Consagrada em todo o mundo, a artista tem extensa programação em Belo Horizonte

A jovem e talentosa cantora tibetana Durkmo Gyal passa a maior parte do ano viajando por Europa, Ásia e América do Norte entoando mantras e ensinando cura tibetana.

Agora chegou a vez de o Brasil e de os belo-horizontinos conhecerem sua música. Seu concerto na capital acontece no próximo dia 11, com a participação especial dos músicos Marcus Viana e Ricardo Passos.

Nascida em uma família de iogues na região de Amdo, no nordeste do Tibete, ela cresceu em um ambiente em que mantras, ioga e meditação eram práticas diárias. “Minha comunidade é conhecida por suas tradições de canto. Em minha aldeia, todos contribuem para construir o mani khang – modesta estrutura comunitária com um santuário, mais comum que os mosteiros. Os aldeões ajudam com o que podem para comprar imagens, além de comida e flores para oferendas. No inverno toda a aldeia se reúne para cantar, ou, como dizemos ‘agitar o mantra’. Até as pessoas mais tímidas se juntam. Enquanto cantamos em uníssono, todos se veem de maneira harmoniosa e positiva. Vozes sobre vozes. Há sempre uma sensação de ir além do tempo e do espaço”, comenta Drukmo.

A cantora começou a se apresentar em público em 2008. Gravou seu primeiro disco, “Purification Voice of Tibet”, na Espanha, em 2014. Seu segundo álbum, “Tibetan Mantra Healing”, foi lançado em 2016, com destaque para o sistema de cura espiritual da Sowa Rigpa, a medicina tradicional tibetana que aprendeu com o médico Nida Chenagtsang, detentor direto de linhagem e fundador da Sorig Khang International. Seu terceiro álbum, “Tibetan Healing Chants” foi lançado em maio deste ano.

“Essa será minha primeira visita ao Brasil, onde vou lançar meu terceiro álbum. Estou muito feliz em saber que uma adorável equipe local está trabalhando para receber a medicina e a cura espiritual tibetana. Desejo que minha visita seja um bom começo para que a Sowarigpa, uma das tradições médicas mais antigas do mundo, possa crescer no Brasil a partir de Belo Horizonte”, comenta a cantora.

Durante sua estadia na capital, Drukmo vai ministrar um ciclo introdutório da prática Yuthok Nyingthig, ensinamento de Yuthok Yöntan Gonpo (1126-1202), fundador da tradicional medicina tibetana e mestre espiritual iluminado.

A bênção dessa prática, diz ela, é a rápida realização, uma vez que foi projetada para o mundo acelerado de hoje e profetizada pelo mestre no século XII. “Como uma prática do budismo Vajrayana, esse ciclo contém os ensinamentos completos das tradições das escolas Nyingma (antiga) e Sarma (nova tradução). A ciência da cura consiste em cinco partes: medicina, dieta, estilo de vida, terapias externas e cura espiritual. Terapias externas incluem práticas físicas como massagem e acupuntura. A cura espiritual consiste em três caminhos: ioga para curar por meio do corpo, mantra e respiração para curar por meio da boca e visualização ou meditação para curar por meio da mente”, ensina Drukmo.

A cantora vai ainda fazer uma introdução à arte e à ciência da tradição dos mantras tibetanos de cura. “Vamos usar sons primordiais da natureza, bem como palavras divinas do sânscrito e do tibetano. É um método poderoso para trazer equilíbrio para várias doenças e restaurar a saúde para si e para os outros”, propõe.

Arco-íris

Mantra. As palavras “om ah hung” referem-se a corpo, fala e mente, e “yam kam ram lam” falam de espaço, vento, água, fogo e terra. “Shudde shudde ah ah” é a purificação.

Agenda: Durkmo Gyal apresenta no dia 11, das 20h às 22h, o concerto “Mantras que Curam”, no auditório do Colégio Santo Agostinho. Ingressos a R$ 50. Acesse o programa completo e faça sua inscrição no site. Informações: (31) 3297-7960.

Mantras protegem a mente

A palavra “mantra” em sânscrito significa “proteção da mente”. A tradição dos mantras teve origem há cerca de 5.000 anos e contém conhecimentos que treinam a mente para se tornar positiva e forte. Tradicionalmente, o mantra tem sido usado como um antídoto para doenças mentais.

“Muito antes de termos como ‘depressão’ e ‘bipolar’ existirem, antigos textos médicos tibetanos referiam-se a transtornos mentais chamados ‘doenças ilusórias’. Esses textos recomendavam a prática e o estudo dos mantras, que usam palavras sonoras e sagradas para proteger a mente dos três venenos mentais: ignorância, raiva e desejo. Quando estão fora de equilíbrio, eles podem nos controlar. Temos que reequilibrá-los e não tentar eliminá-los, pois eles são uma parte de nossa humanidade. Quando os ignoramos, nós os alimentamos. Quando estamos cientes deles, nós os enfraquecemos”, comenta a cantora tibetana Drukmo Gyal.

Ela conta que seu avô era a espinha dorsal espiritual de sua família. “Ele era um ngapa, aquele que entoa mantras. Ele acreditava que, mesmo sem dinheiro ou escolaridade, você ainda poderia ser alfabetizado e instruído e aprender durante toda a sua vida. Quando criança, ele me fez estudar textos religiosos e me ensinou os ensinamentos fundamentais da escola Nyingma do budismo. Tradicionalmente, os ngapas oficiais eram homens, mas, nos últimos 20 anos, as mulheres começaram a fazê-lo também. Agora eu também sou um ngama (a versão feminina de um ngapa)”, revela Drukmo.