ELEIÇÕES 2014

Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (20/7) que vai comprovar na próxima semana que as eleições presidenciais de 2014 resultaram em um resultado errado. O governante pretende usar o fato do hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB) ter vencido Dilma Rousseff (PT) - atualmente sem cargo político - para apontar as falhas na urna eletrônica e no sistema eleitoral brasileiro, visando ao pleito de 2022. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Itatiaia.

Durante longa explicação em defesa do voto impresso sobre a utilização das urnas eletrônicas, sistema em vigor desde 1996, Bolsonaro diz que vai apresentar as provas de fraude em 2014, ano em que Dilma acabou reeleita como presidente ao vencer Aécio por 51,64% a 48,36% no segundo turno.


"Eu espero, na semana que vem, apresentar as provas de fraude, aqui nesta sala onde você está. Para a gente falar que realmente estas eleições, as eleições que temos no Brasil, não são seguras. Nós vamos apresentar uma fraude de 2014, segundo turno de 2014, onde, segundo as pessoas que trabalharam em cima disso, o Aécio Neves ganhou as eleições. Isso vai ser comprovado, qualquer pessoa vai notar essa realidade", afirmou, a princípio, Bolsonaro.


Posteriormente, Bolsonaro voltou a citar a possível prova da fraude. Ele, que foi eleito presidente pelo mesmo sistema em 2018 ao vencer Fernando Haddad (PT) por 55,13% a 44,87% no segundo turno, diz que ganhou por ter conseguido muitos votos.


"Estão. Acho, tenho certeza. O Datafolha mesmo, em 2018, dizia que eu não iria para o segundo turno e, se fosse, perderia para qualquer um. E aconteceu exatamente o contrário. Agora, eu só consegui ser eleito porque tive muito voto, se fosse uma votação normal, bigode a bigode como diz na gíria nossa, teria perdido as eleições. Eu vou comprovar semana que vem que Aécio Neves ganhou as eleições de 2014", afirmou Bolsonaro.

Recentemente, o próprio Aécio Neves declarou que não houve fraude na eleição de 2014. E uma auditoria solicitada pelo partido do tucano, o PSDB, também não apontou nenhum tipo de fraude no pleito presidencial naquela ocasião.


Questionado sobre como vai comprovar a fraude das urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro repetiu o que já havia dito no início do mês, mas que ainda não fez. Que vai se utilizar de um 'hacker do bem'. "Com hacker meu aqui, com gente que entende de informática, hacker do bem, pessoal que entende de informática, e mostrando. Quer ver uma coisa? Você tem uma moeda aí? Eu tenho uma moeda aqui. Se eu jogar essa moeda 231 vezes, imagina 231 vezes, ela dá cara, coroa, cara, coroa... É possível acontecer isso? Por 231 vezes? Acho que não. Qualquer um que entende um pouquinho de probabilidade, estatística, não vai acontecer. E eu vou demonstrar aqui que a fotografia, minuto a minuto dos votos chegando no TSE no segundo turno de 2014, dava Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, até o final, e sempre com a Dilma um montante um pouco maior do que o Aécio em todas as vezes. Isso é impossível de acontecer, isso é impossível de acontecer".


Bolsonaro também afirmou que vai preparar uma apresentação de até uma hora para mostrar o que coletou e, em segundo momento, refutou sobre o local da apresentação e disse que seria na Presidência da República, não no Palácio do Planalto. "Não vai ser aqui não, vai ser lá na Presidência. Vou convidar a imprensa, e com minhas mídias sociais a gente vai transmitir. Eu acredito que em uma hora dá para demonstrar tudo isso aí e a gente desmonta essa teses do ministro Barroso, do TSE, que as urnas eletrônicas não são fraudáveis".


Por fim, Bolsonaro disse que vai encaminhar o caso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para o voto impresso se tornar realidade, ele precisa passar pelo Congresso Nacional. Atualmente, o texto está em uma comissão especial da Câmara dos Deputados e deve passar por ela para seguir a tramitação.


"Com isso, tudo eu encaminho ao TSE. Agora, tem um corregedor que vai tomar providência. Agora, o que vale, mais do que todos nós aqui, é a opinião pública, que no meu entender não vai aceitar as eleições sem uma forma de ser auditada. E temos também a contagem pública, não basta você ter o voto impresso, a contagem tem que ser pública também. Meia dúzia de técnicos contam os votos no Brasil. Quem ganha a eleição? Em quem vota, ou quem conta os votos? Isso é um ditado popular, isso que nós queremos demonstrar aqui, e dizer que nós sim jogamos dentro das quatro linhas de condição e nós defendemos as eleições limpas. Nós queremos que em que votar o ano que vem este voto seja mandado para essa pessoa de verdade", completou Bolsonaro.