O secretário de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado Pinto, não poupou críticas ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) nesta quinta-feira (2). Ele rebateu as alegações feitas nessa quarta (1°) pelo chefe do executivo estadual, de que prefeitura da capital não fez investimentos para combater à pandemia de COVID-19, sobretudo no que diz respeito à ampliação dos leitos de UTI. 


"Queria entender por que o governador demonstra tanto ódio pela população de BH, que é tão mineira quanto os outros mineiros. Esse ódio seria fomentado pelas ratazanas da politicagem? Pelos parasitas da pandemia, que só querem auferir ganhos políticos às custas do sofrimento alheio?", ponderou Machado Pinto à CNN, mesmo canal em que Zema comentou a condução da virose pela PBH. 


"Queria saber por que ele não nos deixa trabalhar em paz. Queria conclamar o governador a olhar para o belo-horizontino do jeito que ele tem dito que olha para o resto do estado", questionou. 


Apoio 'irrisório'

De acordo com o gestor municipal, ao contrário do que afirmou o governador, a prefeitura expandiu os leitos de UTI da cidade a despeito da falta de suporte o estado. Números citados por Machado Pinto apontam que os leitos municipais de terapia intensiva saltaram de 82 para 331. "Isso é um aumento maior que 400%", observou. 


O dirigente mencionou ainda o repasse de equipamentos de respiração e ventilação pulmonar pelo governo estadual. "Queria dizer que o governador disse que comprou mais de mil respiradores. BH recebeu, destes, apenas 27 – e todos foram para o Hospital Eduardo de Menezes (que pertence à FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, órgão vinculado ao governo de Minas). Nenhum outro hospital recebeu sequer um respirador ou ventilador do governo do estado", argumentou. 


Na avaliação de Machado Pinto, os repasses da gestão Zema ao município foram incipientes, análise calcada na comparação com a ajuda concedida pelo governo federal no mesmo período. "Do ponto de vista financeiro, BH recebeu R$ 168 milhões do Ministério da Saúde. Já do governo do estado, recebeu a irrisória quantia de R$ 686,6 mil. Então, tudo o que Belo Horizonte conseguiu até agora foi sem ajuda do governo do estado", concluiu. 


Na ocasião, o secretário esclareceu ainda a estratégia da prefeitura para deliberar sobre o funcionamento do comércio na capital, que não aderiu ao Programa Minas Consciente - protocolos sanitários de flexibilização lançados por Zema em 30 de abril. Segundo Machado Pinto, as decisões do prefeitos são embasadas por critérios estabelecidos pela Universidade de Harvard, que recomenda a intermitência atividades, guiadas pela curva de crescimento das infecções. 


O gestor admitiu que há risco de colapso no sistema de saúde da cidade, que atingiu 87% de ocupação dos leitos de CTI nesta semana, índice recorde desde o início da pandemia. "Desde que não tomemos as medidas", refletiu. 


Críticas de Zema


Para o governador Romeu Zema, a situação demonstrada no último  boletim epidemiológico da capital - lotação de 87% das vagas de UTI e de 71% dos leitos clínicos - é consequência da falta de investimentos do município em novos leitos. 


"Uma prefeitura rica como a de BH não fez o papel que era esperado. (...) A cidade de Belo Horizonte, até este momento, não conseguiu adicionar nenhum leito de UTI. O estado tem leitos, mas a capital, não", comparou. 


Outra questão levantada por Zema é que o prefeito Alexandre Kalil teria recebido alertas sobre a crise na rede de saúde. Para o mandatário de Minas, a situação está sendo melhor administrada em municípios que aderiram ao Minas Consciente. 


"Nós temos aqui, o nosso programa Minas Consciente, que orienta não só as prefeituras, mas os cidadãos e os empresários. Dividimos o estado em 14 regiões, onde consideramos o número de leitos e o nível de contaminação durante a pandemia. Sempre houve um diálogo franco e aberto. Alguns prefeitos, que adeririam ao programa, estão tendo um desempenho muito melhor. E aqueles que não (caso de Belo Horizonte), acabam enfrentando dificuldades", relatou.