Brasíla - O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) divulgou nesta terça-feira (30) o 'Relatório Planeta Vivo' apontando as populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, caíram de 60% entre 1970 e 2014 por causa da ação humana. O documento é baseado no acompanhamento de mais de 16.700 populações de 4 mil espécies, com câmeras, análise de pegadas, programas de investigação e ciências participativas.
Na área do Caribe e América do Sul, os dados apontam um declive da fauna de 89% em 44 anos. América do Norte e Groenlândia sofreram as menores reduções da fauna, com 23%. Europa, Norte da África e Oriente Médio apresentaram um declive de 31%.
Um dos indicadores foi sobre o lixo plástico nos oceanos e apontou que a década de 1960 apenas 5% das aves tinham fragmentos de plástico no estômago. Atualmente, o índice é de 90%. Outro dado preocupante: em nível mundial, apenas 25% dos solos estão livres da marca do homem. Em 2050, isto cairá para apenas 10%, segundo pesquisadores.
"Preservar a natureza não é apenas proteger os tigres, pandas, baleias e animais que apreciamos (...). É muito mais: não pode haver um futuro saudável e próspero para os homens em um planeta com o clima desestabilizado, os oceanos sujos, os solos degradados e as matas vazias, um planeta despojado de sua biodiversidade", disse o diretor da WWF, Marco Lambertini, de acordo com a agência AFC.
Segundo Pascal Canfin, diretor-geral do WWF França, "o desaparecimento do capital natural é um problema ético, mas também tem consequências em nosso desenvolvimento, nossos empregos, e começamos a ver isto". "Pescamos menos que há 20 anos porque as reservas diminuem. O rendimento de alguns cultivos começa a cair. Na França, o trigo está estancado desde os anos 2000. Estamos jogando pedras em nosso próprio telhado", acrescentou.
Brasil
Por ano, uma área equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol de área verde desaparecem do mapa por causa do desmatamento. As áreas de pastagens abandonadas em todo o país por quem cria gado equivalem a duas vezes o estado de São Paulo - 50 milhões de hectares, segundo o estudo.
"Se chegarmos a 25% do desmatamento da Amazônia – e já estamos em 20% – a gente já vai chegar ao chamado ponto sem retorno, a gente não vai conseguir recuperar o equilíbrio da floresta amazônica. Estamos perto deste limite", diz Gabriela Yamaguchi, diretora de engajamento da WWF Brasil em entrevista ao Bom Dia Brasil.