A cada 4 minutos e meio, uma pessoa dá entrada em um Pronto Atendimento (UPA) de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com sintomas de gastroenterites e Doença Diarreica Aguda (DDA) — fraqueza, mal-estar, dor abdominal e fezes líquidas, principalmente. Só nos últimos seis dias, de 3 a 8/9, a média diária de novos casos disparou 380,7%, passando de 68 atendimentos por dia no último mês para 326 nesse período. Nesta terça-feira (9/9), a prefeitura confirmou ter enviado solicitação oficial à Copasa para análise da qualidade da água que abastece o município. O Ministério Público também recebeu pedido de investigação, conforme adiantado por O TEMPO. A Copasa, por outro lado, afirma que "atende a todos os padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde" e que o processo de tratamento inibe quaisquer vírus e bactérias.

De acordo com o Executivo, a Vigilância Sanitária de Contagem solicitou o plano de amostragem da água destinada ao consumo humano, seguindo os padrões das autoridades sanitárias. Isso significa que devem ser avaliadas as condições físicas (cor, turbidez), químicas (pH, cloro residual) e biológicas (presença de coliformes totais, contaminação) da água que chega às torneiras dos contagenses.

Em seis dias, de 3 a 8/9, Contagem registrou 1.957 atendimentos em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) por gastroenterite e doença diarreica aguda (DDA). Isso representa 326 casos por dia, ou um a cada 4 minutos e meio. Para se ter ideia, nas quatro semanas anteriores, o número de atendimentos foi menor: 1.696 casos — 68 por dia, ou um a cada 21 minutos.

"A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que o aumento dos atendimentos está sendo acompanhado de forma contínua pelas equipes técnicas. Como parte das ações de monitoramento, estão sendo realizadas coletas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), visando identificar o possível agente responsável pelos casos", acrescentou a prefeitura. 

Denúncia no Ministério Público 
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também recebeu pedido de investigação sobre a qualidade da água em Contagem devido ao surto de casos de diarréia. Segundo a denúncia, apresentada pelo vereador Léo da Academia (PDT), moradores têm reclamado de um forte gosto de barro e mofo na água.

“O número de denúncias de gastrenterite tem aumentado. Não tem como provar que o surto tem relação com a água, mas há vários relatos. Recebi também um vídeo de um morador do bairro Milanez que mostra a água barrenta e uma denúncia de gastrenterite no bairro Maracanã”, publicou o parlamentar nas redes sociais. 

A Copasa, no entanto, classifica como "irresponsáveis" as denúncias sobre alterações no cheiro e no sabor da água distribuída em Contagem. A empresa afirma que não há comprovação oficial de que casos de enfermidades estejam relacionados à água tratada e distribuída, alertando que tais acusações podem gerar "alarme injustificado entre milhões de consumidores".

"A água tratada da Copasa atende todos os padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde. O processo de tratamento contém cloro residual, que é inibidor de quaisquer vírus e bactérias que possam provocar doenças veiculadas pela água", argumenta. A companhia disse, ainda, que irá antecipar ao Ministério Público os resultados de todos os testes que comprovam a potabilidade e segurança da água.

Copasa defende regularidade da água 
A Copasa afirma que colhe mais de 5 mil amostras para testes, por mês, em Contagem, entre pontos de produção e distribuição de água, atestando 130 parâmetros de qualidade: "Os resultados já foram compartilhados com a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae) e com o núcleo ambiental da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Minas Gerais (Hemominas)". 

"A Copasa contratou um laboratório externo para realização de testes para além do que exige a legislação, que dará continuidade às análises de água durante os próximos doze meses. A Companhia reafirma seu compromisso de envidar todos os esforços técnicos e operacionais necessários para assegurar à população mineira o fornecimento de água tratada com segurança, qualidade e confiabilidade", acrescenta.