Lìderes da base aliada do governo Lula (PT) aumentaram a pressão visando desmoralizar a adesão de integrantes de suas bancadas que querem abrir uma CPI para investigar os atos terroristas do dia 8 de janeiro, quando militantes bolsonaristas e de extrema direita invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Apesar da movimentação, a oposição vem conseguindo o apoio de novos parlamentares, sinalizando que o governo deverá ter dificuldades para barrar a criação do colegiado. 

 Ao todo, 48 deputados da base governista, formada por partidos como União Brasil, MDB e PSD, que comandam nove ministérios, assinaram o requerimento. Segundo o jornal O Globo, a movimentação dos líderes da base aliada fez com que, nas últimas 48 horas, os deputados Célio Silveira (MDB-GO) e Chiquinho Brazão (União-RJ) retirassem suas assinaturas do requerimento de criação da CPI do Golpe, que precisa do apoio mínimo de 171 parlamentares. 

“Para impedir a CPMI, aliados de Lula calculavam ontem a necessidade de demover ao menos 19 deputados. O esforço, porém, terá de ser maior, uma vez que outros três parlamentares do Republicanos endossaram a lista”, destaca a reportagem. O requerimento foi protocolado na segunda-feira (27) com o apoio de 189 deputados e, após a retirada de assinaturas e novas adesões, contava com 190 assinaturas.

No Senado, contudo, são os parlamentares de oposição que tentam barrar a criação de uma CPI restrita à Casa Legislativa. Em janeiro, a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) havia apresentado um requerimento com a assinatura de 40 senadores, acima do número mínimo das 27 necessárias para ser lido em plenário pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). 

Como as assinaturas foram colhidas na legislatura passada, que terminou em 1º de fevereiro, há dúvidas se o requerimento ainda seria válido. “Thronicke, entretanto, já adiantou que não pretende sair recolhendo novas assinaturas. Nos bastidores, a parlamentar tenta convencer governistas a endossarem a CPI restrita ao Senado para evitar que a CPMI, que é encabeçada pelo deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), prospere”, ressalta a reportagem .

Fernandes, que é investigado por incitação aos atos golpistas, defende a criação de uma CPMI, um colegiado misto formado por deputados e senadores.