No primeiro dia de reabertura do Zoológico de Belo Horizonte após quase oito meses de fechamento devido à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), duas pequenas meninas mostraram como o isolamento afetou aos mais novos. Gostaram muito de ver os animais selvagens, mas o que mais chamava a atenção delas, neste sábado (10), era poderem ver fora de suas casas outras crianças livres, correndo, gritando e brincando.

Dependendo da experiência com a reabertura no feriado, até a segunda-feira (12), com visitas agendadas esgotadas, o Zoo poderá abrir durante a semana. A lotação máxima, de 420 pessoas por dia, já foi atingida, o que corresponde a um movimento de 20% a 30% do volume corriqueiro.

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Gorila sempre rouba a cena dos visitantes. Reabertura tem controle para observação do primata para evitar aglomeração de pessoas(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


"O isolamento foi cansativo e a Maria Luiza está doida vendo outros nenéns, podendo ouvir a criançada livre correndo aqui no zoológico. Está contagiada pela felicidade", disse o pai dela, o farmacêutico Carlos Eduardo de Oliveira Pereira, de 34 anos. A filha dele, Maria Luiza Barros Pereira, de 1 ano e oito meses, foi pela primeira vez ao zoológico e pela segunda vez saía com a mãe, a também farmacêutica, Michelle Cançado Araújo Barros, de 34, e a avó da menina, a secretária Ângela Maria Cançado Araújo Barros, de 60.


Claro que ela também se admirou com o porte imponente dos elefantes, que neste sábado se revezavam escondendo nas sombras quando o sol saía e perambulando pelo cercado quando as nuvens deixavam o tempo encoberto. "Ela nunca tinha visto os animais de perto antes. Só em desenhos animados e nos livros. Está fascinada. Para nós, é um alívio poder sair de casa com a família toda depois de tanto tempo. Quando éramos pequenos, vínhamos aqui com nossos pais e agora queremos que nossos filhos tenham a mesma experiência", disse Michelle.    

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Elefantes chamaram atenção das crianças pela imponência(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Outra pequena curiosa que já não se aguentava para sair de casa era Sofia Oliveira, de 11 meses. Ela também ficou com sua atenção dividida pelos animais exóticos dentro de seus cativeiros e pela algazarra da criançada, algo incomum para ela depois de tanto tempo em isolamento com a família. "A gente já estava desesperado para poder sair de dentro de casa. Fazer alguma atividade com a família. O zoológico foi uma excelente opção", afirma o pai dela, o advogado e professor Júlio Moraes, de 41 anos.


No colo da mãe, a confeiteira Cristiany Barbosa, de 36, a menina ora investigava os bichos, ora as brincadeiras dos pequenos nas alamedas e jardins do zoológico. "A opção pelo zoológico foi por ser um lugar amplo, ao ar livre, com pouca gente, grande controle de medidas para não contrair a COVID-19 e principalmente pela proximidade com a natureza, com os animais. Esse é um tipo de respeito que queremos edificar na nossa filha', disse o advogado e professor.


Para a entrada no Zoológico e Jardim Botânico é preciso medir a temperatura com termômetros a laser que conferem o pulso dos visitantes. O uso de máscaras é obrigatório em todo o espaço. Foram posicionadas marcações de tinta no chão com espaçamentos para que não haja acúmulo de pessoas nos pontos de observação dos animais.


No caso do gorila, uma das mais célebres atrações, vários pontos foram fechados e o recinto de observação fechado só tem um sentido de tráfego, com a entrada e a saída únicos para que não ocorram concentrações de pessoas no seu interior nem fluxos alternados e lentos. 

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Zoo de BH reabriu depois de meses fechado por causa da pandemia da COVID-19(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


Esperando uma boa oportunidade para sair do isolamento e praticar fotografia, o montador Walisson Júnior dos Santos, de 24 anos, aproveitou a reabertura do Zoológico para enquadrar na máquina fotográfica os animais e paisagens sem muitos turistas. "Aqui é muito bom pela tranquilidade e a natureza. Há muita coisa diferente para fotografar. Queria fotografar os peixes, mas como ficam em ambiente fechado, ainda não está liberado. Mas, não faltam lugares e animais", disse.

 A reabertura do Zoológico e Jardim Botânico de Belo Horizonte só foi possível depois de a experiência de reativação dos parques municipais ter sido estudada e aproveitada na capital. "Os parques abriram primeiro. Então, trouxemos a experiência deles, com o uso da máscara, do álcool em gel, de manter o distanciamento dos grupos. Pedimos para os visitantes que tragam a sua comida e a água, pois não há pontos de venda e está muito quente", observa o gerente do Zoo, Humberto Mello.
 
De acordo com Mello, o intenso calor faz com que alguns animais busquem sombras e isso acaba impedindo uma boa visualização, o que melhorou com o dia mais nublado. "Contudo, a chuva e o frio reduziram um pouco o ânimo das pessoas nesse primeiro dia. Mas, com certeza este feriado será melhor para visitar, com mais refresco para os turistas, funcionários e animais", afirma.