De acordo com o porta-voz da corporação, o policial responsável pelo bloco pode até dar voz de prisão aos organizadores em caso de incitação

Enquanto foliões acompanhavam o cortejo do bloco Tchanzinho Zona Norte na noite desta sexta-feira (1°), um dos organizadores denunciou ter recebido ameaças de um capitão da PM que deixaria a segurança do evento se os puxadores do trio continuassem a entoar gritos contrários ao presidente Jair Bolsonaro e cantos de apoio ao ex-presidente Lula.

Apesar de negar a acusação, a Polícia Militar, através do Major Flávio Santiago, porta-voz da corporação, confirmou a O TEMPO, na manhã deste sábado (2), que houve uma reunião com os blocos e que os organizadores foram instruídos a evitar manifestações político-partidárias durante os desfiles.

“Imagina se um puxador do ‘Então, Brilha!’, por exemplo, que está desfilando nesta manhã, começa a falar mal do Atlético Mineiro ou do Cruzeiro, o que vai acontecer na avenida? Um princípio de confusão”, comentou o Major. De acordo com ele, não é possível garantir que todas as pessoas que seguem um bloco possuem um mesmo pensamento partidário.

Caso algum cantor ou organizador entoe cânticos político-partidários, a PM afirmou que intervirá e os integrantes podem, inclusive, ser detidos. “Se a Polícia Militar entender que aquilo é, de alguma forma, uma incitação, ela pode intervir, recomendar que pare ou até chegar a uma proibição e, consequentemente, até uma prisão por desobediência”.

Quem decide se o teor da manifestação é passível ou não de repreensão é o militar que chefia a operação em cada bloco. “Se ele perceber que o ambiente está inflamado, ele pode intervir”, afirmou o Major.

Tempo de crítica

Ainda que os blocos tenham sido alertados sobre a possibilidade de princípios de confusão caso houvesse manifestação política partindo dos trios, o Major garantiu que a PM não é contra nenhum tipo de manifestação ou pensamento. “O Carnaval é um ambiente propício para as manifestações políticas, muitas pessoas levam cartazes, vão fantasiadas, é o momento para isso”, confirma.

No entanto, os blocos não podem ser responsabilizados por manifestações espontâneas que surgirem entre as pessoas que acompanham o cortejo.