível para livrar o general de uma punição do Exército após a presença dele em uma manifestação a favor do governo. Organizou até uma reunião, sem convidar o vice, com o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, para defender Pazuello.

Em contrapartida, Mourão não escondeu o incômodo com a participação do ex-ministro no ato político. Conforme disse, o Exército precisaria dar uma resposta para não banalizar a participação de integrantes das Forças Armadas em outros atos políticos para “evitar que a anarquia se instaure”.

Desde então, ele havia sido excluído de reuniões ministeriais. Sete meses depois, o presidente enfim o chamou para participar de um encontro com representantes da Esplanada.