array(31) {
["id"]=>
int(172811)
["title"]=>
string(94) "Série brasileira'Homens sem lei' resgata a história do primeiro esquadrão da morte do país"
["content"]=>
string(7306) "A frase “Bandido bom é bandido morto”, que o Capitão Nascimento (Wagner Moura) popularizou na ficção no primeiro “Tropa de elite” (2007), é pura vida real. Foi criada por José Guilherme Godinho Sivuca Ferreira (1930-2021), que passou para a história como o famigerado Sivuca, delegado da polícia carioca eleito duas vezes deputado estadual.
“E enterrado em pé, pra não ocupar muito espaço”, o próprio Sivuca completou a frase, em entrevista a Jô Soares no talk show “Jô Onze e Meia”. Um trecho deste encontro abre a série “Homens sem lei”, que estreia hoje (14/8), no canal pago A&E.
Em cinco episódios, a produção documental acompanha o primeiro esquadrão da morte no Brasil, a chamada Scuderie Le Cocq. Criado no Rio de Janeiro nos anos 1960 e em atividade até a década de 1980, o grupo paramilitar tinha como símbolo a caveira sobre ossos.
A Scuderie matou muita gente no Rio e no Espírito Santo, onde tinha ramificação. Com direito a CNPJ e ficha de inscrição, chegou a 7 mil associados. Pelé e Frank Sinatra estavam entre eles.
Os chamados “Doze Homens de Ouro”, célebres policiais escolhidos para “limpar” o Rio de criminosos, travestis e moradores de rua, formavam o núcleo duro da Scuderie.
Sivuca era o único vivo quando a série começou a ser produzida – morreu de COVID em agosto de 2021, aos 90 anos, três meses depois de ser entrevistado por José Tapajós, o diretor de “Homens da lei”.
Cada episódio tem como protagonista um criminoso morto pelo esquadrão: Mineirinho (1962), Cara de Cavalo (1964), Sérgio Gordinho (1968) e Lúcio Flávio (1975). O último episódio traz Mariel Mariscot (1981), policial e membro da Scuderie, que cruzou a linha e caiu no banditismo.
“A gente quis que a história fosse contada pelas pessoas que participaram dela”, comenta Tapajós.
Imprensa e esquadrão da morte
A produção entrevistou repórteres que cobriram os casos célebres de cada época, como Luarlindo Ernesto, do extinto Última Hora, que testemunhou a criação do esquadrão da morte, além de Domingos Meirelles, Marcelo Beraba e Percival de Souza. Há também familiares dos personagens. Os escritores Zuenir Ventura e Nélida Piñon (1938-2022) estão no episódio de hoje.
Tapajós concorda que a relação entre imprensa, crime e polícia era misturada no período que a série cobre. Bandidos eram vistos como heróis. A atuação do grupo de extermínio, na opinião do diretor, ainda é pouco explorada no Brasil. “Tanto que convidamos o jornalista Bruno Paes Manso, autor de ‘A república das milícias’, para fazer o roteiro”. Ele foi escrito a oito mãos.
Mineirinho, o personagem do primeiro episódio, havia sido condenado a 104 anos de prisão. Foragido, foi morto pela polícia com 13 tiros em maio de 1962. Perseguido por centenas de policiais, a ação que o matou foi comandada pelo detetive Milton Le Cocq.
A quantidade de tiros gerou comoção. Mineirinho teria morrido na primeira bala, mas a polícia continuou atirando. Clarice Lispector foi uma das vozes contra a violência policial, em texto relembrado no episódio por sua amiga Nélida Piñon.
A costura do episódio é interessante, pois há depoimentos gravados para a série, notícias de jornal e também imagens do longa “Mineirinho: Vivo ou morto” (1967), com Jece Valadão como o personagem-título.
Hélio Oiticica
O segundo episódio tem presença forte do artista plástico Hélio Oiticica, que, inspirado na trajetória de Manoel Moreira, o Cara de Cavalo, criou obras com o nome dele.
Jards Macalé fala da cena cultural na década de 1970, de como artistas viam a violência policial. A bandeira com a frase “Seja marginal/ Seja herói”, de Oiticica, adotada pelos tropicalistas, foi inspirada nos assassinatos cometidos pelos policiais.
Outro filme que ganha sequências na série é “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia” (1977), de Hector Babenco. “Há uma história curiosa sobre ele”, conta Tapajós. “A família do Lúcio Flávio foi à pré-estreia e não gostou do filme. Partiram para cima do Babenco, que teve de ir embora do cinema escoltado pela polícia.”
“HOMENS SEM LEI”
Série em cinco episódios. Estreia nesta quinta (14/8), às 22h50, no canal A&E. Novos episódios às quintas, no mesmo horário.
"
["author"]=>
string(15) "Mariana Peixoto"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(629539)
["filename"]=>
string(16) "caradecavalo.jpg"
["size"]=>
string(5) "97125"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(10) "puliticas/"
}
["image_caption"]=>
string(179) "Manoel Moreira, o Cara de Cavalo, foi executado por integrantes da Scuderie Le Cocq, inspirou o artista Hélio Oiticica e virou bandeira do tropicalismo/crédito: A&E/divulgação"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(182) "Seriado acompanha a Scuderie Le Cocq, formada no Rio de Janeiro nos anos 1960, e os famosos bandidos executados por ela. Produção estreia hoje (14/8), no A&E
"
["author_slug"]=>
string(15) "mariana-peixoto"
["views"]=>
int(84)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(89) "serie-brasileira-homens-sem-lei-resgata-a-historia-do-primeiro-esquadrao-da-morte-do-pais"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(466)
["name"]=>
string(13) "Na tela da TV"
["description"]=>
string(0) ""
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(13) "na-tela-da-tv"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(466)
["name"]=>
string(13) "Na tela da TV"
["description"]=>
string(0) ""
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(13) "na-tela-da-tv"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-08-14 10:40:48.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-08-14 10:40:48.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2025-08-14T10:30:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(26) "puliticas/caradecavalo.jpg"
}
A frase “Bandido bom é bandido morto”, que o Capitão Nascimento (Wagner Moura) popularizou na ficção no primeiro “Tropa de elite” (2007), é pura vida real. Foi criada por José Guilherme Godinho Sivuca Ferreira (1930-2021), que passou para a história como o famigerado Sivuca, delegado da polícia carioca eleito duas vezes deputado estadual.
“E enterrado em pé, pra não ocupar muito espaço”, o próprio Sivuca completou a frase, em entrevista a Jô Soares no talk show “Jô Onze e Meia”. Um trecho deste encontro abre a série “Homens sem lei”, que estreia hoje (14/8), no canal pago A&E.
Em cinco episódios, a produção documental acompanha o primeiro esquadrão da morte no Brasil, a chamada Scuderie Le Cocq. Criado no Rio de Janeiro nos anos 1960 e em atividade até a década de 1980, o grupo paramilitar tinha como símbolo a caveira sobre ossos.
A Scuderie matou muita gente no Rio e no Espírito Santo, onde tinha ramificação. Com direito a CNPJ e ficha de inscrição, chegou a 7 mil associados. Pelé e Frank Sinatra estavam entre eles.
Os chamados “Doze Homens de Ouro”, célebres policiais escolhidos para “limpar” o Rio de criminosos, travestis e moradores de rua, formavam o núcleo duro da Scuderie.
Sivuca era o único vivo quando a série começou a ser produzida – morreu de COVID em agosto de 2021, aos 90 anos, três meses depois de ser entrevistado por José Tapajós, o diretor de “Homens da lei”.
Cada episódio tem como protagonista um criminoso morto pelo esquadrão: Mineirinho (1962), Cara de Cavalo (1964), Sérgio Gordinho (1968) e Lúcio Flávio (1975). O último episódio traz Mariel Mariscot (1981), policial e membro da Scuderie, que cruzou a linha e caiu no banditismo.
“A gente quis que a história fosse contada pelas pessoas que participaram dela”, comenta Tapajós.
Imprensa e esquadrão da morte
A produção entrevistou repórteres que cobriram os casos célebres de cada época, como Luarlindo Ernesto, do extinto Última Hora, que testemunhou a criação do esquadrão da morte, além de Domingos Meirelles, Marcelo Beraba e Percival de Souza. Há também familiares dos personagens. Os escritores Zuenir Ventura e Nélida Piñon (1938-2022) estão no episódio de hoje.
Tapajós concorda que a relação entre imprensa, crime e polícia era misturada no período que a série cobre. Bandidos eram vistos como heróis. A atuação do grupo de extermínio, na opinião do diretor, ainda é pouco explorada no Brasil. “Tanto que convidamos o jornalista Bruno Paes Manso, autor de ‘A república das milícias’, para fazer o roteiro”. Ele foi escrito a oito mãos.
Mineirinho, o personagem do primeiro episódio, havia sido condenado a 104 anos de prisão. Foragido, foi morto pela polícia com 13 tiros em maio de 1962. Perseguido por centenas de policiais, a ação que o matou foi comandada pelo detetive Milton Le Cocq.
A quantidade de tiros gerou comoção. Mineirinho teria morrido na primeira bala, mas a polícia continuou atirando. Clarice Lispector foi uma das vozes contra a violência policial, em texto relembrado no episódio por sua amiga Nélida Piñon.
A costura do episódio é interessante, pois há depoimentos gravados para a série, notícias de jornal e também imagens do longa “Mineirinho: Vivo ou morto” (1967), com Jece Valadão como o personagem-título.
Hélio Oiticica
O segundo episódio tem presença forte do artista plástico Hélio Oiticica, que, inspirado na trajetória de Manoel Moreira, o Cara de Cavalo, criou obras com o nome dele.
Jards Macalé fala da cena cultural na década de 1970, de como artistas viam a violência policial. A bandeira com a frase “Seja marginal/ Seja herói”, de Oiticica, adotada pelos tropicalistas, foi inspirada nos assassinatos cometidos pelos policiais.
Outro filme que ganha sequências na série é “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia” (1977), de Hector Babenco. “Há uma história curiosa sobre ele”, conta Tapajós. “A família do Lúcio Flávio foi à pré-estreia e não gostou do filme. Partiram para cima do Babenco, que teve de ir embora do cinema escoltado pela polícia.”
“HOMENS SEM LEI”
Série em cinco episódios. Estreia nesta quinta (14/8), às 22h50, no canal A&E. Novos episódios às quintas, no mesmo horário.