O rio da Velhas, responsável por 70% do abastecimento de água de Belo Horizonte e de algumas cidades da Região Metropolitana, enfrenta a pior seca da sua história. Se a chuva forte aguardada para a segunda quinzena de outubro não cair como o esperado pelos meteorologistas, o risco de racionamento na capital mineira não é descartado.


As afirmações foram feitas nesta quinta-feira (19) pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano. Segundo ele, a situação está tão crítica que, em alguns pontos, o rio transformou-se em riacho. "Em Sabará, que já teve navegação, dá para atravessar o rio a pé. A água fica na altura do tornozelo", apontou.

Além da falta de chuva e do calor excessivo, que faz o consumo de água dos moradores aumentar, o desastre ocorrido em Brumadinho, com o rompimento de uma barragem de rejeitos, também fez aumentar a insegurança hídrica. Isso porque a lama afetou o rio Paraopeba, que abastece 30% de BH - os outros 70% são fornecidos pelo Velhas.

"O rio está sendo sacrificado. Isso, inclusive, é uma consequência desse efeito colateral do rompimento lá em Brumadinho. Estamos retirando a carga máxima de água do rio das Velhas no período de estiagem. Para se ter uma ideia, o rio está passando na estação Bela Vama, em Nova Lima, com uma vazão de 9 m³/s, e praticamente estamos tirando 7 m³/s. Ou seja, está faltando água para o rio. Está faltando rio", afirmou Polignano.

Ainda conforme o presidente do comitê, além do problema de quantidade de água, o Velhas também sofre com problemas de qualidade, já que parte do esgoto de BH chega ao rio. A Copasa foi procurada pela reportagem para comentar a situação, mas até a publicação desta matéria não havia se posicionado.


Restrição hídrica

Por causa da secura enfrentada pelo rio, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) publicou na quarta-feira (18) uma portaria restringindo a captação de água em 43 municípios, sendo 14 na Grande BH. Com isso, a retirada do recurso hídrico no Velhas deverá ser reduzida em 22% para o abastecimento público, consumo humano e de animais.

O decreto, na avaliação de Polignano, não resolve o problema do rio das Velhas. "Estamos ficando sem água para o rio ao longo do tempo. Então temos que tomar uma atitude. A população tem que colaborar neste momento crítico, tendo um consumo mais consciente, reduzindo o consumo de água nas atividades diárias".


O presidente do CBH Rio das Velhas informou que criou um grupo Gestor da Vazão para discutir medidas que podem ser tomadas para evitar que restrição de água para a população.