BRASÍLIA (Reuters) - Coordenador do programa econômico do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Paulo Guedes afirmou que terá total liberdade para montagem de sua equipe caso se torne o titular da Fazenda e indicou que pode manter alguns integrantes da atual equipe econômica do governo Temer.
“Ele (Bolsonaro) fala que é porteira fechada e não vai ter nenhuma indicação política”, disse o economista em entrevista na quinta-feira à Reuters, a respeito dos cargos nos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e no Banco Central. Sobre a permanência de alguns membros da equipe de Temer, mostrou ver vantagens na estratégia.
“O setor público tem extraordinários quadros e quem tem que fazer as reformas e ajudar a corrigir todos os erros são exatamente esses quadros de excepcional qualidade”, disse, ao ser questionado se manteria parte do quadro se Bolsonaro vencer as eleições.
Guedes elogiou o atual secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, de quem disse ter tido “ótima impressão” por seu “espírito público e conhecimento técnico”. Ambos estiveram juntos há poucas semanas no Ministério da Fazenda após Guedes pedir um encontro para ouvi-lo sobre a situação fiscal do país.
Os comentários foram feitos pouco antes de Guedes se encontrar novamente com membros da atual equipe econômica em Brasília, desta vez a convite do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e na companhia do presidente do BC, Ilan Goldfajn, no âmbito de conversas que têm sido pedidas pela Fazenda com economistas de pré-candidatos.
Tanto o coordenador quanto o próprio Bolsonaro já afirmaram publicamente que Ilan seria um excelente nome para seguir no atual cargo. Guedes disse nesta quinta-feira ver necessidade, para o presidente do BC, de autonomia operacional e mandato não coincidente com o do presidente da República.
Com Ph.D. na Universidade de Chicago, considerada o templo mundial do liberalismo, Guedes voltou a ressaltar que o programa de Bolsonaro será estruturado em torno de reformas fiscais, como a da Previdência, reorganização federativa, com mais recursos direcionados a Estados e municípios, e diminuição da dívida pública, investida turbinada por privatizações de estatais.
REFORMA TRABALHISTA
O economista defendeu o aprofundamento da reforma trabalhista, com a substituição gradual do atual sistema de encargos baseado na folha salarial que conta com “alíquotas altíssimas”. Para ele, a mudança vai impulsionar a contratação de novos postos de trabalho e ampliar a formalização do número de pessoas economicamente ativas. Atualmente, o país possui cerca de 13 milhões de desempregados;