MAIS CARO

A segunda-feira (24) é marcada pelo primeiro dia útil com a passagem de ônibus a R$ 6 em Belo Horizonte. O valor da tarifa aumentou nesse domingo (23) após um acordo entre a Prefeitura de Belo Horizonte e as empresas de transporte. Esse acordo foi mediado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e comunicado na última quarta-feira (19).

Surpresa e indignação. É o misto de sentimentos que domina o usuário do ônibus. A doméstica Vânia Batista, de 56 anos, foi pega de surpresa com o valor da passagem. Na opinião dela, o aumento é muito alto. A mulher usa como justificativa a qualidade do serviço.

"Ônibus super desconfortável, quando chove está todo molhado. Às vezes o ar condicionado nem funciona. É péssimo o serviço", critica Vânia. 

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Tarifa de R$ 6 em BH — Foto: Reprodução/TV Globo


A doméstica Daniele Aparecida, de 43 anos, também foi surpreendida com o aumento da passagem. Ela conta que ficou sabendo do novo valor quando chegou na estação nesta segunda-feira e viu outra passageira pagar o novo valor em dinheiro (para usuários que pagam a passagem no cartão BHBUS, ainda vale o valor antigo). Ela descreve o sentimento que fica.

"É muito absurdo. É desumano com a gente que trabalha todo dia pegando o transporte coletivo", desabafa Daniele, que teme que o aumento da passagem faça patrões demitirem seus empregados.

"Vai ficar muita gente desempregada. Muita gente trabalha muito longe. Pega uns quatro ou cinco ônibus. Vai ter muito desemprego", conclui.

A diarista Jucileia Nunes, de 39 anos, entende o valor como abusivo, devido à qualidade dos coletivos. Ela teme perder trabalhos por causa do novo valor. 

"No valor que eu cobro (por serviço) já está incluso o valor da passagem.  Eles (clientes) já questionam pelo fato de estar um pouco alto a diária, segundo eles. Eu já tinha conversado com eles e hoje vou reforçar, pra ver se eles aceitam", explica Jucileia, que também admite que o novo valor pode impactar no orçamento dela.

"Cafezinho, pãozinho, ração do cachorro... Vai impactar muito. Sentimento de indignação", finaliza.

Mudança na tarifa 

Como contraponto, as linhas de vilas e favelas terão tarifa zero. Além disso, o "Cartão BHBus - Benefício Inclusão" será ampliado para atender mais cidadãos, como famílias em situação de pobreza extrema, mulheres em situação de violência doméstica e familiar, jovens mapeados e acompanhados pelo Centro de Referência das Juventudes e pessoas em tratamento oncológico no SUS, conforme regulamento a ser editado.

Em nota, segundo a PBH, o aumento irá permanecer até que a Câmara Municipal aprove projeto de lei do Executivo que prevê subsídio de quase R$ 500 milhões as empresas de ônibus até o fim deste ano.

Há divergência na Casa Legislativa sobre o tema, principalmente por parte do vereador Gabriel Azevedo (sem partido), que critica o fato de o projeto enviado pela prefeitura não detalhar de quanto seria a redução da tarifa.