A noite de quinta-feira (20/04) foi marcante para os milhares de fãs da lendária banda de rock Kiss, que passou pelo Estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte com sua turnê de despedida dos palcos. Mas provavelmente o fã mais empolgado na plateia foi o pequeno Vítor de Paula Veloso, de 5 anos, que realizou o sonho de conhecer os ídolos.

A mãe, Patrícia de Paula Tocafundo, de 42 anos, revelou que a emoção do filho começou logo na chegada ao estádio, quando o herdeiro começou a gritar e falar "obrigado, Deus". Vale destacar, que a matriarca  apresentou à Vara da Infância e Juventude de Minas Gerais uma série de motivos para o garoto não ficar de fora do projeto End Of The Road World Tour e realizar o sonho do filho.

Vítor de Paula não poderia assistir à apresentação, com classificação indicativa mínima de 10 anos, nem mesmo acompanhado dos pais. Mesmo assim, quando os ingressos começaram a ser vendidos, Patrícia de Paula falou ao marido que comprasse entradas para os três; ela não poderia deixar o filho perder a última oportunidade de assistir a um show do quarteto de cara pintada e língua à mostra. As músicas dos artistas ajudaram o grande fã, a enfrentar o tratamento do câncer.

No pedido entregue a Justiça, Patrícia relatou a importância da banda no tratamento de Vítor contra o câncer, descoberto quando ele tinha apenas 3 anos. O menino ficou mais de 270 dias internado no Hospital Felício Rocho, na região centro-sul da capital mineira, durante todo esse tempo ao som do bom e velho rock 'n' roll, sua banda favorita.

O juiz José Honório de Rezende acatou o pedido e ainda reconheceu a importância da música na rotina de sessões de quimioterapia de Vitinho. "O poder transformador da arte não tem fronteiras, não tem limites. Vitor tem o coração que pulsa como uma banda de rock. Pulsa forte. Ele tem um coração quentinho. Ele vai ao show", determinou o magistrado na autorização.

O juiz ainda concluiu a decisão com a tradução de um trecho do maior sucesso do Kiss, Rock And Roll All Nite: "You say you wanna go for a spin. The party's just begun, we'll let you in". "Você diz que quer dar uma volta, a festa acabou de começar. Nós vamos te deixar entrar", em tradução livre.

O fã mirm foi ao show, e ainda foi convidado pela produção a conhecer os ídolos antes deles entrarem no palco. O encontro foi registrado pela equipe da banda, que ainda não disponibilizou as imagens à família. Para a mamãe coruja, a noite dessa quinta-feira representa o verdadeiro "dia do sino", ritual que marca o fim do tratamento dos pacientes oncológicos.

"Uma história com final feliz. O dia de ontem foi o verdadeiro dia do sino. A gente tinha que viver até ontem para celebrar esse dia junto com eles, que foram fundamentais no tratamento do meu filho", disse Patrícia de Paula Tocafundo.

Preso ao berço - ligado por fios que o conectavam a máquinas - o pequeno cantava e dançava as músicas dos roqueiros. Vítor só aceitava dá um stop nas faixas para pegar a guitarra, que o acompanhou durante todo o tratamento.

"Ele teve que passar por uma cirurgia no abdômen e ficou internado no CTI. Ele não queria se levantar da cama, ficou vários dias sem mover. Até que o cirurgião autorizou a entrada da guitarra no CTI. Neste dia ele ficou extremamente feliz e se levantou. Começou a tocar e a movimentar o corpo ouvindo os clipes da banda no tablet. Fazia show para a equipe do CTI", relembra Patrícia. 

Após a dura batalha, finalmente veio a despedida, onde paciente se despede da equipe médica e toca um sino para dizer: "Eu venci". E para um momento especial, os pais de Vitinho correram parar deixar tudo preparado para o grande dia. Na internet conseguiram uma "roupa de morcego", parecida com os figurinos da banda. Encontraram também uma bota preta de cano alto. Para terminar, correram até a Galeria do Ouvidor, no centro de BH, para comprar os acessórios da banda que coleciona sucessos como I Was Made For Lovin’ You, Detroit Rock City e Shout It Out Loud. No final, lá estava o pequeno grande fã vestido como seus ídolos.

Há dois anos em casa, o roqueirinho volta de tempos em tempos ao hospital para fazer exames de rotina. E será assim por pelo menos cinco anos - período com maior risco de a doença voltar. Os médicos também investigam possíveis efeitos colaterais provocados pelas medicações que teve que tomar nos momentos mais difíceis da doença. As informações são do portal R7.