Reforma da previdência, ministros Sérgio Moro e Ricardo Vélez e medidas do governo Bolsonaro. Com símbolos da cultura local e referências às principais pautas críticas nacionais deste ano, milhares de pessoas se reuniram no Recife para protestar contra os 365 dias de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ato, que aconteceu ao longo de todo o dia de ontem em 15 países, foi marcado na capital pernambucana pela irreverência dos blocos carnavalescos, mas também pelo posicionamento contra o que os defensores do político petista chamam de supressão de direitos e prisão política.

Por volta das 15h, as principais ruas do Bairro do Recife começaram a ser tomadas por pessoas vestidas de vermelho. Na Praça do Arsenal da Marinha, um palco foi montado para uma série de apresentações culturais que durou cinco horas, com direito a cortejo de maracatus, escolas de samba e show de coco. Já na Avenida Rio Branco, pelo menos 11 blocos carnavalescos levaram seus estandartes para pedir a liberdade de Lula, desfilando ao som de uma orquestra e entoando frevos conhecidos. 

De acordo com o presidente do PT em pernambuco, Glaucus Lima, o ato é abertura de uma jornada de atividades que ocorre até a próxima quarta-feira, data em que estava marcado inicialmente o julgamento da prisão após segunda instância, adiado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. “Lula representa um projeto político antagônico ao que está no poder, projeto de um governo que não consegue se impor nem internacionalmente. A liberdade dele significa rejeitar isso. A prisão de Lula é o projeto de prisão de um país”, disse.

Entre as pautas mais criticadas durante o protesto no Recife, estava a Reforma da Previdência. “Estávamos caminhando na direção de implementar a constituição de 1988 e a prisão de Lula acabou com tudo isso. É uma tentativa de aniquilar a esquerda e colocar para frente a redução salarial, o fim da previdência. Paulo Guedes legisla em causa própria, pois essa reforma só interessa aos banqueiros”, afirmou o presidente da CUT Pernambuco Paulo Rocha. “Estamos aqui para defender a democracia, uma injustiça que estão fazendo com Lula, e também para lutar contra a reforma. O povo não vai aguentar quatro aos desse governo. Não me aposentei ainda e não sei se vou conseguir”, afirmou o eletricista Ademir Torres, 65.

Sessenta pipas contendo a frase “Lula Livre” foram empinadas, no Marco Zero, para marcar o ato. A maior delas, com dois metros e meio de altura, foi confeccionada pelo autônomo Marcelo Silva, 53. “A gente que é trabalhador não aceita essa situação. Lula é pelo povo, e essa é uma prisão política”, defendeu. Com um boneco do juiz Sérgio Moro na mão, o professor Sílvio Campelo, 57, também questionou as ações do ministro da Justiça e Segurança Pública. “A cada dia a farsa fica mais clara”, acrescentou. Em Pernambuco, também ocorreu uma vigília e uma romaria em Caetés, no sítio onde Lula nasceu.