Na manhã desta segunda-feira (10) bebedouro e irrigadores amanheceram danificados, e jardim de lírios, pisoteado

As cinco câmeras e a vigilância que, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), é feita 24 horas por dia por 13 guardas municipais na praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, não foram suficientes para coibir atos de vandalismo no local. Na manhã desta segunda-feira (10), menos de uma semana após o espaço – que passou por uma reforma de R$ 5,2 milhões – ser reaberto ao público, quem passou pela região encontrou um dos principais cartões-postais da capital já danificado. Tudo isso às vésperas do aniversário da cidade, que completará 121 anos nesta quarta-feira (12).

Além de 200 bicos de irrigadores dos jardins terem sido arrancados, próximo ao coreto, o corredor de lírios foi pisoteado. O bebedouro – único da praça – teve uma da laterais desparafusada e quebrada. A tampa foi arrancada. No interior do equipamento, muito lixo, como lata de cerveja, embalagens de biscoito e garrafa de água, foi despejado.

O estrago acontece pouco mais de 36 horas depois de a praça receber a decoração de Natal, inaugurada na última quinta-feira. A iluminação atraiu muitos visitantes para o espaço no fim de semana.

“Infelizmente esse tipo de comportamento já é esperado. Tem um volume grande de pessoas vindo à praça, e acho que a população não está ciente do quanto ela representa”, afirmou, revoltada com a situação, a auxiliar administrativa Winnie Patrocínio, 22. A turista Márcia de Menezes, 63, disse se sentir insegura. “Estou aqui há quatro dias e adorei a praça, mas não vi polícia. Talvez por isso a depredaram”, ressaltou.

Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), a praça da Liberdade ficou fechada para obras de revitalização por cinco meses. Do custo total, R$ 2,4 milhões foram disponibilizados pela PBH. Outros R$ 2,8 milhões partiram de uma parceria entre a Cemig e a Vale, por meio de medidas compensatórias com o Estado.

Pouca vigilância

Para frequentadores como a contadora Renata Rocha, 43, um aumento do número de guardas municipais inibiria a ação de vândalos. “A praça acabou de ser reinaugurada e já está sendo destruída. É pouco guarda municipal aqui, principalmente à noite. Hoje tem três aí, mas é raro”, afirmou.

Na manhã desta segunda-feira, a professora Hulda Rochael, 69, também reclamou da sujeira. Hulda acredita que a solução seja a realização de campanhas de conscientização por parte do poder público. “Poderiam colocar plaquinhas de alerta. Fora do país, as pessoas cuidam muito do patrimônio comum. É preciso educação em casa e na rua, para que tudo fique bonito”, ressaltou.

No entendimento do doutor em sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais Vitor Costa, o comportamento de quem danificou a praça mostra que essas pessoas não compreendem o bem público. “Elas acreditam que, pelo fato de o espaço ser público, ele não é de ninguém, nem mesmo delas, e, a partir disso, não se preocupa em cuidar”, analisa Costa. Para ele, é essa compreensão que precisa ser mudada.

PM diz que vai analisar câmeras

A Polícia Militar (PM) informou nesta segunda-feira que vai analisar as imagens das cinco câmeras de vigilância que ficam na praça da Liberdade para tentar identificar os suspeitos do vandalismo. Os equipamentos são monitorados por agentes do 1º Batalhão da PM. O posicionamento de cada aparelho é feito de acordo com a área de interesse de vigilância.

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, além das câmeras, 13 guardas municipais, divididos em turnos, realizam o patrulhamento a pé da praça 24 horas por dia. Os guardas ainda fazem rondas periódicas em duas motos e três veículos. Segundo a PBH, não há expectativa de aumento no efetivo de policiamento no local.

Já a MRV, que adotou a praça, informou que uma equipe foi enviada ao local para contabilizar os danos. A empresa deverá realizar ações educativas a partir do ano que vem.