SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Primeira novela inédita desde o início da pandemia, "Gênesis" tem mantido audiência elevada para Record nesse primeiro mês de exibição, com uma média diária que supera os 15 pontos no país;
 
Levantamento da The Wit, empresa que monitora as tendências e a resposta do público global aos programas digitais e de TV, a trama foi o programa que mais conquistou seguidores entre as atrações que estrearam em janeiro em todo o mundo.


Para o vice-presidente artístico da emissora, Marcelo Silva, parte do sucesso pode ser explicado pelo ineditismo do projeto. "É mais um marco da televisão brasileira. É um projeto audacioso e corajoso. A maioria das histórias faz parte do que as pessoas já conhecem, e acreditamos que elas estejam curiosas sobre como vamos transportar para a tela, diz Silva.


Para ele, a ideia é investir na produção para atrair os diferentes perfis de telespectadores. "Gênesis" é o principal produto de teledramaturgia da Record para o primeiro semestre de 2021. A trama se divide em sete fases: Éden, Dilúvio e Torre de Babel já foram ao ar. A fase atual é Ur dos Caldeus. E, em breve, virão Abraão, Jacó e José.


"É como se produzíssemos sete novelas ao mesmo tempo. Em cada uma das fases, tratamos de épocas e personagens conhecidos da história. Isso representa um trabalho enorme, de pesquisa histórica a produção, que envolve atores, figurinos e cenários. Uma força-tarefa", afirma o vice-presidente.


A superprodução conta com cerca de 800 profissionais diretos e indiretos, 250 atores - o maior elenco já mobilizado para uma novela no Brasil -, 66 cenários, 16 estruturas externas, 98 ambientes com locações no Brasil e no Marrocos, e 25 mil peças de figurino produzidas.


Na internet, a audiência e a busca pela trama são expressivas. "Nos impressionou o número de memes e comentários nas redes sociais diariamente. Somos Trending Topics diariamente no Twitter. Temos a única novela inédita no ar neste momento. A história tem grandes eventos com efeitos especiais riquíssimos", diz Silva.

 

"Gênesis" tem 150 capítulos escritos, mas é possível que esse número aumente. Silva afirma que pode haver edição dos episódios devido às adaptações da grade de programação. As próximas produções previstas pela Record vão contar a história de Davi, seguida da história de Salomão.


'GÊNESIS' EM ALTA


O primeiro mês da novela "Genesis" foi muito bem em ibope. A média nacional da trama está em torno dos 15 pontos, o que assegura a segunda posição no horário em todo o país. Até o 14° capítulo, o folhetim já havia sido assistida por 70 milhões de pessoas.


Em São Paulo, desde a estreia até o dia 5 de fevereiro, a novela foi vista por 7 milhões de telespectadores. Segundo o Kantar Ibope, Goiânia (GO) é a praça onde "Gênesis" faz mais sucesso - a média por lá supera os 20 pontos, seguida por Belém (PA), com 19,4 pontos, e Salvador (BA), com 18,9 pontos.


A superprodução é considerada, até agora, a novela bíblica com maior audiência da história da Record, tanto no mercado nacional quanto em São Paulo. A novela "Os Dez Mandamentos" (2015) também começou bem, mas não atingiu essa marca. A média geral dos primeiros episódios era de pouco mais de 13 pontos.

 

O folhetim também tem tido destaque nas redes sociais. Levantamento produzido pela empresa The Wit, que monitora as tendências e a resposta do público global aos programas digitais e de TV, "Gênesis" foi o programa que mais conquistou seguidores entre as atrações que estrearam em janeiro em todo o mundo. Na rede social Instagram, "Gênesis" alcançou mais 600 mil seguidores desde janeiro.


TRAMA ÁGIL EXPLICA SUCESSO DO FOLHETIM


Especialistas em TV ouvidos pela reportagem afirmam que "Gênesis" acumula altos e baixos no balanço do primeiro mês na Record. Claudino Mayer aponta quais são os pontos positivos da narrativa bíblica. "Os autores citam a fonte [informação] quando fazem menções de passagens bíblicas, isso é bom. Os efeitos especiais são pontos relevantes, que fazem o público se emocionar. Um exemplo foi a cena do dilúvio. O primeiro capítulo foi determinante para prender o público. Durante duas semanas, a trama foi dinâmica."


Quanto às "licenças poéticas", Mayer afirma que prejudicaram a trama. "Texto original passa a ser referência. É uma forma diferente de contar a história para que ela fique mais compreensiva e de fácil entendimento."


Em contrapartida, o especialista diz que "Gênesis" é repetitiva. "Ela não tem nada de diferente, nem a acrescentar. Parte do pressuposto de que o público já conhece a história e os personagens. Mesmo assim, as repetições despertam interesses na vida do público."


Para o especialista em TV Dirceu Lemos, o sucesso inicial de "Gênesis" pode ser atrelado a uma série de fatores, dentre eles a ampla campanha publicitária, a força do texto com uma história mundialmente conhecida e a agilidade de cada etapa.
"A trama é dividida em sete fases com elencos e histórias diferentes. É como se fossem sete minisséries, uma seguida da outra. A primeira fase, Adão e Eva, teve três capítulos. A segunda fase, Noé e o Dilúvio, durou apenas quatro. Essa brevidade de cada história dá mais dinamismo à narrativa", comenta.

O especialista ainda aponta a qualidade dos efeitos especiais e até uma polaridade política para favorecer a audiência. "Muitos seguidores do presidente Jair Bolsonaro levaram a polarização às emissoras de TV, considerando a Globo como 'inimiga'. Parte da audiência conservadora rejeita temas abordados nas novelas globais, por exemplo a identidade de gênero com a transição da personagem trans Ivana (Carol Duarte), em 'A Força do Querer'", diz.


Lemos conta que o livro de Gênesis tem 50 capítulos divididos em 1.522 versículos. E que muitos deles são descritivos, mas que outros são apenas diálogos. "Os autores da novela são fiéis aos personagens e ao texto original, e a licença poética está nos personagens e nos textos que não estão na Bíblia."


O contraponto vem em relação à caracterização dos personagens. "Vimos atrizes com maquiagens fashionistas, cortes de cabelo e penteados totalmente incompatíveis com a época. O carregado sotaque carioca de alguns atores também demonstra fragilidade na preparação de elenco", finaliza.