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O governador do Rio Grande do Sul e candidato para as prévias tucanas, Eduardo Leite, admitiu ter tentado impedir o início da vacinação contra a COVID-19 em São Paulo, em 17 de janeiro deste ano. Ele confirmou que, a pedido do então ministro da Casa Civil Luiz Eduardo Ramos, ele ligou para o governador do estado paulista, João Doria, e fez o pedido.
"Houve uma conversa nessa direção, não foi um pedido de intervenção, mas um pedido de reflexão. Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado", disse em entrevista à Folha.
Leite, que já contou publicamente ter votado em Bolsonaro nas eleições de 2018, foi fortemente criticado nas redes sociais pela declaração. Isso porque desde que ganhou notoriedade, em julho deste ano, após assumir a homoafetividade, ele fez questão de dizer que o atual presidente não tem o voto dele, em uma postura de distanciamento do chefe do Executivo.
O Brasil começou a vacinação contra a COVID-19 312 dias após o início da pandemia em um gesto de teimosia de Doria. Isso porque até então o Ministério da Saúde afirmava que não tinha previsão para iniciar a imunização, chegando até afirmar que seria no "dia D, na hora H". Enquanto a vacina era postergada, o país registrava mais de mil mortes diárias.
"Completamente bizarra essa história. Enquanto o João Doria comprou a briga da vacina, o Eduardo Leite assumiu ter feito tabelinha com o governo Bolsonaro. O governo que, naquela época, tentava boicotar a vacinação e só se importava em "vencer" o governador de São Paulo", disse Thiago Sussekind, líder estadual do Acredito-RJ.
"O Eduardo Leite pode ser até uma flor mal cheirosa mais cheirosinha que as outras, mas tendo feito um pedido que se aceito feriria a saúde de milhares de pessoas, ele perdeu qualquer apoio que eu lhe poderia dar de momento. Saúde é a minha prioridade", disse Lucas Pupile. Já o geógrafo Pedro Ronchi definiu que "tucanos e Bolsonaro são todos farinha do mesmo saco".
Teve quem até criou uma teoria sobre a possível candidatura de Eduardo Leite pelo PSDB. "Palpite: Eduardo Leite quer ganhar as prévias pra depois vender o apoio do PSSB ao Bolsonaro em troca da vaga de vice. E daí reeleger Bolsonaro e passar quatro anos impondo a pauta pra 'não abrir processo de impeachment'. Não vai dar certo, mas até eles sabem que 3a via já morreu", afirmou o cientista social Leonardo Rossatto.
Episódio vira conflito entre Doria e Leite e pode ser decisivo para as prévias
A polêmica ocorre quatro dias antes das prévias presidenciais do PSDB, que ocorrem domingo (21/11). Leite disputa a vaga de pré-candidato pela sigla tucana justo com Doria, que se consolidou como um dos grandes nomes responsáveis por pressionar o governo Bolsonaro a iniciar a vacinação contra a COVID-19 no país.
A declaração do governador gaúcho enfraquece e fragiliza a própria campanha e o adversário não perdeu tempo para garantir que a baixa fosse realmente sentida. Procurado pelo O Globo, Doria disse que, na ligação, respondeu a Leite que não iria adiar o evento e que "estava do lado da vida e dos brasileiros".
"Lamento, Eduardo, que você tenha se prestado a atender um pedido dessa natureza do general Ramos. Diga a ele que vamos iniciar a vacinação, tão logo a Anvisa autorize a utilização da Coronavac. E que eu estou ao lado da vida e dos brasileiros", teria dito Doria a Leite.
No entanto, a fala foi rebatida pelo governador do Rio Grande do Sul, que classificou a declaração como uma "frase heroica" que não existiu.
"Naquele dia, o general Ramos ligou para Eduardo e pediu que convencesse Doria a aderir ao projeto de coordenação nacional da vacina. Naquele momento, havia uma inflexão do governo federal quanto a aceitar a vacinação ampla. Leite ligou para Doria para debater como os dois conduziriam esta questão", diz o texto enviado ao O Globo.
"Privilegiariam a coordenação nacional num momento em que o governo federal assumira o compromisso de vacinar, ou trabalhariam sem ela? Doria rechaçou a coordenação nacional e disse que iria conquistar, a qualquer custo, a aplicação da primeira vacina. Leite questionou se isso seria seguro para a população -valia a pena sacrificar a ideia da coordenação nacional? Doria respondeu: 'Eu vou aplicar a primeira vacina, custe o que custar'. Leite, então, desistiu de continuar a conversa", finaliza a nota.
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O governador do Rio Grande do Sul e candidato para as prévias tucanas, Eduardo Leite, admitiu ter tentado impedir o início da vacinação contra a COVID-19 em São Paulo, em 17 de janeiro deste ano. Ele confirmou que, a pedido do então ministro da Casa Civil Luiz Eduardo Ramos, ele ligou para o governador do estado paulista, João Doria, e fez o pedido.
"Houve uma conversa nessa direção, não foi um pedido de intervenção, mas um pedido de reflexão. Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado", disse em entrevista à Folha.
Leite, que já contou publicamente ter votado em Bolsonaro nas eleições de 2018, foi fortemente criticado nas redes sociais pela declaração. Isso porque desde que ganhou notoriedade, em julho deste ano, após assumir a homoafetividade, ele fez questão de dizer que o atual presidente não tem o voto dele, em uma postura de distanciamento do chefe do Executivo.
O Brasil começou a vacinação contra a COVID-19 312 dias após o início da pandemia em um gesto de teimosia de Doria. Isso porque até então o Ministério da Saúde afirmava que não tinha previsão para iniciar a imunização, chegando até afirmar que seria no "dia D, na hora H". Enquanto a vacina era postergada, o país registrava mais de mil mortes diárias.
"Completamente bizarra essa história. Enquanto o João Doria comprou a briga da vacina, o Eduardo Leite assumiu ter feito tabelinha com o governo Bolsonaro. O governo que, naquela época, tentava boicotar a vacinação e só se importava em "vencer" o governador de São Paulo", disse Thiago Sussekind, líder estadual do Acredito-RJ.
"O Eduardo Leite pode ser até uma flor mal cheirosa mais cheirosinha que as outras, mas tendo feito um pedido que se aceito feriria a saúde de milhares de pessoas, ele perdeu qualquer apoio que eu lhe poderia dar de momento. Saúde é a minha prioridade", disse Lucas Pupile. Já o geógrafo Pedro Ronchi definiu que "tucanos e Bolsonaro são todos farinha do mesmo saco".
Teve quem até criou uma teoria sobre a possível candidatura de Eduardo Leite pelo PSDB. "Palpite: Eduardo Leite quer ganhar as prévias pra depois vender o apoio do PSSB ao Bolsonaro em troca da vaga de vice. E daí reeleger Bolsonaro e passar quatro anos impondo a pauta pra 'não abrir processo de impeachment'. Não vai dar certo, mas até eles sabem que 3a via já morreu", afirmou o cientista social Leonardo Rossatto.
Episódio vira conflito entre Doria e Leite e pode ser decisivo para as prévias
A polêmica ocorre quatro dias antes das prévias presidenciais do PSDB, que ocorrem domingo (21/11). Leite disputa a vaga de pré-candidato pela sigla tucana justo com Doria, que se consolidou como um dos grandes nomes responsáveis por pressionar o governo Bolsonaro a iniciar a vacinação contra a COVID-19 no país.
A declaração do governador gaúcho enfraquece e fragiliza a própria campanha e o adversário não perdeu tempo para garantir que a baixa fosse realmente sentida. Procurado pelo O Globo, Doria disse que, na ligação, respondeu a Leite que não iria adiar o evento e que "estava do lado da vida e dos brasileiros".
"Lamento, Eduardo, que você tenha se prestado a atender um pedido dessa natureza do general Ramos. Diga a ele que vamos iniciar a vacinação, tão logo a Anvisa autorize a utilização da Coronavac. E que eu estou ao lado da vida e dos brasileiros", teria dito Doria a Leite.
No entanto, a fala foi rebatida pelo governador do Rio Grande do Sul, que classificou a declaração como uma "frase heroica" que não existiu.
"Naquele dia, o general Ramos ligou para Eduardo e pediu que convencesse Doria a aderir ao projeto de coordenação nacional da vacina. Naquele momento, havia uma inflexão do governo federal quanto a aceitar a vacinação ampla. Leite ligou para Doria para debater como os dois conduziriam esta questão", diz o texto enviado ao O Globo.
"Privilegiariam a coordenação nacional num momento em que o governo federal assumira o compromisso de vacinar, ou trabalhariam sem ela? Doria rechaçou a coordenação nacional e disse que iria conquistar, a qualquer custo, a aplicação da primeira vacina. Leite questionou se isso seria seguro para a população -valia a pena sacrificar a ideia da coordenação nacional? Doria respondeu: 'Eu vou aplicar a primeira vacina, custe o que custar'. Leite, então, desistiu de continuar a conversa", finaliza a nota.