Em 1969, Almeida Prado cravou seu nome no topo do Festival de Música da Guanabara graças à cantata “Pequenos Funerais Cantantes”, baseada em um texto escrito por sua prima Hilda Hilst. Aquela primeira honraria foi sucedida por décadas de contribuições à música brasileira. “Ele morreu relativamente cedo (aos 67 anos), em 2010, talvez no auge de sua criação”, ressalta Fabio Mechetti, maestro da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, responsável por lançar neste mês um disco que presta um tributo à obra do compositor e pianista santista.
 
“Almeida Prado: Obras Para Piano e Orquestra” já disponível nas plataformas digitais, é fruto de uma parceria da instituição com a pianista Sonia Rubinsky.

“Ela é uma profunda conhecedora da obra pianística de Almeida Prado, tendo já executado conosco uma das músicas do CD, em 2008. A Sonia teve contato direto com o compositor quando este era professor da Unicamp, e ela, como campineira, teve essa oportunidade única de trabalhar com ele. Não poderíamos ter encontrado melhor intérprete para encabeçar esse projeto”, afirma Mechetti.


O conteúdo do CD traz “Aurora” (1975), “Concerto nº 1 para Piano” (1982-1983) e “Concerto Fribourgeois” (1985), que enfatizam a veia criativa deste compositor importantíssimo para a música erudita, mas “um tanto desconhecido de nosso público”, como destaca o maestro.

“Para mim, ele é um dos poucos compositores brasileiros, e diria até internacionais, que criaram uma linguagem absolutamente própria, identificável, baseada em sua vivência contínua com as grandes correntes estéticas do século XX, e capaz de se posicionar como um dos grandes compositores que o Brasil produziu. Espero que, com esse CD, o Brasil e o resto do mundo passem a conhecer melhor sua obra”, comenta.

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Eugênio Sávio/Divulgação

Futuro

O disco pode ser considerado um alento em um momento tão difícil. A frustração é o sentimento apontado por Fabio Mechetti em função deste período de isolamento social provocado pelo novo coronavírus. “Tínhamos acabado de começar uma temporada de maneira memorável, com a celebração dos cinco anos da Sala Minas Gerais e estávamos planejando uma para os 250 anos de Beethoven”, pontua.

“Esperamos que nos próximos meses possamos voltar gradativamente aos concertos ao vivo, logicamente com o devido cuidado tanto com o público como com nossos músicos e demais trabalhadores da Orquestra. Assim que tivermos melhor ideia dos próximos passos, em resposta ao timing da reabertura das atividades na cidade e no Estado, anunciaremos nossa programação para o segundo semestre”, diz.