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Ao acordar hoje em sua casa, no Rio de Janeiro, Milton Nascimento terá 80 anos. Terá, também, uma vida e uma carreira absolutamente fundamental para a música popular brasileira para celebrar. Nascido no Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1942, Milton não tinha dois anos de idade quando a mãe biológica, Maria do Carmo do Nascimento, a Carminha, foi levada pela tuberculose.
Maria, a avó materna, não tinha condições de criar o menino. Os ventos do destino e o amor de Lília, sua mãe adotiva, levaram a criança para Três Pontas, no Sul de Minas.
Na cidade, durante a infância, ganhou um apelido sonoro: Bituca, por fazer um bico indisfarçável quando algo o contrariava, numa referência ao grupo indígena Botocudos.
E, de Minas Gerais, Milton foi para o mundo, com escala em uma esquina no Santa Tereza, na região Leste de BH, mais precisamente no metro quadrado em que as ruas Divinópolis e Paraisópolis se encontram. Mas a esquina é, também, metafísica e pode estar na portuária Liverpool ou em alguma capital da América Latina. São 80 anos, e Milton Nascimento acabou se tornando, natural e inconscientemente, sinônimo e espelho de uma paisagem tão particular quanto universal.
Onipresente, Bituca conseguiu se entranhar, se infiltrar e permanecer de modo único e especial na cultura e na vida mineira. É como se um e outro fossem somente um. A capa do disco “Minas”, de 1975, com Milton tal qual um profeta barroco de Aleijadinho, com a pele preta e os olhos levemente vermelhos, deveria ser proclamada como a outra bandeira de Minas Gerais.
Em 2022, são vários os marcos que ganham festejos: as oito décadas de nascimento daquele que um dia Elis Regina disse ser a “voz de Deus”, os 50 anos do disco “Clube da Esquina”, que inaugura o movimento e uma nova consciência musical, e a turnê de despedida de Milton dos palcos, a sua “Última Sessão de Música”, cujo encerramento se dará no palco do Mineirão, no início da noite de 13 de novembro, um domingo em que o Gigante da Pampulha abraçará Bituca como um dia o fez com Pelé, Tostão e Reinaldo.
Assim, com tantos eventos num só ano, a história de Milton está sendo contada em musical, espetáculo teatral infantil, reportagens e especiais de jornais, portais e TV; personalidades das artes homenageiam Bituca pelos quatro cantos do mundo, basta ver as fotos que ele publica no Instagram com Paul Simon, Wayne Shorter, Spike Lee e tantos outros artistas brasileiros.
“Nem tenho palavras para dizer o quanto isso tem me deixado feliz. Então eu só tenho a agradecer por tudo que a vida tem nos proporcionado neste ano da minha despedida dos palcos. Mas, como eu tenho dito sempre, me despeço dos palcos, da música jamais”, diz o aniversariante do dia em entrevista a O TEMPO.
Milton passará o aniversário em Juiz de Fora. Pela manhã, escutará Beatles, como faz praticamente em todas as manhãs. Ao filho e produtor Augusto Nascimento, se junta a Bituca a contrabaixista e cantora de jazz norte-americana Esperanza Spalding. Nas redes sociais, o cantor comemorou que a amiga tenha vindo passar a semana de seu aniversário com ele.
Fito Páez, Djamila Ribeiro, Paula Lima, Otto, Letícia Sabatella, Anderson Noise e Henrique Portugal reagiram à publicação com corações, palmas e comentários. Grande parceiro de Milton, Márcio Borges brincou: “Muito linda essa chegada. Guarda ela aí, tranca direitinho que também tô chegando”.
Esta é só uma pequena medida do carinho que Milton Nascimento tem recebido. Ele acabou de voltar dos Estados Unidos, onde se apresentou em Orlando, Nova York, Boston, Los Angeles e Berkeley. Antes, o show já havia sido visto no Rio de Janeiro e na Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal.
Por aqui, Milton já passou por Porto Alegre, Salvador, Recife, Brasília e São Paulo, cidade onde ele sobe ao palco em três datas no início de novembro antes do espetáculo no Mineirão. Ao todo, “A Última Sessão de Música” terá quase 30 shows para contar história.
O palco foi o sonho, o refúgio e a morada de Milton Nascimento nas últimas seis décadas. Bituca conta como é se despedir de um lugar tão sagrado para ele: “Tem sido uma experiência que eu jamais imaginei. Tanto os shows aqui, no Brasil, passando pela Europa e, mais recentemente, nos Estados Unidos, foram muito emocionantes. O carinho do público, os encontros, as viagens, nunca pensei em viver tantas coisas como agora”.
Os clássicos “Ponta de Areia”, “Encontros e Despedidas”, “Travessia”, “Cio da Terra” e “Nos Bailes da Vida” não faltaram no repertório da turnê e, claro, estão no setlist do Mineirão. Em pouco menos de 20 dias, Milton se despede do público em Belo Horizonte. A expectativa é que vários músicos e parceiros do Clube da Esquina subam ao palco com Bituca. A assessoria de imprensa do cantor não confirma, mas o show deve ser gravado para sair em DVD.
“E o coração está como? Batendo forte desde já, claro. Vai ser uma coisa muito forte reunir todo mundo em BH, onde praticamente tudo começou. Meu filho Augusto, que também dirige esse show, já está preparando tudo com muita antecedência. Vai ser uma noite inesquecível, mesmo”, diz Milton.
Enquanto o derradeiro show não chega, ele vai comemorar seus 80 anos em casa, depois no palco em São Paulo, mas a cabeça não sai do Mineirão, 13 de novembro, 18h30, dia e hora em que o mundo vai girar um pouco mais devagar para ver Milton Nascimento cantar.
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Maria, a avó materna, não tinha condições de criar o menino. Os ventos do destino e o amor de Lília, sua mãe adotiva, levaram a criança para Três Pontas, no Sul de Minas.
Na cidade, durante a infância, ganhou um apelido sonoro: Bituca, por fazer um bico indisfarçável quando algo o contrariava, numa referência ao grupo indígena Botocudos.
E, de Minas Gerais, Milton foi para o mundo, com escala em uma esquina no Santa Tereza, na região Leste de BH, mais precisamente no metro quadrado em que as ruas Divinópolis e Paraisópolis se encontram. Mas a esquina é, também, metafísica e pode estar na portuária Liverpool ou em alguma capital da América Latina. São 80 anos, e Milton Nascimento acabou se tornando, natural e inconscientemente, sinônimo e espelho de uma paisagem tão particular quanto universal.
Onipresente, Bituca conseguiu se entranhar, se infiltrar e permanecer de modo único e especial na cultura e na vida mineira. É como se um e outro fossem somente um. A capa do disco “Minas”, de 1975, com Milton tal qual um profeta barroco de Aleijadinho, com a pele preta e os olhos levemente vermelhos, deveria ser proclamada como a outra bandeira de Minas Gerais.
Em 2022, são vários os marcos que ganham festejos: as oito décadas de nascimento daquele que um dia Elis Regina disse ser a “voz de Deus”, os 50 anos do disco “Clube da Esquina”, que inaugura o movimento e uma nova consciência musical, e a turnê de despedida de Milton dos palcos, a sua “Última Sessão de Música”, cujo encerramento se dará no palco do Mineirão, no início da noite de 13 de novembro, um domingo em que o Gigante da Pampulha abraçará Bituca como um dia o fez com Pelé, Tostão e Reinaldo.
Assim, com tantos eventos num só ano, a história de Milton está sendo contada em musical, espetáculo teatral infantil, reportagens e especiais de jornais, portais e TV; personalidades das artes homenageiam Bituca pelos quatro cantos do mundo, basta ver as fotos que ele publica no Instagram com Paul Simon, Wayne Shorter, Spike Lee e tantos outros artistas brasileiros.
“Nem tenho palavras para dizer o quanto isso tem me deixado feliz. Então eu só tenho a agradecer por tudo que a vida tem nos proporcionado neste ano da minha despedida dos palcos. Mas, como eu tenho dito sempre, me despeço dos palcos, da música jamais”, diz o aniversariante do dia em entrevista a O TEMPO.
Milton passará o aniversário em Juiz de Fora. Pela manhã, escutará Beatles, como faz praticamente em todas as manhãs. Ao filho e produtor Augusto Nascimento, se junta a Bituca a contrabaixista e cantora de jazz norte-americana Esperanza Spalding. Nas redes sociais, o cantor comemorou que a amiga tenha vindo passar a semana de seu aniversário com ele.
Fito Páez, Djamila Ribeiro, Paula Lima, Otto, Letícia Sabatella, Anderson Noise e Henrique Portugal reagiram à publicação com corações, palmas e comentários. Grande parceiro de Milton, Márcio Borges brincou: “Muito linda essa chegada. Guarda ela aí, tranca direitinho que também tô chegando”.
Esta é só uma pequena medida do carinho que Milton Nascimento tem recebido. Ele acabou de voltar dos Estados Unidos, onde se apresentou em Orlando, Nova York, Boston, Los Angeles e Berkeley. Antes, o show já havia sido visto no Rio de Janeiro e na Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal.
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Os clássicos “Ponta de Areia”, “Encontros e Despedidas”, “Travessia”, “Cio da Terra” e “Nos Bailes da Vida” não faltaram no repertório da turnê e, claro, estão no setlist do Mineirão. Em pouco menos de 20 dias, Milton se despede do público em Belo Horizonte. A expectativa é que vários músicos e parceiros do Clube da Esquina subam ao palco com Bituca. A assessoria de imprensa do cantor não confirma, mas o show deve ser gravado para sair em DVD.
“E o coração está como? Batendo forte desde já, claro. Vai ser uma coisa muito forte reunir todo mundo em BH, onde praticamente tudo começou. Meu filho Augusto, que também dirige esse show, já está preparando tudo com muita antecedência. Vai ser uma noite inesquecível, mesmo”, diz Milton.
Enquanto o derradeiro show não chega, ele vai comemorar seus 80 anos em casa, depois no palco em São Paulo, mas a cabeça não sai do Mineirão, 13 de novembro, 18h30, dia e hora em que o mundo vai girar um pouco mais devagar para ver Milton Nascimento cantar.