A operação deflagrada pela Policia Civil na última quinta-feira (27/06) para investigar ações fraudulentas e enriquecimento ilícito, relacionadas ao uso indevido de propriedades da Igreja Católica em Teófilo Otoni e outros municípios do Vale do Mucuri e do Leste do Estado, teve como um dos alvos um padre, que chegou a ser detido durante a ação policial, mas foi liberado em seguida. A suspeita é que o esquema também envolveu negociações de pedras preciosas.


Na operação, denominada “Sétimo Mandamento” (“Não Roubarás”) foi desencadeada com o com o objetivo de investigar fraudes ligadas a imóveis de institutos de assistência social em Teofilo Otoni, Galileia e Pavão, no Vale do Mucuri; e ainda em Governador Valadares, no Leste do estado. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diversos locais nessas cidades.

Um dos alvos da operação em Teofilo Otoni foi um sacerdote que é ex-vigário geral da cidade. Durante as busca em uma casa de acolhimento Frei Dimas, onde ele se encontrava, no Bairro das Palmeiras, em Teofilo Otoni, os policiais encontraram duas armas de fogo (uma garrucha e uma espingarda polveira).

Por isso, o padre foi detido por porte ilegal de armas. O religioso alegou que as armas pertenciam um idoso que tinha falecido na entidade e que ficaram guardadas em um guarda-roupa. Logo em seguida, ele foi liberado, mediante pagamento de fiança.

A operação foi comandada pela Delegacia Regional de Policia Civil de Teófilo Otoni, juntamente com a Policia Militar e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPMG) em Governador Valadares. Os investigados estariam se apropriando do patrimônio das instituições e fazendo doações entre eles, por meio de “laranjas”, com a compra de imóveis e veículos. As negociações teriam alcançado a cifra de R$ 6 milhões.

Levantamentos indicam que, em muitos casos, os suspeitos acabavam também por apropriar-se de construções luxuosas.

Até o momento, já foram identificados 17 os envolvidos no esquema criminoso, mas o número pode aumentar conforme o avanço das apurações até o momento nesse esquema criminoso. Foram confiscados documentos, servidores de computador, pedras preciosas, cerca de R$ 52 mil em espécie e sete mil euros, além de armas de fogo de procedência suspeita.

PEDRAS PRECIOSAS O delegado Augusto Drumond, que comandou a ‘Operação Sétimo Mandamento”, Informou que durantes o cumprimento dos mandados, quinta-feira, além de documentos, diversos equipamentos de informática, aparelhos celulares, e outros objetos, houve a apreensão de veículos e de pedras preciosas.

Além disso, foram apreendidos cerca de R$ 52 mil em espécie e sete mil euros. O delegado não detalhou o valor das pedras preciosas apreendidas e com quem as joias se encontravam. Teófilo Otoni é considerada a “Capital Mundial das Pedras Preciosas”, com grande negociação das gemas, inclusive, para o exterior.

O delegado Augusto Drumond destacou que o cumprimento das medidas judiciais e apreensão dos documentos e materiais na operação vai permitir o aprofundamento das investigações. “Os materiais apreendidos serão analisados pela equipe de policiais civis da Delegacia Regional (de Teofilo Otoni) para concluir as investigações e apurar o envolvimento das pessoas que já estão sendo investigadas e também se há outras pessoas (envolvidas) que ainda não foram identificadas”, afirmou Drumond.

DIOCESE SE MANIFESTA  - Por meio de nota, a Diocese de Teofilo Otoni alegou que, suas dependências “foram surpreendidas” com a “Operação Sétimo Mandamento” e que, atualmente, não tem nenhum instituto de assistência social sob sua gestão “como no passado”.

A entidade católica afirma que acolhe as investigações “com serenidade e espirito de colaboração com a justiça, na expectativa de que se possam esclarecer dúvidas e fatos que, eventualmente, tragam sofrimento e angustia para seus fiéis”.

Na nota, a Diocese faz menções ao direito canônico e uma citação bíblica – “quem caminha no escuro não sabe para onde vai”.

Confira a nota da Diocese de Teofilo Otoni, na íntegra: 

As dependências da Cúria Diocesana de Teófilo Otoni foram surpreendidas, no início desta manhã, pela visita da “Operação 7º Mandamento” deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais, a partir de investigações realizadas pela 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Teófilo Otoni, com apoio do GAECO, Polícia Civil e Polícia Militar de Governador Valadares, para cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão em vários endereços localizados em Teófilo Otoni e outras cidades da região, com o intuito de apurar supostos fatos ilícitos relacionados à disposição fraudulenta de imóveis de Institutos de Assistência Social que, de alguma maneira, estariam ligados à Igreja Católica.

A Diocese de Teófilo Otoni esclarece que não tem, no momento, nenhum instituto de assistência social ligado diretamente a sua gestão como fora no passado, e acolhe as investigações com serenidade e espírito de colaboração com a justiça, na expectativa de que se possam esclarecer dúvidas e fatos que, eventualmente, tragam sofrimento e angustia para seus fiéis. Enquanto promotora da caridade cristã, a Diocese de Teófilo Otoni tem ciência de que “não se pode fazer validamente composição ou compromisso a respeito das coisas referentes ao bem público, e a respeito de outras, das quais as partes não podem dispor livremente. Tratando-se de bens eclesiásticos temporais, sempre que a matéria exigir, observem-se as formalidades determinadas por direito para a alienação de coisas eclesiásticas (Can.1715 do Código de Direito Canônico).

Embora o momento seja emocionalmente desgastante para todos os nossos diocesanos, rezemos juntos para que a luz libertadora do Espírito de Deus – que faz novas todas as coisas – nos ajude a “caminhar na luz para que a escuridão não nos alcance, pois quem caminha no escuro não sabe para onde vai” (cf. Jo 12,35). Vivamos, pois, com segurança de fé, mais este desafio da nossa caminhada na direção da luz!”. (com informações de Ivan Drummmond)