O presidente Jair Bolsonaro (PL) passou o fim de semana recluso no Palácio da Alvorada. Ele não saiu nem para falar com os cerca de 30 apoiadores que passaram o domingo no “cercadinho”, à espera do chefe do Executivo, que também não fez qualquer pronunciamento por meio das suas redes sociais. 

Bolsonaro começou esta segunda-feira (7) com a mesma postura. Aliás, ele não tem qualquer compromisso em sua agenda oficial previsto para este dia nem para os próximos, assim como ocorreu na sexta (4). Na quinta (5), ele sequer fez a tradicional live semanal.

Outrora muito falante em público e sempre presente nas redes sociais, Bolsonaro tem se mantido na residência oficial da Presidência da República desde a derrota nas urnas, em 30 de outubro, para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Após perder a eleição, Jair Bolsonaro só falou aos seus apoiadores em duas oportunidades. A primeira, por meio de discurso no Alvorada, quase 45 horas após a proclamação da vitória de Lula, que foi interpretado por alguns bolsonaristas como um estímulo ao questionamento do resultado das urnas. 

Em pronunciamento de dois minutos, o presidente afirmou que reação de apoiadores era “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu as últimas eleições”, mas reafirmou que não poderia haver “cerceamento do direito de ir e vir”. 

Em sua segunda fala, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, Bolsonaro voltou a pedir que as rodovias federais fossem liberadas, mas incentivou que seus apoiadores façam outros tipos de manifestações.

General Heleno diz que “infelizmente”, Lula não está doente
Poucos são os familiares e políticos que visitam o presidente. Um deles é o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno.

No domingo (6), após deixar o Alvorada, ele afirmou que “infelizmente”, Lula não está doente. Ainda chamou o petista de “cachaceiro”

“Acabei de receber um desmentido desse negócio do Lula estar doente. Não está, infelizmente”, disse Heleno em uma conversa com apoiadores, na frente do palácio.

A declaração de Heleno foi gravada por apoiadores de Bolsonaro que estavam no local e publicada nas redes sociais. Desde a derrota nas urnas em 30 de outubro, eleitores do presidente têm feito manifestações por todo o Brasil pedindo “intervenção militar”.

Nos últimos dias, enquanto Lula estava na Bahia sem agenda oficial, circulou um boato nas redes sociais de bolsonaristas que o petista teria sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O ministro chamou o futuro presidente de “cachaceiro” e criticou o governo eleito. “Vamos torcer para que tenhamos um futuro melhor. Na mão do cachaceiro, não vai dar certo.”

Perguntando por uma apoiadora qual era a chance do grupo após o Supremo Tribunal Federal (STF) fazer uma “lambança”, nas palavras dela, nas eleições, o ministro respondeu: “Vamos aguardar.”

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atestou a segurança do processo eleitoral. O resultado foi reconhecido até mesmo pela Casa Civil do governo Bolsonaro e o processo de transição já começou.