Seguindo caminho oposto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ficou em silêncio durante sua oitiva, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, respondeu a todas as perguntas da Polícia Federal (PF) durante o depoimento que ocorreu na tarde desta quinta-feira (22). Ele chegou às 14h30 e só foi embora às 19h27. Ele não assinou delação premiada.

Por meio de nota, a defesa de Torres, feita pelo advogado Eumar Novacki, informou que seu cliente "respondeu serenamente a todas as perguntas que lhe foram formuladas". 

Adicionou que "Torres esclareceu todas as dúvidas em relação aos fatos investigados e reafirma sua disposição para cooperar com as investigações". E que "o ex-ministro acredita na Justiça e confia nas instituições brasileiras".

Torres ficou preso por um período de quatro meses devido a alegações de omissão durante os atos criminosos de 8 de janeiro, quando ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Sua liberdade foi restabelecidade em maio de 2023, e desde então ele tem enfrentado o processo em liberdade. Desde sua libertação, o ex-ministro optou por não conceder entrevistas nem fazer publicações na internet.

Depoimentos ocorreram simultaneamente nesta quinta

Ao todo, 23 pessoas foram intimadas pela Polícia Federal a depor no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Entre eles está Jair Bolsonaro e quatro oficiais-generais de quatro estrelas.

Os depoimentos começaram de forma simultânea a partir das 14h30 desta quinta-feira (22), em oito unidades da federação: Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará.
 
Depoimentos em Brasília:

Jair Bolsonaro
General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
Marcelo Costa Câmara, ex-assessor
Mário Fernandes, ex-titular da Secretaria-Geral da Presidência
Tércio Arnaud
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
Valdemar Costa Neto, presidente do PL
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
Cleverson Ney Magalhães
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil
Bernardo Romão Correia Neto
Ronaldo Ferreira de Araújo Junior

Rio de Janeiro:

Hélio Ferreira Lima
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
Ailton Gonçalves Moraes de Barros
Rafael Martins Oliveira

São Paulo:

Amauri Feres Saad
José Eduardo de Oliveira

Paraná:

Filipe Garcia Martins

Minas Gerais:

Éder Balbino
Mato Grosso do Sul:
Laércio Virgílio

Espírito Santo:

Ângelo Martins Denicoli

Entenda a operação

Os depoimentos fazem parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF há duas semanas. 

Segundo as investigações, Bolsonaro e seus aliados se articularam para promover um golpe de Estado e mantê-lo no poder, visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um vídeo contendo a gravação de uma reunião foi descoberto em um dos computadores de Mauro Cid. 

Nesse vídeo, Bolsonaro é visto instruindo seus ministros sobre a necessidade de agir antes das eleições para evitar que o Brasil se torne "uma grande guerrilha" e "uma fogueira".