O isolamento social pode ter impedido o Sagrado Coração da Terra de rodar o Brasil em 2020 para a celebração dos 40 anos da banda mineira de rock progressivo, mas não foi capaz de sepultar a comemoração desta marca, atingida em 2019. E sequer findou – "apenas" alterou cronogramas – outros projetos de seu líder, o maestro, multi-instrumentista e compositor Marcus Viana, convidado pela Orquestra Sesiminas Musicoop para a live Dando Corda, nesta quarta-feira, às 21h30.

Em entrevista ao Hoje em Dia, o músico falou a respeito das mais de quatro décadas do Sagrado, de uma live especial que fará sobre a história da banda, novas composições, canções ‘redescobertas’ e também de uma homenagem ao amigo e saudoso Andre Matos.


Quarentão

Antes de a pandemia do novo coronavírus provocar o cancelamento ou adiamento de apresentações de artistas, o Sagrado Coração da Terra chegou a subir ao palco uma vez em 2020, em celebração a seus 40 anos. “Fizemos um show com Beto Guedes e 14 Bis. Aconteceu no Rio de Janeiro, pouco antes da pandemia. Pude filmá-lo, e existem vídeos muito bonitos no YouTube”, destaca Viana.

Como ainda não existe prazo para o retorno dos concertos, o multi-instrumentista revela que haverá uma celebração on line em um futuro breve. “Na live (dos 40 anos), estarei fazendo promoções, doando DVDs, haverá uma caixinha de 40 anos, aquelas coisas com camisetas, botons, boné, DVD, CD... Devo sortear e dar de brinde nas redes. Minha celebração será doando material do Sagrado e fazendo promoção de material iconográfico e discográfico. É o que podemos fazer em 2020”, ressalta.

Fundo do baú

Além das comemorações, Marcus Viana vai “tirar do baú muita coisa guardada”, como ele próprio admite. “Como sou compositor de canção e de música pura, há muita canção nova que está sendo composta e muita coisa do fundo do baú. Tem coisa que vou escrever para orquestra também, músicas que terei o prazer de soltar. A quarentena então tem sido benigna no sentido de ativar meu processo criativo”, diz.

 

Paula Amaral/Divulgação

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Segundo o maestro, algumas das novidades na verdade datam de 30 ou 40 anos atrás, mas que só agora virão à tona: “Ou se mostra (as músicas) agora ou se acaba, porque a vida não espera. Eu, como bom leonino, que acha que é eterno, estou vendo que existe uma finitude para as coisas. É hora de botar as coisas guardadas para fora”.

Tributo a Andre Matos

Foi na década de 90 que Andre Matos (Viper, Angra e Shaman) conheceu pela primeira vez Marcus Viana e o som do Sagrado Coração da Terra. Nascia ali uma amizade e uma parceria musical, com a colaboração do violinista a trabalhos do Shaman e do vocalista e pianista em faixas da banda mineira.

O dia 8 de junho de 2019, porém, interrompeu a vida do ícone do metal nacional, que estava escalado para um ambicioso projeto. “O Andre cantaria todo o material em inglês do Sagrado, faríamos um disco todo solado por ele”, ressalta o violinista, que, muito em breve, prestará uma homenagem à memória do cantor.

“Estou preparando um vídeo de uma música que o Andre canta comigo, a versão de ‘Terra’, do Caetano Veloso, que é meio progressiva e sinfônica. No final, quando o bicho pega, o Andre entra e faz os backing vocals. Por incrível que pareça, sou eu quem canto e ele faz os backing. É um vídeo com uma versão enorme de 10 minutos, todo dedicado ao Andre e que vou colocar no ar por agora. E, em junho, no dia do aniversário ( de um ano da morte de Matos), sairá um vídeo pequeno, só com a parte em que entra a voz dele. É uma obra póstuma, em memória dele”, conta.