As ações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) tiveram forte alta depois que o presidente da Assembleia Legislativa (ALMG), deputado Tadeu Martins Leite (MDB), anunciou haver consenso entre os parlamentares para começar a discutir a privatização da estatal. A companhia fechou a semana com um ganho de R$ 596 milhões em valor de mercado e uma valorização de 5,2% nos últimos três dias de negociação na B3.

Na quarta-feira (3/9), as ações começaram o dia negociadas a R$ 29,80, representando um valor de mercado de R$ 11,33 bilhões. No fim do pregão, pouco depois que Tadeu Leite informou que os deputados poderiam votar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a consulta popular para a venda da Copasa, a cotação atingiu um preço de R$ 30,20 (+1,34%).

O presidente da ALMG havia reunido a imprensa para comunicar o calendário de votações do Programa de Pleno Pagamento de Dívida (Propag), afirmando que a discussão da Copasa estaria atrelada a uma solução para o débito de R$ 170 bilhões do estado com a União. O projeto permite a federalização da empresa, mas, em caso de uma recusa do governo federal, os deputados podem amarrar os recursos de uma privatização para o abatimento da dívida.
 
“Nós temos que entender se vamos autorizar o estado de Minas Gerais a federalizar a Copasa ou privatizá-la, desde que os recursos possam ser utilizados para abatimento da dívida ou para o pagamento das obrigações do Propag”, disse Tadeu Leite, fazendo ainda críticas aos serviços da empresa.

“Todo santo dia chega aqui na Assembleia informações de que a Copasa está cobrando os municípios, está cobrando da população água e esgoto, mas só trata água. Diversas pessoas em Minas Gerais pagam conta para água e esgoto, mas hoje a Copasa só trata água. Então, acho que essa é uma discussão que nós temos que avançar”, reforçou.

Nos dias seguintes ao anúncio, a empresa seguiu valorizando no mercado. A empresa, que tem um volume médio de negociação de 3,59 milhões de ações, viu a movimentação crescer em 10,29 milhões na quinta-feira (4/9). No dia, a cotação fechou em R$ 31,05, uma variação positiva de 2,81% no preço das ações – a maior dos últimos cinco dias.

Na sexta-feira (5/9), o volume de negociações arrefeceu para 6,08 milhões. Porém, a Copasa seguiu a tendência de alta e fechou a semana com as ações custando R$ 31,37 (+1,03%) e um valor de mercado de R$ 11,92 bilhões. Cabe ressaltar que no último pregão da semana a cotação da estatal atingiu a máxima histórica de R$ 31,98.

Tendência de alta

A Copasa segue uma tendência de alta há pelo menos um mês. O governo de Romeu Zema (Novo) tem pressionado para que a PEC do fim do referendo seja votada na Assembleia, argumentando um aperto com os prazos do Propag e não haver tempo hábil para consultar a população sobre a privatização de Copasa e Cemig.

Em 12 de agosto, o vice-governador Mateus Simões (Novo), presidente do comitê gestor do Propag, ressaltou que o governo federal não tem interesse na federalização da Copasa e que o plano seria vender a empresa para levantar dinheiro e pagar as obrigações do Propag. Nesse dia, as ações da empresa tiveram uma valorização de 4,84%, saindo de R$ 25,39 e fechando em R$ 26,62.

Outros fatores também contribuem para a valorização da empresa. Em 2 de setembro, a Copasa emitiu um comunicado ao mercado anunciando que a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgoto Sanitário (Arsae-MG) havia divulgado os documentos referentes ao resultado preliminar da revisão tarifária. Segundo a estatal, o Efeito Tarifário Médio (ETM) preliminar é de 5,5% com vigência a partir de 1º de janeiro de 2026.

Um relatório do BTG Pactual, ao qual a reportagem teve acesso, ressalta que os números divulgados pela Arsae, no geral, foram melhores do que o esperado. O EBITDA regulatório, uma métrica que oferece uma visão da capacidade de caixa operacional da empresa, chegou a R$ 3,2 bilhões, contra os R$ 3,075 bilhões esperados. O documento ressalta que a receita bruta regulatória líquida da Copasa, em março, atingiu R$ 15,5 bilhões, estimando que até o final do ano atinja cerca de R$ 17 bilhões.

O relatório do BTG ainda destacou que a Copasa é negociada próxima de 1x EV/RAB, métrica que mede o quanto o mercado está disposto a pagar pelo ativo regulatório de uma empresa. Quando o múltiplo está acima de 1x indica que o mercado paga um prêmio sobre esse valor regulatório, indicando uma boa gestão. “O caso agora depende do desenvolvimento da privatização da empresa”, descreve

O fortalecimento da Arsae também está na mira do governo de Minas e dos deputados há um mês. O presidente da Assembleia afirmou que vai tramitar dois textos que devem adequar a agência ao marco legal do saneamento, incluindo a divisão da atuação da empresa em blocos regionais.

“Minas Gerais é o único estado em que não se constituiu um bloco de saneamento. Se esses blocos não forem feitos até o fim deste ano, os municípios mineiros podem deixar de acessar recursos federais para esse tema”, destacou Tadeu Leite.

Outros fatores também contribuem para a valorização da empresa. Em 2 de setembro, a Copasa emitiu um comunicado ao mercado anunciando que a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgoto Sanitário (Arsae-MG) havia divulgado os documentos referentes ao resultado preliminar da revisão tarifária. Segundo a estatal, o Efeito Tarifário Médio (ETM) preliminar é de 5,5% com vigência a partir de 1º de janeiro de 2026.