Iniciadas logo após a consulta pública feita em julho e que serviu de base para o detalhamento do projeto, as obras de qualificação da ciclovia de 7,1 quilômetros de extensão entre a Rua Garoupas e o Clube Belo Horizonte, na orla da Lagoa da Pampulha, são vistas como chave para elevar a segurança e até mesmo para aumentar o prazer de quem gosta de pedalar na região e, de quebra, beneficiar também os pedestres.

Com investimentos de pouco mais de R$ 5 milhões e previsão de conclusão em sete meses – a depender das condições climáticas – o projeto prevê a elevação da ciclovia, hoje instalada no mesmo patamar da pista de rolamento dos veículos automotores para o nível da calçada. A pista será alargada em 2,5 metros, o que a tornará compatível com o grande fluxo de ciclistas bidirecionalmente, comum na orla da Pampulha, principalmente aos finais de semana. Além disso, está prevista a instalação de separação física da pista de caminhada por jardins, e também adequações geométricas.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o projeto inclui a execução de travessias elevadas em todas as interseções e locais de atratividade do trecho. O objetivo das obras é promover o conforto e a segurança dos pedestres, em especial, aqueles com mobilidade reduzida. Também está prevista a readequação de toda a microdrenagem, isto é, melhorias do escoamento das águas pluviais, novas sinalizações verticais (placas) e horizontais (pinturas no solo).

Cláudio Cheib, servidor público de 54 anos, morador do Bairro Braúnas, é praticante do ciclismo há mais de 20 anos por lazer, e diariamente utiliza a orla da lagoa para pedalar e aposta nas faixas para aumentar a segurança de quem está nas bikes e dos pedestres no local, lembrando que o fluxo é intenso, principalmente nos fins de semana. Para ele, a requalificação da ciclovias é mais um ponto na segurança geral na Pampulha, que considera decorrente da mobilização da população. “Iluminaram a orla toda. Hoje a segurança, com presença não só da Guarda Civil, como da polícia, é enorme na Orla da Lagoa. Você sempre se depara com pessoas fazendo atividade física”, observa.

A ciclista Fernanda, espera um dia poder pedalar de Santa Luzia até a Pampulha(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Já o engenheiro Michel Cardoso, de 39, morador do Bairro Santa Amélia, aderiu ao ciclismo há alguns meses e acredita que as obras vão melhorar bastante a mobilidade para quem pedala, embora possam causar transtornos momentâneos para o fluxo de carros em alguns horários.“O ponto que eu uso é mais próximo a Avenida Portugal, e o trânsito ficou em uma via só. Para quem tem que passar ali de carro está atrapalhando a passagem. Mas para ciclista e pedestre não atrapalha não, diz.

No momento, os serviços estão sendo executados em três trechos da Avenida Otacílio Negrão de Lima, com monitoramento e sinalização para motoristas e pedestres. São eles: entre a Rua das Garoupas e a Avenida Dom Pedro I; entre a Av. Dom Pedro I e a Alameda dos Flamboyants; e entre a Alameda dos Flamboyants e o Clube Belo Horizonte.

Fernanda Santos Reis da Cruz, produtora de vídeos, de 29, moradora de Santa Luzia e que se locomove até a orla da lagoa para a prática do esporte, diz que costumava pedalar apenas nos fins de semana, mas que agora pretende usar a bike diariamente. Ela diz que encontrou no ciclismo uma forma de associar o lazer à atividade física. Para Fernanda, as obras vão acabar com a disputa entre bicicletas e carros na região, reduzir os riscos e aumentar o prazer na prática do esporte. “Não sei se as obras vão atrair mais ciclistas. Mas acredito que as pessoas estão mais em casa e olham a bicicleta como uma alternativa mais prazerosa de exercício físico ao ar livre”. A ciclista defende a ampliação da iniciativa e sonha com a possibilidade de pedalar em segurança de sua casa, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte até a orla.

Apesar de não haver um levantamento para o número de ciclistas que utilizam a Orla da Pampulha, a PBH informa que o local é fundamental para os ciclistas da capital, seja para o uso do lazer aos finais de semana ou mesmo como transporte, pois se conecta a diversos bairros na região.  

*Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho