O objetivo era lembrar e debater os crimes cometidos pelo governo brasileiro durante a Ditadura Militar (1964-1984) durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Porém, logo no início dos trabalhos, o deputado Caporezzo (PL) provocou vaias da plateia ao defender as mortes cometidas pelo regime ditatorial.
 
"Quando a gente confronta o número de mortos do regime (militar) com o número de mortos nos governos comunistas, realmente, o regime militar matou foi pouco", disse o parlamentar, que serviu na Polícia Militar por 12 anos e se descreve como "cristão e conservador" na biografia do portald a ALMG.

Antes mesmo do pronunciamento, a audiência havia sido suspensa pela deputada Bella Gonçalves (Psol), que presidia a sessão, devido às falas do próprio Caporezzo, que enalteceu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, figura polêmica da Ditadura e que chegou a ser condenado por tortura, mas o crime posteriormente foi considerado prescrito pela Justiça. Ustra é indicado pela Comissão da Verdade como um dos principais torturadores da Ditadura Militar.

“Fez um trabalho excepcional frente ao centro de informação, o DOI-CODI do 2º Exército”, afirmou o deputado Caporezzo, em menção ao departamento que era palco de parte das torturas e assassinatos atribuídos ao governo militar brasileiro.

Após a polêmica inicial, quando a fala retornou ao parlamentar, parte da plateia virou as costas e levantou cartazes com nomes de pessoas consideradas desaparecidas durante a Ditadura.

A manifestação de Caporezzo também recebeu críticas de parlamentares que organizaram a audiência. “Eu gostaria de pedir perdão às vítimas, aos filhos e filhas de pessoas que foram torturadas na Ditadura. Ter isso no parlamento demonstra que ainda temos que lutar muito para vencermos o fascismo, vencermos essa visão de mundo que ainda existe”, destacou a deputada Beatriz Cerqueira (PT), uma das organizardoras da audiência na comissão da ALMG.