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Ainda que o requerimento não citasse o nome do padre, o vereador afirmou em entrevistas e nas redes sociais que Júlio Lancellotti seria um alvo.
A repercussão do caso fez vereadores retirarem seus apoios, causou manifestações do prefeito Ricardo Nunes (MDB), de seus aliados e da oposição, e ainda expandiu-se para além da capital paulista, com manifestações no governo estadual e também em âmbito federal.
Apoio ao padre une prefeito e oposição
A oposição ao prefeito Ricardo Nunes na Câmara de São Paulo se mobilizou contra a eventual abertura da CPI. Em protesto, as co-vereadoras da Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL, protocolaram um pedido para investigar as políticas para a população em situação de rua da gestão de Nunes.
A vereadora paulistana Luana Alves, do PSOL, repudiou no X (antigo Twitter) a possível investigação ao padre Júlio. "Quem será o próximo alvo da direita conservadora? Jesus Cristo? São Francisco de Assis? Irmã Dulce?", ironizou Luana.
O PSOL é oposição a Nunes e partido do deputado federal Guilherme Boulos, tido como principal adversário do prefeito nas eleições municipais deste ano. No entanto, Nunes e opositores concordam no que diz respeito à proposta de investigação que mira o padre Júlio Lancellotti.
O próprio prefeito afirmou à CNN Brasil que telefonou ao religioso para "tranquilizá-lo" quanto às investidas dos vereadores. Segundo Nunes, como forma de apoio ao pároco, ficou acertado um encontro entre eles na semana que vem.
A esse respeito, Ricardo Nunes disse também ter ligado também a dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo. No X, o cardeal Odilo questionou o objeto de investigação proposto pelo requerente da CPI. "Por que mirar no trabalho do Padre Júlio, que não é ONG e não recebe dinheiro público?", provocou Scherer.
CPI que mira padre Júlio Lancellotti repercutiu fora da capital paulista
O apoio ao pároco também une governo e oposição no âmbito estadual. Gilberto Kassab (PSD), secretário de Governo de Tarcísio de Freitas, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que a instalação da CPI das ONGs traria "tensão adicional" a um tema que já é delicado. "Decididamente não é o melhor caminho", afirmou Kassab. No X, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) se colocou à disposição para "prestar depoimento pessoal" sobre a "extraordinária luta" do padre.
A repercussão chegou ao governo federal. Sem citar a CPI, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aclamou o trabalho de Júlio Lancellotti. Em postagem nas redes sociais, o petista afirmou que o padre "dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus". O vice-presidente Geraldo Alckmin reiterou o apoio. "Seu trabalho é referência em todo o País", disse.
O primeiro escalão do governo federal também manifestou apoio a Lancellotti. Para a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, a CPI está sendo usada "como forma de autopromoção eleitoral". "É preciso subir a régua da política nacional", afirmou Tebet.
"Estão tentando manchar o belo trabalho feito pelo padre Júlio", publicou Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
O padre ainda afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes está acompanhando a situação na capital. "Ele (Moraes) me ligou dizendo que estava se apropriando de todas as informações, que manifestava apoio e que qualquer situação que fosse necessária era para acioná-lo", disse o pároco ao Estadão.
Vereadores se dizem surpreendidos por inclusão de padre na investigação
Na Câmara Municipal da capital, a repercussão negativa do projeto pode ameaçar a instalação da CPI. O fato de o padre ser indicado como alvo, sem que o requerimento mencionasse seu nome, levou vereadores a se dizerem surpresos e retiraram simbolicamente seus apoios à proposta. Ao menos sete parlamentares já voltaram atrás no apoio.
"Fui surpreendido ontem com essa enxurrada de notícias. Desvirtuou o objeto. Retiro minha assinatura e sinalizo que se a proposta for ao plenário eu votarei contra", afirmou ao Estadão o vereador Sidney Cruz (Solidariedade). Em nota, o vereador Xexéu Tripoli (PSDB), que havia assinado o pedido, disse ser "absolutamente revoltante" a abertura de investigação contra o padre. "Não defendo a perseguição política a líderes religiosos. Ainda mais nesses tempos de ódio e rancor nas redes sociais".
Thammy Miranda (PL) também tinha assinado o pedido de CPI, mas apareceu em vídeo divulgado nas redes sociais ao lado do sacerdote. "Muito obrigado pelo apoio nesse momento tão difícil", disse o vereador. "Quando eu assinei a CPI, em nenhum momento foi citado o nome do senhor", alegou Thammy, reforçando que "jamais teria assinado" algo nesse sentido.
A vereadora Sandra Tadeu (União Brasil), do mesmo partido de Rubinho Nunes, disse não ser a favor de uma CPI "personalizada" com o nome do padre Júlio Lancelotti.
O vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador João Jorge (PSDB), postou em suas redes sociais matéria em que afirma ser "contra qualquer afronta a instituições religiosas" e acrescentou ter assinado o pedido da CPI sem saber de qualquer vinculação ao padre. Os vereadores Beto do Social (PSDB) e Nunes Peixeiro (MDB) foram na mesma linha, afirmando que o pedido não mencionava o religioso.
A esta altura, não é mais possível retirar a assinatura, pois o requerimento já foi protocolado. No entanto, a debandada sinaliza perda de apoio para uma eventual votação em plenário, condição necessária para a aprovação da CPI na Câmara Municipal.
O requerimento ainda deve ser aprovado pelas lideranças da Câmara e só deve ir a plenário em fevereiro, com o retorno do recesso parlamentar.
CPI mira ONGs e quer investigar uso de dinheiro público
Rubinho Nunes, responsável pelo requerimento que pede abertura da CPI, acusa ONGs de explorarem dependentes químicos do centro de São Paulo. Segundo ele, as organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas à população em situação de rua, em prática conhecida como política de redução de danos. Para o vereador, isso gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.
A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais", declarou a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, também mencionada por Rubinho.
Procurado pelo Estadão, o padre Júlio Lancelloti declarou que a instalação de CPIs para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor é uma ação legítima do Poder Legislativo. No entanto, acrescentou que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.
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Ainda que o requerimento não citasse o nome do padre, o vereador afirmou em entrevistas e nas redes sociais que Júlio Lancellotti seria um alvo.
A repercussão do caso fez vereadores retirarem seus apoios, causou manifestações do prefeito Ricardo Nunes (MDB), de seus aliados e da oposição, e ainda expandiu-se para além da capital paulista, com manifestações no governo estadual e também em âmbito federal.
Apoio ao padre une prefeito e oposição
A oposição ao prefeito Ricardo Nunes na Câmara de São Paulo se mobilizou contra a eventual abertura da CPI. Em protesto, as co-vereadoras da Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL, protocolaram um pedido para investigar as políticas para a população em situação de rua da gestão de Nunes.
A vereadora paulistana Luana Alves, do PSOL, repudiou no X (antigo Twitter) a possível investigação ao padre Júlio. "Quem será o próximo alvo da direita conservadora? Jesus Cristo? São Francisco de Assis? Irmã Dulce?", ironizou Luana.
O PSOL é oposição a Nunes e partido do deputado federal Guilherme Boulos, tido como principal adversário do prefeito nas eleições municipais deste ano. No entanto, Nunes e opositores concordam no que diz respeito à proposta de investigação que mira o padre Júlio Lancellotti.
O próprio prefeito afirmou à CNN Brasil que telefonou ao religioso para "tranquilizá-lo" quanto às investidas dos vereadores. Segundo Nunes, como forma de apoio ao pároco, ficou acertado um encontro entre eles na semana que vem.
A esse respeito, Ricardo Nunes disse também ter ligado também a dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo. No X, o cardeal Odilo questionou o objeto de investigação proposto pelo requerente da CPI. "Por que mirar no trabalho do Padre Júlio, que não é ONG e não recebe dinheiro público?", provocou Scherer.
CPI que mira padre Júlio Lancellotti repercutiu fora da capital paulista
O apoio ao pároco também une governo e oposição no âmbito estadual. Gilberto Kassab (PSD), secretário de Governo de Tarcísio de Freitas, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que a instalação da CPI das ONGs traria "tensão adicional" a um tema que já é delicado. "Decididamente não é o melhor caminho", afirmou Kassab. No X, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) se colocou à disposição para "prestar depoimento pessoal" sobre a "extraordinária luta" do padre.
A repercussão chegou ao governo federal. Sem citar a CPI, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aclamou o trabalho de Júlio Lancellotti. Em postagem nas redes sociais, o petista afirmou que o padre "dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus". O vice-presidente Geraldo Alckmin reiterou o apoio. "Seu trabalho é referência em todo o País", disse.
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"Estão tentando manchar o belo trabalho feito pelo padre Júlio", publicou Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
O padre ainda afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes está acompanhando a situação na capital. "Ele (Moraes) me ligou dizendo que estava se apropriando de todas as informações, que manifestava apoio e que qualquer situação que fosse necessária era para acioná-lo", disse o pároco ao Estadão.
Vereadores se dizem surpreendidos por inclusão de padre na investigação
Na Câmara Municipal da capital, a repercussão negativa do projeto pode ameaçar a instalação da CPI. O fato de o padre ser indicado como alvo, sem que o requerimento mencionasse seu nome, levou vereadores a se dizerem surpresos e retiraram simbolicamente seus apoios à proposta. Ao menos sete parlamentares já voltaram atrás no apoio.
"Fui surpreendido ontem com essa enxurrada de notícias. Desvirtuou o objeto. Retiro minha assinatura e sinalizo que se a proposta for ao plenário eu votarei contra", afirmou ao Estadão o vereador Sidney Cruz (Solidariedade). Em nota, o vereador Xexéu Tripoli (PSDB), que havia assinado o pedido, disse ser "absolutamente revoltante" a abertura de investigação contra o padre. "Não defendo a perseguição política a líderes religiosos. Ainda mais nesses tempos de ódio e rancor nas redes sociais".
Thammy Miranda (PL) também tinha assinado o pedido de CPI, mas apareceu em vídeo divulgado nas redes sociais ao lado do sacerdote. "Muito obrigado pelo apoio nesse momento tão difícil", disse o vereador. "Quando eu assinei a CPI, em nenhum momento foi citado o nome do senhor", alegou Thammy, reforçando que "jamais teria assinado" algo nesse sentido.
A vereadora Sandra Tadeu (União Brasil), do mesmo partido de Rubinho Nunes, disse não ser a favor de uma CPI "personalizada" com o nome do padre Júlio Lancelotti.
O vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador João Jorge (PSDB), postou em suas redes sociais matéria em que afirma ser "contra qualquer afronta a instituições religiosas" e acrescentou ter assinado o pedido da CPI sem saber de qualquer vinculação ao padre. Os vereadores Beto do Social (PSDB) e Nunes Peixeiro (MDB) foram na mesma linha, afirmando que o pedido não mencionava o religioso.
A esta altura, não é mais possível retirar a assinatura, pois o requerimento já foi protocolado. No entanto, a debandada sinaliza perda de apoio para uma eventual votação em plenário, condição necessária para a aprovação da CPI na Câmara Municipal.
O requerimento ainda deve ser aprovado pelas lideranças da Câmara e só deve ir a plenário em fevereiro, com o retorno do recesso parlamentar.
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Rubinho Nunes, responsável pelo requerimento que pede abertura da CPI, acusa ONGs de explorarem dependentes químicos do centro de São Paulo. Segundo ele, as organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas à população em situação de rua, em prática conhecida como política de redução de danos. Para o vereador, isso gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.
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Procurado pelo Estadão, o padre Júlio Lancelloti declarou que a instalação de CPIs para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor é uma ação legítima do Poder Legislativo. No entanto, acrescentou que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.