Foi um elogio de Luiz Gonzaga à versão de Asa branca adaptada pelo Quinteto Violado ainda nos anos 1970 que fez o grupo pernambucano criar uma relação afetiva com a canção. Quase 50 anos depois, a banda revisita o sucesso para criar um projeto musical intitulado Asa branca - A voz do Nordeste. A iniciativa reúne músicos da região em um videoclipe colaborativo gravado à distância em tempos de isolamento social. O lançamento será neste sábado (20), às 20h, nas redes sociais (@quintetoviolado) e em plataformas digitais como YouTube e Spotify.

Participam do vídeo os pernambucanos Geraldo Azevedo, Lenine, Anastácia, Banda de Pau e Corda e Sandro (flautista que participou da gravação original da versão), os paraibanos Chico César e Elba Ramalho, os maranhenses Zeca Baleiro, Flávia Bittencourt e Nosly, a potiguar Marina Elali, o sergipano Mestrinho e o piauiense Chambinho do Acordeon.

"Convidamos artistas que admiramos para levar uma mensagem de amor, esperança e união aos nordestinos", explica o tecladista Dudu Alves, filho de Toinho, um dos fundadores do Quinteto Violado, em 1970. Atualmente, o grupo é liderado pelo vocalista e violonista Marcelo Melo, único remanescente da formação inicial, e tem ainda Ciano Alves (flauta e violão), Roberto Medeiros (percussão e voz) e Sandro Lins (contrabaixo). 

Os artistas cantam de casa trechos de Asa branca, clássico composto em 1947 por Gonzagão e Humberto Teixeira. "Este ano nos pegou desprevenidos, está sendo totalmente fora do esperado. Nos tempos difíceis em que vivemos, aproveitamos para fazer produções primárias e nos familiarizar com o processo audiovisual, o que acabou dando a ideia de nos unir virtualmente", conta Dudu, responsável pela direção musical do projeto, cuja identidade visual, com um olhar moderno à xilogravura, foi realizada pelo coletivo Marcianas.

O projeto vai alavancar outras ações além do videoclipe. "Pensamos muito em criar um festival de música nordestina", adianta o músico. "Embaixadas brasileiras em países como Turquia, Cabo Verde, Alemanha, Estados Unidos e Noruega estão divulgando o nosso projeto e já em contato para novas ações destinadas ao público de lá", garante.

Para Dudu Alves , a classe artística foi uma das mais atingidas com a pandemia. "Eu acho que se fala muito do comércio, dos shoppings e demais setores, mas quando a gente começa a falar da classe artística, a gente vê que foi uma das mais prejudicadas. Desde o início, tivemos teatros e casas de shows fechados por conta da aglomeração. Ainda no início do ano, o Quinteto já tinha 18 shows já programados para o São João, que precisaram ser cancelados. Também tínhamos 26 concertos-aulas com estudantes de escola pública que precisaram ser adiados para 2021", afirma.

O grupo aguarda agora a seleção do edital da programação junina da Prefeitura do Recife para realizar a primeira live. Esta é a segunda ação do Quinteto Violado durante o período de pandemia. A primeira foi com a venda de ingressos solidários da reexibição do especial de comemoração dos 40 anos do grupo, em 2011, gravado e veiculado pela Rede Globo Nordeste. A renda foi doada ao Centro de Reabilitação e Valorização da Criança (Cervac), localizado no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife.