O índice que mede a transmissibilidade do coronavirus em Belo Horizonte voltou ao nível amarelo nessa segunda-feira (21), marcando 1,03. Foi a primeira vez que um dos indicadores elencados pela prefeitura da capital, por meio do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, voltou a um patamar de alerta desde o último dia 11, quando todos caíram para o nível mais baixo. Contudo, conforme o Executivo municipal, a mudança na taxa não deve impactar no processo de reabertura econômica.

“No momento, o fato do indicador Rt estar pouco acima de 1,00, ainda na faixa amarela, numa situação ainda controlada, não impactará no processo de reabertura das atividades econômicas”, diz a prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em nota encaminhada à reportagem. 

 As taxas de ocupação de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e de enfermarias seguem fora da área de risco e marcaram nessa segunda, respectivamente, em 45,9% e 36,8%. Há 39.379 casos confirmados na cidade e 1.168 mortes causadas pela Covid-19 na atualização mais recente. 

“O Rt mostra a aceleração da Pandemia, indicando que a velocidade (número de casos por dia) está aumentando quando está acima de 1,00 e diminuindo quando está abaixo de 1,00. O que é observado nas últimas semanas é um valor próximo de 1,00, que indica que a pandemia está próxima da estabilidade em Belo Horizonte”, alega o Executivo. 

A PBH justifica o aumento na taxa, que flutuou em alta durante toda a semana passada e culminou na mudança de nível nessa segunda, pela “maior exposição de pessoas, com a redução do isolamento social”. Apesar disso, o monitoramento diário do nível de isolamento social indica que houve estabilidade nas últimas semanas.

No primeiro sábado de reabertura dos bares, o percentual de isolamento na capital foi de 45,7%, maior que os 44,6% registrados na sexta anterior, 28 de agosto.

“Nesse sentido, a manutenção de valores próximos ou abaixo de 1,00 depende do cumprimento rigoroso dos protocolos colocados pela Prefeitura de Belo Horizonte, bem como conjugados com os cuidados individuais, como uso de máscaras, higienização frequente das mãos e, sempre que possível, distanciamento social”, defende. 

Todavia, o avanço na transmissibilidade não poupa o Executivo de preocupação. Caso o índice permaneça “durante muito tempo acima de 1,00” ou atinja um valor crítico, acima de 1,20, quando passaria a figurar no nível vermelho de alerta, poderia haver novas pressões na infraestrutura de saúde em BH.

“Provocaria um crescimento no número de casos mais graves e, consequentemente, pressão sobre a infraestrutura de saúde”, diz o texto. 

A PBH garante que “qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas”, mas alega que “não há elementos que indiquem que essa situação está próxima”.

COMITÊ DE ENFRENTAMENTO À PANDEMIA VÊ PREOCUPAÇÃO 

De acordo com o médico infectologista Unaí Tupinambás, que compõe o comitê de enfrentamento da pandemia em BH, ainda é preciso ficar em alerta em relação à doença. “(É momento de) manter e reforçar as medidas de controle (do coronavírus)”, disse. 

O especialista pontuou que o avanço na taxa de transmissibilidade tem potencial para frear a reabertura na capital. “Pode atrasar a volta às aulas nas escolas”, exemplificou.

O infectologista Estevão Urbano afirma que é momento de “redobrar a atenção” e diz que o retorno ao nível de alerta é “uma grande preocupação”.

“Estamos no sinal amarelo. Podemos ter um aumento importante no número de casos, e isso gera todo o problema que conhecemos: internações, óbitos e necessidade de novos fechamentos”, defende. 

KALIL PUBLICOU ALERTA NESSE DOMINGO

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), publicou um alerta à população pelo perfil dele no Twitter nesse domingo (20).

O chefe do Executivo compartilhpou uma reportagem que relatava a volta de fechamentos de bares e restaurantes na Espanha, determinada para conter novos surtos da Covid-19, e citou que o mesmo pode ocorrer na capital.

“População de Belo Horizonte: se não mantivermos a disciplina, pode acontecer aqui”, escreveu Kalil.