Ministério da Saúde nega privilégios a quem votou a favor do presidente durante votação de denúncias na Câmara
Os deputados que foram fiéis ao presidente Michel Temer, nas votações ao longo de 2017, terão a chance de indicar as prefeituras que receberão dinheiro federal destinados à compra de ambulâncias e equipamentos odontólogicos.
A informação circula entre os aliados do governo, de acordo com o portal G1. Ainda segundo eles, aqueles que votaram contra as propostas de Temer não terão direito a indicações.
O Ministério da Saúde se pronunciou, nesta sexta-feira (5), e negou que a distribuição dos recursos tenha a ver com as votações na Câmara. “Os recursos para o plano de distribuição dos equipamentos foram autorizados pelo PLN 33/2017, que foi apresentado ao Congresso Nacional em 15 de outubro e aprovado em 30 de novembro do ano passado, ou seja, não há relação com o calendário de votações do Legislativo”, afirmou a pasta.
No entanto, um dos vice-líderes do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), admitiu que, somente ele, havia indicado 20 prefeituras. “É governo ou não é governo? É governo? Recebe. Não é governo? Não recebe. Foi fiel? Recebe. Não foi fiel? Não recebe” , afirmou.
Ele também admitiu que a "premiação" tem relação com as duas denúncias contra Temer na Câmara, e com o apoio à reforma da Previdência. "Tudo, tudo".
O ministro Carlos Marun, responsável pela articulação política do governo, fez coro com o Ministério da Saúde e disse que a distribuição dos recursos atenderá às necessidades dos municípios e não às indicações de deputados.
“O que são encaminhados, muitas vezes, [pelos deputados] são pleitos de municípios que estão precisando. Os deputados estão muitas vezes aqui para representar os municípios e representar seus pleitos”, afirmou o ministro.
Não é o que dizem os parlamentares da oposição. Um deles, que pediu anonimato, contou que o próprio Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde, havia informado que as indicações para ambulâncias e equipamentos odontológicos só poderiam ser feitas por quem tivesse ajudado a barrar as acusações contra o presidente.
Em dezembro, o ministério liberou dinheiro para a aquisição de 6,5 mil ambulâncias, 10 mil equipamentos odontológicos e mil vans destinadas ao transporte de pacientes para tratamentos não emergenciais.
Ao todo, informou a pasta, o governo vai desembolsar R$ 960 milhões. Os preços por unidade são os seguintes, segundo o ministério:
Ambulância: R$ 80 mil
Consultório odontológico: R$ 25 mil
Van de transporte sanitário eletivo: R$ 190 mil
A portaria que liberou os recursos, publicada em 12 de dezembro, determina que os municípios e estados interessados em obter a verba para financiar a compra dos veículos e equipamentos deverão fazer a solicitação dos itens por meio de um sistema do Ministério da Saúde chamado e-Gestor.