O Parque das Mangabeiras, com 1.163 metros de altitude, na região Centro-Sul, aos pés da Serra do Curral, é o lugar com a média de temperatura mais amena (18,6° C). As regiões onde há menos prédios e mais espaços verdes são as que registram maior conforto ambiental, leia-se: menos sofrimento com as ondas de calor. Além de abrigar a maior área verde da cidade, a topografia do bairro Mangabeiras favorece a passagem de ventos - a média de BH é 860 metros. O Barreiro também registra temperaturas menos intensas em relação ao restante do município, em razão de sua topografia. Lá, há lugares com altitudes acima de 1,5 mil metros.
De acordo com o especialista, a maneira como a cidade se desenvolveu, a intensa verticalização, sobretudo a partir dos anos 1980, não favoreceram uma harmonia entre o crescimento e a questão climática local. Assim, a verticalização e o trânsito intenso de pessoas e de veículos contribuirão para gerar bolsões quentes. "Dessa forma, quando ocorrem ondas de calor, chamadas de anomalias, a população sofre muito. É o desconforto térmico", diz. O estudo do professor Wellington identificou três núcleos de aquecimento na capital: hipercentro e suas áreas periféricas, região central de Venda Nova e uma pequena área entre as regionais Pampulha e Noroeste (confira no mapa no fim do texto).
A arquiteta e urbanista Eleonora Saad Assis, do Laboratório de Conforto Ambiental da UFMG, explica que não adianta apenas clamar por mais áreas verdes em troca de temperaturas mais baixas. "Esses espaços devem estar em equilíbrio com as áreas construídas", diz. Ela afirma que o efeito de uma área verde é muito localizado, vide exemplo do Parque Municipal, na avenida Afonso Pena, que não consegue fornecer um clima menos árido para todo o hipercentro. A especialista está coordenando a elaboração de um mapa climático de BH. Com base nele será possível reorganizar o crescimento do município levando em conta fatores que impactam o clima, a fim de nortear empreendimentos.
*Publicado originalmente em 07/01/2016