Ex-apresentadora do programa 'Sem censura' migra para o YouTube, onde entrevista de Zeca Pagodinho e Jair Bolsonaro a João Gordo
/uai.com.br
Em seus 67 anos de vida e quatro décadas de carreira, a jornalista Leda Nagle “virou notícia” duas vezes. A primeira, em 1980, quando o primo Fernando Gabeira – na época, guerrilheiro recém-anistiado – vestiu a tanga do biquíni dela e foi pegar praia em Ipanema. A outra, em dezembro de 2016, com a repercussão de sua traumática demissão da TV Brasil, onde trabalhou por 20 anos como apresentadora do programa Sem censura. O histórico rolê de Gabeira ainda está fresco na cabeça da repórter. Já do episódio mais recente ela diz nem tomar conhecimento. “Passado total. Foi em outra encarnação, nesta agora sou youtuber!”, brinca.
Com algumas economias no bolso, Leda Nagle migrou para o YouTube em fevereiro de 2017, menos de dois meses depois de ser dispensada do Sem censura. E não fez feio. Um ano depois de lançado, seu canal ultrapassou 120 mil seguidores e 4,3 milhões de visualizações, recebendo vários convidados ilustres. A Leda digital se tornou mais prestigiada do que a Leda da TV.
Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Padre Fábio de Melo, João Gordo e até o controverso deputado Jair Bolsonaro estão entre os entrevistados da juiz-forana. “Ainda bem. Não tenho dificuldade nenhuma de marcar entrevistas. Até hoje, ninguém recusou e as pessoas têm prazer em vir”, comemora.
A internet, conta ela, é um desafio superado. “Não me atrapalhei com questões técnicas. Aprendi tudo na marra – da criação do canal à postagem, passando pela monetização dos vídeos. Quanto à linguagem digital, isso não pegou pra mim, pois não sigo o modelo dos youtubers. Faço entrevista, uma coisa que já sabia fazer”, explica.
Leda costuma gravar duas vezes por semana – uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro. O cenário é sempre sua casa, onde, segundo ela, os convidados se soltam mais, ao contrário dos estúdios em que trabalhou a vida inteira. Em cada cidade há uma equipe contratada para gravar e editar o material. A produção fica por conta da jornalista e do filho dela, o ator Duda Nagle.
“Apanhei um pouco na produção. No Sem censura, eu não produzia, tinha uma equipe. O meu canal ainda é de guerrilha, não dá pra pagar produtor. Então, eu e o Duda colocamos a mão na massa”, revela.
Duda Nagle tem se saído melhor do que a encomenda, diz Leda. E garante: o galã de Malhação tem sangue de jornalista. “Vou te dar dois exemplos em que ele estava antenado com as discussões que estão rolando e me pautou. Uma delas foi quando me trouxe a Lúcia Helena Galvão, filósofa do Instituto Acrópole. Nunca tinha ouvido falar da Lúcia, que é genial. A conversa rendeu três vídeos. Ele também me trouxe o Bruno Garschagen, cientista político capixaba, que rendeu um papo ótimo. Duda ainda não sacou que tem talento pra isso. Mas algum dia ainda vai ser um cara da área. Ele tem o dom”, diz a mãe coruja.
O ator tem o seu próprio canal no YouTube. Em breve, Leda pretende se juntar ao filho em outra empreitada. “Chamo o projeto de Os Nagles: eu e o Duda produzindo material jornalístico a partir de dois olhares diferentes, de duas gerações, sobre um mesmo assunto”, adianta.
Namorada do ator há pouco mais de dois anos, Sabrina Satto, por enquanto, está nos planos apenas como entrevistada. Aliás, a nora foi uma das primeiras convidadas para bater papo com Leda no YouTube. “Ela também dá palpite. Muito generosa, nas raras ocasiões em que peço, compartilha contatos comigo”, elogia.
A jornalista jura que não sofre do folclórico ciúme materno. Natural para alguém como ela, que diz ter desenvolvido ótima relação com as mães dos ex-maridos. Aliás, o mito das “megeras” é algo que está no radar para projetos futuros. “Penso em escrever um livro sobre o papel da sogra. Vou ouvir sogras polêmicas, filhos, noras, genros e especialistas. É um assunto que me interessa”, comenta Leda.
POLÍTICA Com mais de 500 mil visualizações, a entrevista com o deputado Jair Bolsonaro (PSC), pré-candidato à Presidência da República, foi a mais popular do canal da apresentadora no YouTube. “Foi a entrevista mais pedida até hoje, disparado. E também a mais comentada. Estou com mais de sete mil comentários para moderar aqui. Bolsonaro não é meu candidato, não pretendo votar nele, mas posso dizer que me surpreendeu positivamente. Não vetou perguntas e não se alterou ao respondê-las. O foda é que a gente passa a metade da conversa com ele desmentindo algo. Tudo o que a gente pergunta ele nega. No mais, foi um papo muito civilizado”, afirma.
Possivelmente, o ranking da popularidade dos convidados de Leda surpreenderá os adeptos do noticiário político. Depois de Bolsonaro, a personalidade mais solicitada no canal foi João Amoêdo, presidente do Partido Novo. Leda pretende entrevistar dom Bertrand Orleans e Bragança, herdeiro do trono brasileiro e adepto do monarquismo.
“Não imaginava isso, mas como tem monarquista aqui! Eles são mais bem mais numerosos do que eu imaginava, ou, pelo menos, muito barulhentos. Há vários comentários no canal pedindo a volta do rei. Então, claro que vou chamar dom Bertrand para conversar”, avisa Leda.
Na seara do entretenimento, as visitas mais concorridas à sogra de Sabrina Satto foram as do sambista Zeca Pagodinho, a atriz Luana Piovani, o cantor Zezé di Camargo, o humorista Danilo Gentili e a cantora Preta Gil. “O chato disso tudo é só a trabalheira que dá depois para moderar os comentários. Às vezes, rola muita baixaria. Não deixo passar mensagem ofensiva, com linguagem de baixo calão ou preconceituosa. No mais, permito discordar, protestar e xingar com alguma elegância. Esse contato direto com o público é uma coisa um pouco nova pra mim. No Sem censura, recebia telefonemas e e-mails. Alguns com críticas à minha pessoa, claro, mas nunca com a fúria da internet. Já me acostumei, faz parte”, conforma-se.
LINGUIÇA O que Leda lamenta, de verdade, é o fato de a audiência de seus vídeos não se traduzir em publicidade. A nova youtuber confessa: ainda não descobriu a estratégia para ganhar dinheiro na internet. “Sou virgem nessa área. Preciso realmente ver como funciona, pois por enquanto o dinheiro sai só do meu bolso. Preciso sobreviver, sou uma senhorinha cheia de contas a pagar”, brinca.
Empolgada com posts patrocinados exibidos por influenciadores digitais, a veterana jornalista já imagina parcerias de seu agrado. “Só faria propaganda do que eu uso. Por exemplo, adoro panela elétrica. Aperta um botão e ela faz arroz; aperta outro, faz pipoca. Comprei um monte delas. Então, poderia ser patrocinada pela Polishop, para citar uma marca. Tô sempre pagando algo de lá, não resisto. Também adoro fritadeira sem óleo. Sou mineira. Então, faço frequentemente linguiça nesse aparelho. Acebolada e tudo!.”
Com algumas economias no bolso, Leda Nagle migrou para o YouTube em fevereiro de 2017, menos de dois meses depois de ser dispensada do Sem censura. E não fez feio. Um ano depois de lançado, seu canal ultrapassou 120 mil seguidores e 4,3 milhões de visualizações, recebendo vários convidados ilustres. A Leda digital se tornou mais prestigiada do que a Leda da TV.
Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Padre Fábio de Melo, João Gordo e até o controverso deputado Jair Bolsonaro estão entre os entrevistados da juiz-forana. “Ainda bem. Não tenho dificuldade nenhuma de marcar entrevistas. Até hoje, ninguém recusou e as pessoas têm prazer em vir”, comemora.
A internet, conta ela, é um desafio superado. “Não me atrapalhei com questões técnicas. Aprendi tudo na marra – da criação do canal à postagem, passando pela monetização dos vídeos. Quanto à linguagem digital, isso não pegou pra mim, pois não sigo o modelo dos youtubers. Faço entrevista, uma coisa que já sabia fazer”, explica.
Leda costuma gravar duas vezes por semana – uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro. O cenário é sempre sua casa, onde, segundo ela, os convidados se soltam mais, ao contrário dos estúdios em que trabalhou a vida inteira. Em cada cidade há uma equipe contratada para gravar e editar o material. A produção fica por conta da jornalista e do filho dela, o ator Duda Nagle.
“Apanhei um pouco na produção. No Sem censura, eu não produzia, tinha uma equipe. O meu canal ainda é de guerrilha, não dá pra pagar produtor. Então, eu e o Duda colocamos a mão na massa”, revela.
Duda Nagle tem se saído melhor do que a encomenda, diz Leda. E garante: o galã de Malhação tem sangue de jornalista. “Vou te dar dois exemplos em que ele estava antenado com as discussões que estão rolando e me pautou. Uma delas foi quando me trouxe a Lúcia Helena Galvão, filósofa do Instituto Acrópole. Nunca tinha ouvido falar da Lúcia, que é genial. A conversa rendeu três vídeos. Ele também me trouxe o Bruno Garschagen, cientista político capixaba, que rendeu um papo ótimo. Duda ainda não sacou que tem talento pra isso. Mas algum dia ainda vai ser um cara da área. Ele tem o dom”, diz a mãe coruja.
O ator tem o seu próprio canal no YouTube. Em breve, Leda pretende se juntar ao filho em outra empreitada. “Chamo o projeto de Os Nagles: eu e o Duda produzindo material jornalístico a partir de dois olhares diferentes, de duas gerações, sobre um mesmo assunto”, adianta.
Namorada do ator há pouco mais de dois anos, Sabrina Satto, por enquanto, está nos planos apenas como entrevistada. Aliás, a nora foi uma das primeiras convidadas para bater papo com Leda no YouTube. “Ela também dá palpite. Muito generosa, nas raras ocasiões em que peço, compartilha contatos comigo”, elogia.
A jornalista jura que não sofre do folclórico ciúme materno. Natural para alguém como ela, que diz ter desenvolvido ótima relação com as mães dos ex-maridos. Aliás, o mito das “megeras” é algo que está no radar para projetos futuros. “Penso em escrever um livro sobre o papel da sogra. Vou ouvir sogras polêmicas, filhos, noras, genros e especialistas. É um assunto que me interessa”, comenta Leda.
POLÍTICA Com mais de 500 mil visualizações, a entrevista com o deputado Jair Bolsonaro (PSC), pré-candidato à Presidência da República, foi a mais popular do canal da apresentadora no YouTube. “Foi a entrevista mais pedida até hoje, disparado. E também a mais comentada. Estou com mais de sete mil comentários para moderar aqui. Bolsonaro não é meu candidato, não pretendo votar nele, mas posso dizer que me surpreendeu positivamente. Não vetou perguntas e não se alterou ao respondê-las. O foda é que a gente passa a metade da conversa com ele desmentindo algo. Tudo o que a gente pergunta ele nega. No mais, foi um papo muito civilizado”, afirma.
Possivelmente, o ranking da popularidade dos convidados de Leda surpreenderá os adeptos do noticiário político. Depois de Bolsonaro, a personalidade mais solicitada no canal foi João Amoêdo, presidente do Partido Novo. Leda pretende entrevistar dom Bertrand Orleans e Bragança, herdeiro do trono brasileiro e adepto do monarquismo.
“Não imaginava isso, mas como tem monarquista aqui! Eles são mais bem mais numerosos do que eu imaginava, ou, pelo menos, muito barulhentos. Há vários comentários no canal pedindo a volta do rei. Então, claro que vou chamar dom Bertrand para conversar”, avisa Leda.
Na seara do entretenimento, as visitas mais concorridas à sogra de Sabrina Satto foram as do sambista Zeca Pagodinho, a atriz Luana Piovani, o cantor Zezé di Camargo, o humorista Danilo Gentili e a cantora Preta Gil. “O chato disso tudo é só a trabalheira que dá depois para moderar os comentários. Às vezes, rola muita baixaria. Não deixo passar mensagem ofensiva, com linguagem de baixo calão ou preconceituosa. No mais, permito discordar, protestar e xingar com alguma elegância. Esse contato direto com o público é uma coisa um pouco nova pra mim. No Sem censura, recebia telefonemas e e-mails. Alguns com críticas à minha pessoa, claro, mas nunca com a fúria da internet. Já me acostumei, faz parte”, conforma-se.
LINGUIÇA O que Leda lamenta, de verdade, é o fato de a audiência de seus vídeos não se traduzir em publicidade. A nova youtuber confessa: ainda não descobriu a estratégia para ganhar dinheiro na internet. “Sou virgem nessa área. Preciso realmente ver como funciona, pois por enquanto o dinheiro sai só do meu bolso. Preciso sobreviver, sou uma senhorinha cheia de contas a pagar”, brinca.
Empolgada com posts patrocinados exibidos por influenciadores digitais, a veterana jornalista já imagina parcerias de seu agrado. “Só faria propaganda do que eu uso. Por exemplo, adoro panela elétrica. Aperta um botão e ela faz arroz; aperta outro, faz pipoca. Comprei um monte delas. Então, poderia ser patrocinada pela Polishop, para citar uma marca. Tô sempre pagando algo de lá, não resisto. Também adoro fritadeira sem óleo. Sou mineira. Então, faço frequentemente linguiça nesse aparelho. Acebolada e tudo!.”