MACCHIATO E SILÍCIO

O prédio do banco BMG no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, está entre os endereços buscados pela Polícia Federal (PF) e pela Receita Federal na manhã desta quinta-feira (29) como parte de operações que combatem esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação.


Vinte e nove mandados de busca e apreensão são cumpridos em residências e escritórios ligados a suspeitos que, de acordo com a Receita, são investigados por práticas de crimes como sonegação, corrupção, gestão fraudulenta, evasão de divisas e associação criminosa, além de lavagem de dinheiro. Em Minas Gerais, ações acontecem também nos municípios de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e em Machado, no Sul do estado. A reportagem de O TEMPO aguarda posicionamento do banco BMG.

Buscas feitas na manhã de quinta-feira acontecem também nos municípios de São Paulo, Santana de Paranaíba, Vargem Grande Paulista e Jaguariúna, em São Paulo, na cidade do Rio de Janeiro e em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A movimentação integra as operações “Macchiato” e “Silício”, cujo objetivo é o recolhimento de documentos referentes às transações ilegais feitas pelos grupos empresariais em questão. Em paralelo às buscas e apreensões, a Justiça Federal decidiu pelo sequestro de R$ 100 milhões em contas bancárias relacionadas à atuação ilegal, e também determinou o afastamento de diretores da instituição financeira.

As ações em questão nascem como desdobramento da operação “Destarte”, realizada há mais de dois anos, em março de 2018, e que identificou que a organização criminosa investigada à época era especialista em arquitetar elaborados esquemas para sonegação tributária e lavagem de dinheiro. O grupo haveria atuado também na geração de recursos em espécie para um conglomerado financeiro e para uma empresa de fabricação de semicondutores – são estes os alvos das operações desta quinta.


“Macchiato”

Coordenada por auditores-fiscais da Receita Federal, a operação mira uma companhia do grupo financeiro que teria contratado a organização criminosa para lhe fornecer equipamentos eletrônicos sucateados com valor de mercado irrisório, e que serviam apenas para aparentar legalidade à transação. Após receber parte do pagamento acertado, a quadrilha retirava sua comissão e devolvia o restante em espécie aos diretores do grupo. Investiga-se um empresário de São Paulo, proprietário de um negócio que revendia componentes eletrônicos. Auditores identificaram mais tarde que empresas do conglomerado realizaram pagamentos milionários por serviços nunca prestados – uma delas sacou cerca de R$ 38 milhões em espécie.

“Silício”

Apura-se à operação “Silício” vendas supostamente superfaturadas feitas pelo mesmo proprietário do setor de componentes eletrônicos a um grupo estatal. Ele teria relacionado empresas fantasmas controladas pela organização criminosa – esta já investigada desde a “Destarte”. Fiscais da Receita Federal detectaram cerca de R$ 8,2 milhões em notas fiscais fraudulentas. A quantia teria sido entregue ao escritório de lavagem de dinheiro.