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A canção e o videoclipe Paz e amor, lançados pelo selo Biscoito Fino, foram gravados durante o período de isolamento social e ambos já estão disponíveis nas plataformas digitais.
Para os autores, a canção acende uma luz no frio da escuridão. “A ideia é fazer um convite para as pessoas abrirem a janela e cantar em coro que é possível acreditar em um mundo mais solidário, justo e feliz e em um novo tempo em que elas possam se abraçar”, explica Kledir.
Kleiton, Kledir, Aquiles, Miltinho, Dalmo e Pauleira falam de um sonho que não acabou e que, neste momento de incertezas, é preciso ter a oportunidade de reacender os melhores sentimentos e desejos.
De autoria de Kleiton e Kledir Ramil, a canção reforça o respeito à diversidade e o exercício da sabedoria. O clipe de Paz e amor foi gravado em aparelhos celulares, com cada um dos seis intérpretes em sua casa. O vídeo é uma criação de Tiago Arakilian, diretor do filme Antes que eu me esqueça e da série internacional Kids and Glory.
Na tela, os artistas entoam a canção emoldurados por imagens de fachadas, horizontes e pessoas, numa alusão ao isolamento e à fraternidade. “Essa música surgiu como uma canção de esperança, no meio dessa loucura que estamos vivendo. Já vínhamos angustiados e sufocados há um bom tempo. Existe uma onda conservadora tomando conta do mundo. Além disso, pessoas saem em busca de lucros imediatistas, esquecendo-se de que estamos em um planeta e que existe o outro”, alerta Kledir.
Ele ressalta que essa onda tem vindo com uma carga de ignorância grande. “Isso porque é puro egoísmo e ganância das pessoas. Estamos vivendo momentos de angústia, parece que é a era da ignorância. Confesso que andava sem esperança, mas agora, no meio dessa situação toda, na qual vejo que, apesar das pessoas angustiadas, desorientadas, estão surgindo momentos de solidariedade. Torcemos para que esses movimentos de sentimento e amor ao próximo se mantenham.”
Kledir revela que andava cético, porque ouvia as pessoas dizerem que o mundo iria mudar. “Aí, fiz essa letra cheia de esperança, mostrando que é possível, sim, mudar. Porém temos de entender que o que é preciso mudar são os hábitos pessoais. Em geral, as pessoas querem que o mundo mude para ficar mais confortáveis com seus privilégios. Temos que pensar no outro. Vivemos em uma grande rede mundial e me vem muito esse sentimento de paz e amor que era dito pelo movimento hippie.”
Ele alega que tudo isso foi um mote para escrever a letra. “O Kleiton me mandou a melodia e fui escrevendo os versos. Fiquei emocionado escutando a canção e depois escrevi a letra com uma grande carga emocional, pois também estou vivendo esse momento de isolamento social, ou seja, sete meses sem sair de casa.”
Kledir acredita as pessoas têm muito mais coisas em comum do que contrárias. ”O problema é que esse tipo de comportamento está acabando com o mundo. As pessoas querem ter lucro em cima do meio ambiente. Agora, muitos ignorantes continuam insistindo nessa história. É preciso parar e mudar as coisas. Essa música se presta muito para vocais, por isso convidamos o MPB4 para cantar conosco. É uma canção de união.”
Ele e o irmão têm uma longa história com o MPB4, desde o grupo Almôndegas (1971/1979), do qual faziam parte. “Eles gravaram em 1979 a música Circo de marionetes, de nossa autoria. Então, criou-se uma amizade desde aquela época. Nosso encontro mais recente foi na terça-feira passada (13), quando fizemos uma live com os seis cantando juntos a canção Paz e amor, e foi muito legal. Temos 16 gravações juntos, feitas em parcerias.”
Integrante do MPB4 desde a formação original, há 55 anos, Miltinho lembra que conheceu Kleiton & Kledir em 1979. “Na época, eles nos mandaram a música Circo de marionetes, que ouvimos e resolvemos gravá-la. O MPB4 a lançou no disco Bons tempos, hein?. No ano seguinte, fomos fazer o show Vira virou e iríamos gravar outro LP e pedimos músicas para os dois.”
AMIZADE
Miltinho conta que a dupla mostrou duas músicas para o grupo, sendo que uma delas era Vira virou. “De repente, a música deu nome ao disco e à turnê. Logo depois, começamos a fazer uma excursão pelo Brasil e apresentávamos os dois durante os shows. No meio da apresentação, os chamávamos e eles cantavam três ou quatro músicas. E o Vira virou acabou se tornando um sucesso tremendo.”
De lá pra cá, continuaram amigos. “E estamos sempre nos encontrando e eles até participaram do nosso show de 50 anos. Recentemente, o Kledir nos disse que estava com uma música e que queria gravá-la conosco. Miltinho conta que Kledir lhe mandou a música pronta. “Mostrei para os outros três integrantes, que toparam na hora fazer a gravação. Todos adoraram e Kleiton fez o arranjo vocal, distribuindo as vozes, sendo que cada um gravou de sua casa. Júlia, filha de Kledir, fez uma capa linda, e o Tiago, um cineasta que mora em Paris, fez a edição de vídeo. O Ricardo Pinto, nosso técnico de som, foi quem mixou e fez a edição do áudio.”
Os irmãos também estão lançando nas plataformas digitais o disco Kleiton & Kledir en español, que foi gravado em estúdios do Rio de Janeiro, São Paulo, Los Angeles e Buenos Aires e conta com as participações de Mercedes Sosa e León Gieco. Lançado originalmente na Argentina, em 1985, pela Universal Music, o álbum traz 11 faixas autorais, nas quais se incluem sucessos como Deu pra ti, Vira virou, Paixão, Nem pensar e Viva, em inspiradas versões para a língua espanhola do poeta e diplomata mexicano Edmundo Font. A dupla conheceu Mercedes Sosa em Cuba, em 1981, durante viagem organizada por Chico Buarque e, juntos, participaram de shows coletivos em Havana e no Festival de Varadero com outros artistas, como Pablo Milanês, Silvio Rodrigues, Nara Leão, João Bosco, MPB4 e Jimmy Cliff.
(foto: Arquivo pessoal)
PAZ E AMOR
• Kleiton & Kledir e MPB4
• CD e DVD – Biscoito Fino
• Disponíveis nas plataformas digitais
Ah... Eu continuo o mesmo sonhador
Que ainda acredita em paz e amor
E o meu sonho vai virar realidade
Depois que enfim passar a tempestade
E essa loucura toda terminar
É... A gente errou e entrou na contramão
E desinventou a civilização
Ah... Onde foi que a gente se perdeu?
Não sei dizer o que aconteceu
Só sei que dá pra achar a solução
Encontrar a luz no frio da escuridão
E acender a vela, o fogo da paixão
Falo de amor, de solidariedade
Nós somos feitos de felicidade
Então é só abrir o coração
E no fim das contas o que vai sobrar
É o velho sonho pra recomeçar
Falo de esperança, de fraternidade
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Para os autores, a canção acende uma luz no frio da escuridão. “A ideia é fazer um convite para as pessoas abrirem a janela e cantar em coro que é possível acreditar em um mundo mais solidário, justo e feliz e em um novo tempo em que elas possam se abraçar”, explica Kledir.
Kleiton, Kledir, Aquiles, Miltinho, Dalmo e Pauleira falam de um sonho que não acabou e que, neste momento de incertezas, é preciso ter a oportunidade de reacender os melhores sentimentos e desejos.
De autoria de Kleiton e Kledir Ramil, a canção reforça o respeito à diversidade e o exercício da sabedoria. O clipe de Paz e amor foi gravado em aparelhos celulares, com cada um dos seis intérpretes em sua casa. O vídeo é uma criação de Tiago Arakilian, diretor do filme Antes que eu me esqueça e da série internacional Kids and Glory.
Na tela, os artistas entoam a canção emoldurados por imagens de fachadas, horizontes e pessoas, numa alusão ao isolamento e à fraternidade. “Essa música surgiu como uma canção de esperança, no meio dessa loucura que estamos vivendo. Já vínhamos angustiados e sufocados há um bom tempo. Existe uma onda conservadora tomando conta do mundo. Além disso, pessoas saem em busca de lucros imediatistas, esquecendo-se de que estamos em um planeta e que existe o outro”, alerta Kledir.
Ele ressalta que essa onda tem vindo com uma carga de ignorância grande. “Isso porque é puro egoísmo e ganância das pessoas. Estamos vivendo momentos de angústia, parece que é a era da ignorância. Confesso que andava sem esperança, mas agora, no meio dessa situação toda, na qual vejo que, apesar das pessoas angustiadas, desorientadas, estão surgindo momentos de solidariedade. Torcemos para que esses movimentos de sentimento e amor ao próximo se mantenham.”
Kledir revela que andava cético, porque ouvia as pessoas dizerem que o mundo iria mudar. “Aí, fiz essa letra cheia de esperança, mostrando que é possível, sim, mudar. Porém temos de entender que o que é preciso mudar são os hábitos pessoais. Em geral, as pessoas querem que o mundo mude para ficar mais confortáveis com seus privilégios. Temos que pensar no outro. Vivemos em uma grande rede mundial e me vem muito esse sentimento de paz e amor que era dito pelo movimento hippie.”
Ele alega que tudo isso foi um mote para escrever a letra. “O Kleiton me mandou a melodia e fui escrevendo os versos. Fiquei emocionado escutando a canção e depois escrevi a letra com uma grande carga emocional, pois também estou vivendo esse momento de isolamento social, ou seja, sete meses sem sair de casa.”
Kledir acredita as pessoas têm muito mais coisas em comum do que contrárias. ”O problema é que esse tipo de comportamento está acabando com o mundo. As pessoas querem ter lucro em cima do meio ambiente. Agora, muitos ignorantes continuam insistindo nessa história. É preciso parar e mudar as coisas. Essa música se presta muito para vocais, por isso convidamos o MPB4 para cantar conosco. É uma canção de união.”
Ele e o irmão têm uma longa história com o MPB4, desde o grupo Almôndegas (1971/1979), do qual faziam parte. “Eles gravaram em 1979 a música Circo de marionetes, de nossa autoria. Então, criou-se uma amizade desde aquela época. Nosso encontro mais recente foi na terça-feira passada (13), quando fizemos uma live com os seis cantando juntos a canção Paz e amor, e foi muito legal. Temos 16 gravações juntos, feitas em parcerias.”
Integrante do MPB4 desde a formação original, há 55 anos, Miltinho lembra que conheceu Kleiton & Kledir em 1979. “Na época, eles nos mandaram a música Circo de marionetes, que ouvimos e resolvemos gravá-la. O MPB4 a lançou no disco Bons tempos, hein?. No ano seguinte, fomos fazer o show Vira virou e iríamos gravar outro LP e pedimos músicas para os dois.”
AMIZADE
Miltinho conta que a dupla mostrou duas músicas para o grupo, sendo que uma delas era Vira virou. “De repente, a música deu nome ao disco e à turnê. Logo depois, começamos a fazer uma excursão pelo Brasil e apresentávamos os dois durante os shows. No meio da apresentação, os chamávamos e eles cantavam três ou quatro músicas. E o Vira virou acabou se tornando um sucesso tremendo.”
De lá pra cá, continuaram amigos. “E estamos sempre nos encontrando e eles até participaram do nosso show de 50 anos. Recentemente, o Kledir nos disse que estava com uma música e que queria gravá-la conosco. Miltinho conta que Kledir lhe mandou a música pronta. “Mostrei para os outros três integrantes, que toparam na hora fazer a gravação. Todos adoraram e Kleiton fez o arranjo vocal, distribuindo as vozes, sendo que cada um gravou de sua casa. Júlia, filha de Kledir, fez uma capa linda, e o Tiago, um cineasta que mora em Paris, fez a edição de vídeo. O Ricardo Pinto, nosso técnico de som, foi quem mixou e fez a edição do áudio.”
Os irmãos também estão lançando nas plataformas digitais o disco Kleiton & Kledir en español, que foi gravado em estúdios do Rio de Janeiro, São Paulo, Los Angeles e Buenos Aires e conta com as participações de Mercedes Sosa e León Gieco. Lançado originalmente na Argentina, em 1985, pela Universal Music, o álbum traz 11 faixas autorais, nas quais se incluem sucessos como Deu pra ti, Vira virou, Paixão, Nem pensar e Viva, em inspiradas versões para a língua espanhola do poeta e diplomata mexicano Edmundo Font. A dupla conheceu Mercedes Sosa em Cuba, em 1981, durante viagem organizada por Chico Buarque e, juntos, participaram de shows coletivos em Havana e no Festival de Varadero com outros artistas, como Pablo Milanês, Silvio Rodrigues, Nara Leão, João Bosco, MPB4 e Jimmy Cliff.
(foto: Arquivo pessoal)
PAZ E AMOR
• Kleiton & Kledir e MPB4
• CD e DVD – Biscoito Fino
• Disponíveis nas plataformas digitais
Ah... Eu continuo o mesmo sonhador
Que ainda acredita em paz e amor
E o meu sonho vai virar realidade
Depois que enfim passar a tempestade
E essa loucura toda terminar
É... A gente errou e entrou na contramão
E desinventou a civilização
Ah... Onde foi que a gente se perdeu?
Não sei dizer o que aconteceu
Só sei que dá pra achar a solução
Encontrar a luz no frio da escuridão
E acender a vela, o fogo da paixão
Falo de amor, de solidariedade
Nós somos feitos de felicidade
Então é só abrir o coração
E no fim das contas o que vai sobrar
É o velho sonho pra recomeçar
Falo de esperança, de fraternidade