PALÁCIO TIRADENTES

O secretário de Governo defende que o governador apenas aponta que estados do Sul e do Sudeste têm um instrumento por protagonismo que antes não tinham
 
Após críticas desde o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), até a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), o secretário de Governo, Gustavo Valadares, alegou, nesta segunda-feira (7/8), que as declarações do governador Romeu Zema (Novo) ao defender a articulação do Consórcio de Integração dos Estados do Sul e Sudeste (Cosud) teriam sido distorcidas. 

Questionado por O TEMPO se Zema não teria afrontado o pacto federativo, Valadares argumentou que ele, ao lado dos governadores do Sul e do Sudeste, estaria defendendo os interesses de Minas Gerais. “Ele só cita que os estados do Sul e do Sudeste têm hoje um instrumento na mão que eles não tinham para fazer frente ao lobby, no bom sentido, que o Norte e o Nordeste fizeram e fazem no Congresso - e que não está errado”, disse.

Para o secretário de Governo, a política, que, acrescenta, “está sempre em cima do palanque”, teria distorcido as declarações de Zema. “Alguns não descem do palanque e distorcem a notícia para ganhar um espaço na mídia. Quem sabe, alguns buscando até um espaço ao sol para as eleições do ano que vem e outros pensando em 2026. Dois mil e vinte e seis está longe demais”, criticou.

De acordo com Valadares, a defesa da frente de estados do Sul e do Sudeste não foi “em detrimento do Norte e do Nordeste”. “A classe política do Nordeste e do Norte tem todo o direito e a legitimidade de continuar trabalhando e batalhando pelos interesses daquelas regiões. O governador, em algum momento, falou que isso era ilegítimo? Ou que era ilegal? Ou imoral? Ele não cita isso”, afirmou.

Ao ser perguntado se Zema não teria ignorado o pressuposto da equidade, Valadares questionou se Minas não teria o mesmo retrato de desigualdade que o Nordeste. “Na minha opinião, Minas é o retrato nu e cru do Brasil. Nós temos regiões ricas e regiões pobres”, pontuou. “Agora, o governador é uma pessoa que, pela fala objetiva, pela fala simples, por vezes usa exemplos que são facilmente distorcidos se quiserem (distorcê-los)”, completou.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Zema, ao defender protagonismo político do Cosud, citou que, caso os estados do Sul e do Sudeste não tivessem se articulado, o Conselho Federativo da reforma tributária seria paritário, ou seja, cada Estado teria direito a um voto. “Por que sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, pontuou.

O governador ainda ressaltou que o Sul e o Sudeste, assim como o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste, também têm pobreza ao criticar a proposta de criação do Fundo de Desenvolvimento Regional, que, caso a reforma tributária seja aprovada como está, distribuiria a arrecadação para compensar as disparidades regionais. “Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”, comparou.

Em resposta a Zema, o presidente do Consórcio Nordeste, João Azêvedo (PSB), apontou que o governador de Minas teria demonstrado uma “leitura preocupante” do Brasil. “É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, observou o governador da Paraíba.

Durante a abertura do 8º Encontro do Cosud no último mês de junho, quano Belo Horizonte o sediou, Zema já havia dito que, diferentemente dos demais estados, Minas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina teriam “uma proporção maior de pessoas que trabalham em vez de viver de auxílio emergencial”.