Há 50 anos a ideia de um mundo onde não houvesse a expectativa de paraíso ou inferno, guerras e religiões, em que todos viveriam em plena sensação de paz, era lançada na forma de música. Escrita e interpretada pelo ex-Beatle John Lennon, a canção “Imagine” atravessou o tempo e parece mais atual do que nunca.

“É atemporal, carregando uma letra que nunca fica velha. Se, na década de 70 Lennon já pedia por paz, hoje vivemos uma situação muito pior. Não tem tantos conflitos como naquela época, que estava no auge da Guerra do Vietnã, mas há outras coisas tão terríveis acontecendo ao redor do mundo”, registra o crítico musical Rodrigo James.


“Imagine” foi lançada em 9 de setembro de 1971, tornando-se uma das músicas mais executadas de todos os tempos. “Ela virou um hino. Pode soar até piegas para muita gente, assim como ‘Happy Xmas (War is Over)’, outro hino do cantor, porque chegou ao imaginário de todo mundo. Não é preciso ser fã de Lennon para gostar”, analisa.

A canção compõe o disco de mesmo nome, o segundo de sua carreira solo. O álbum foi antecedido por “Plastic Ono Band”, distribuído no ano anterior, e carrega bem menos a mão no tema político. “Ele relaxou um pouco desta história de política e fez um produto mais tranquilo, focado mais nas referências à sua relação com Yoko Ono”, destaca James.

Os dois discos, aliás, formariam a base do repertório de Lennon. Para o crítico mineiro, depois viriam discos que teriam uma ou outra música mais memorável. “Ao contrário de Paul McCartney (outro fundador dos Beatles), que tem inúmeras canções espetaculares, Lennon compôs obras imortais”, destaca James.


Por falar em McCartney, não faltaram farpas ao ex-colega de banda. “How Do You Sleep?” é “Lennon alfinetando Paul de forma sarcástica, metendo uma opinião bem clara”, ao afirmar que ele só teria feito “Yestarday” de bom durante a fase Beatles e que, após o fim do quarteto de Liverpool, nada mais teria produzido digno de nota.

Diferentemente da fase beatlemaníaca, Lennon não realizou tantas experimentações, “apenas recorrendo a um instrumento ou andamento diferente”. No geral, na avaliação do jornalista, a carreira solo do artista – assassinado por um fã em 1980, na porta do edifício onde morava, em Nova York – foi calcada em suas influências, como baladas e boogie-woogie.