Governador eleito imita antecessores com alto escalão de não especialistas; flexibilização de discurso por apoio na ALMG já teria levado presidente da Alpargatas a desistir de secretaria

Dos 7 nomes anunciados por Romeu Zema até esta quinta-feira, 13, apenas um pode ser considerado especialista na área que irá comandar; 5 não possuem experiência de governo, sendo que 02 exibem currículos pouco compatíveis com seus novos cargos. Quase todos têm ligações políticas, a maioria com o Novo, partido do eleito. Todos são desconhecidos; nenhum pode ser apontado como referência na área a assumir. Apesar da tentativa de inovar com contratação de empresa headhunter e recebimento de 2,4 mil currículos, Zema não está sendo muito diferente dos antecessores no cargo. Ele vai montando o secretariado possível, com os profissionais disponíveis e as indicações de pessoas próximas.

DIFERENCIAL DUVIDOSO

A diferença perceptível até agora no modus operandis do governador eleito pelo Novo é a baixa representação de outros partidos. Os antecessores de Zema, sem exceção, reservaram parte do alto escalão para legendas com bancadas na Assembleia Legislativa. O novista já contemplou apenas um partido além do seu: o PSL de Bolsonaro. Mas mesmo esse diferencial é duvidoso. Pode deixar de existir. Zema vem conversando com deputados e partidos; há tratativas em curso para nomeação de um político tarimbado ao menos para a secretaria de Governo. Já foram cogitados para o cargo Dinis Pinheiro (SD) e Adalclever Lopes (MDB), um ex e o outro atual presidente da ALMG. E ambos sem mandato, à mão.

O fato é que Zema precisa se articular com o legislativo se quiser aprovar projetos de lei. E começa a dar sinais de flexibilização da proposta eleitoral de não distribuir cargos aos deputados em troca de apoio. Além da pasta do Governo, que gerencia a base política, estão em negociação cargos no 2º escalão e posições em estatais como a vice-presidência da Cemig. É o discurso se moldando à realidade: a tal governabilidade.

CASO MÁRCIO UTSCH

A disposição do governador eleito de ceder ainda que parcialmente à classe política já levou a uma desistência na equipe de Zema. Segundo divulgou ontem (12) Lauro Jardim em O Globo, o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, recuou da ideia de integrar a gestão novista. Prestes a se aposentar na empresa, o executivo chegou a aceitar convite para assumir a área de desenvolvimento econômico. Mas, como informou nesta segunda-feira (10) nosso site Os Novos Inconfidentes, Utsch exigiu carta branca para nomear apenas técnicos de sua escolha nas estatais. Uma exigência que Zema não está em condições de atender.

https://www.osnovosinconfidentes.com.br/zema-monta-secretariado-possivel-partidario-e-sem-notoriedade-tecnica/